Derlei fez assim o segundo golo do FC Porto |
A minha primeira memória de um
jogo entre FC
Porto e Atlético
Madrid é relativa a um encontro de caráter particular disputado a 2 de
agosto de 2002, numa altura em que as duas equipas atravessavam um momento de
viragem.
Os dragões,
que não venciam o campeonato há três anos, estavam a preparar-se para pela
primeira vez iniciar a época sob o comando técnico de José
Mourinho, tendo-se reforçado com algumas das principais figuras de clubes médios
da época anterior, como Paulo Ferreira (Vitória
de Setúbal) e Nuno Valente e Derlei (ambos da União
de Leiria) e de um jogador que era do Benfica,
mas que tinha apenas disputado um jogo (e na II Divisão B) ao longo do ano anterior:
Maniche.
Já o Atlético
Madrid tinha acabado de… subir à I
Liga Espanhola. É verdade. Com o histórico Luís Aragonés no comando
técnico, os colchoneros
tinham na equipa jogadores internacionais como o guarda-redes argentino Germán
Burgos, o central espanhol García Calvo, o defesa argentino Fabricio Coloccini,
o defesa bósnio Mirsad Hibić, o lateral/médio direito espanhol Aguilera, o
médio espanhol Jorge Otero, o médio ofensivo português Dani, o avançado
uruguaio Fernando Correa e o avançado espanhol Javi Moreno. O jovem avançado Fernando
Torres, que tinha acabado de guiar Espanha ao título europeu de sub-19, não jogou
nas Antas.
Embora o adversário não fosse
propriamente acessível, o FC
Porto deslumbrou e venceu por 3-0, tendo sido amplamente elogiado o emparelhamento
entre Derlei e Hélder Postiga. O jovem avançado português, que nesse dia
festejava o 20.º aniversário, inaugurou o marcador ao fazer a bola passar por
entre as pernas de Burgos. Aos 19’, Derlei só teve de encostar, de cabeça, após
um grande trabalho de Postiga. E no início do segundo tempo, Deco combinou bem
com Capucho antes de empurrar a bola para a baliza deserta (53’).
“O melhor é começar por dizer que
o Atlético
Madrid tem menos tempo de preparação do que o FC
Porto. Que, apesar de tudo, é uma equipa que acabou de cumprir uma
via-sacra de duas épocas pela II Divisão espanhola e que, já agora, deixou em
casa uma mão-cheia de jogadores, todos terrivelmente importantes e todos
titulares indiscutíveis. É melhor começar por aqui e considerar que o jogo de
ontem foi um acidente sem grande importância, um caso de ilusão de ótica ou de
alucinação coletiva. Caso contrário, caso o FC
Porto tenha defrontado um histórico
do futebol espanhol que se reforçou até ao pescoço para atacar os lugares
da Liga
dos Campeões no campeonato aqui do lado, se o Atlético
não tem desculpas e se o futebol que se viu ontem no relvado das Antas foi
apenas uma amostra daquilo que se pode esperar durante a época, então este FC
Porto é um caso muito sério. Porquê? Porque marcou três grandes golos e
porque podia ter marcado pelo menos outros tantos, porque houve remates parados
na barra e outros desviados por Burgos, porque a defesa nunca abanou, porque o
meio-campo funcionou como um relógio e porque o ataque… o ataque foi
simplesmente demolidor. E a cereja no bolo foi a forma como a equipa
portista fez tudo isso, do primeiro ao último minuto, apesar de José
Mourinho ter utilizado dois onzes diferentes, com uma pequena exceção.
Hélder Postiga jogou os 90 minutos. Jankauskas está lesionado, mas a verdade é
que o lituano não fez falta. Postiga, que foi o homem mais avançado da equipa,
marcou um golo, ofereceu outro a Derlei e foi uma peça fundamental no carrossel
em que se transformou o ataque portista. Nada mau para um miúdo que ontem fez
20 anos”, escreveu o jornal O Jogo no
dia seguinte.
As duas equipas voltaram a
defrontar-se seis anos e meio depois, num contexto bem diferente, os oitavos de
final da Liga
dos Campeões. Nessa ocasião, o FC
Porto passou à ronda seguinte após empatar a dois golos no Vicente Calderón
e a zero no Estádio
do Dragão.
E na temporada seguinte, na fase
de grupos da Champions,
a supremacia azul
e branca foi ainda mais expressiva: 2-0 na Invicta e 3-0 na capital
espanhola.
Sem comentários:
Enviar um comentário