segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

A minha primeira memória de… um jogo entre FC Porto e Atlético Madrid

Derlei fez assim o segundo golo do FC Porto
A minha primeira memória de um jogo entre FC Porto e Atlético Madrid é relativa a um encontro de caráter particular disputado a 2 de agosto de 2002, numa altura em que as duas equipas atravessavam um momento de viragem.
 
Os dragões, que não venciam o campeonato há três anos, estavam a preparar-se para pela primeira vez iniciar a época sob o comando técnico de José Mourinho, tendo-se reforçado com algumas das principais figuras de clubes médios da época anterior, como Paulo Ferreira (Vitória de Setúbal) e Nuno Valente e Derlei (ambos da União de Leiria) e de um jogador que era do Benfica, mas que tinha apenas disputado um jogo (e na II Divisão B) ao longo do ano anterior: Maniche.  
 
Já o Atlético Madrid tinha acabado de… subir à I Liga Espanhola. É verdade. Com o histórico Luís Aragonés no comando técnico, os colchoneros tinham na equipa jogadores internacionais como o guarda-redes argentino Germán Burgos, o central espanhol García Calvo, o defesa argentino Fabricio Coloccini, o defesa bósnio Mirsad Hibić, o lateral/médio direito espanhol Aguilera, o médio espanhol Jorge Otero, o médio ofensivo português Dani, o avançado uruguaio Fernando Correa e o avançado espanhol Javi Moreno. O jovem avançado Fernando Torres, que tinha acabado de guiar Espanha ao título europeu de sub-19, não jogou nas Antas.
 
Embora o adversário não fosse propriamente acessível, o FC Porto deslumbrou e venceu por 3-0, tendo sido amplamente elogiado o emparelhamento entre Derlei e Hélder Postiga. O jovem avançado português, que nesse dia festejava o 20.º aniversário, inaugurou o marcador ao fazer a bola passar por entre as pernas de Burgos. Aos 19’, Derlei só teve de encostar, de cabeça, após um grande trabalho de Postiga. E no início do segundo tempo, Deco combinou bem com Capucho antes de empurrar a bola para a baliza deserta (53’).
 
“O melhor é começar por dizer que o Atlético Madrid tem menos tempo de preparação do que o FC Porto. Que, apesar de tudo, é uma equipa que acabou de cumprir uma via-sacra de duas épocas pela II Divisão espanhola e que, já agora, deixou em casa uma mão-cheia de jogadores, todos terrivelmente importantes e todos titulares indiscutíveis. É melhor começar por aqui e considerar que o jogo de ontem foi um acidente sem grande importância, um caso de ilusão de ótica ou de alucinação coletiva. Caso contrário, caso o FC Porto tenha defrontado um histórico do futebol espanhol que se reforçou até ao pescoço para atacar os lugares da Liga dos Campeões no campeonato aqui do lado, se o Atlético não tem desculpas e se o futebol que se viu ontem no relvado das Antas foi apenas uma amostra daquilo que se pode esperar durante a época, então este FC Porto é um caso muito sério. Porquê? Porque marcou três grandes golos e porque podia ter marcado pelo menos outros tantos, porque houve remates parados na barra e outros desviados por Burgos, porque a defesa nunca abanou, porque o meio-campo funcionou como um relógio e porque o ataque… o ataque foi simplesmente demolidor. E a cereja no bolo foi a forma como a equipa portista fez tudo isso, do primeiro ao último minuto, apesar de José Mourinho ter utilizado dois onzes diferentes, com uma pequena exceção. Hélder Postiga jogou os 90 minutos. Jankauskas está lesionado, mas a verdade é que o lituano não fez falta. Postiga, que foi o homem mais avançado da equipa, marcou um golo, ofereceu outro a Derlei e foi uma peça fundamental no carrossel em que se transformou o ataque portista. Nada mau para um miúdo que ontem fez 20 anos”, escreveu o jornal O Jogo no dia seguinte.
 

 
As duas equipas voltaram a defrontar-se seis anos e meio depois, num contexto bem diferente, os oitavos de final da Liga dos Campeões. Nessa ocasião, o FC Porto passou à ronda seguinte após empatar a dois golos no Vicente Calderón e a zero no Estádio do Dragão.
 
 
 

E na temporada seguinte, na fase de grupos da Champions, a supremacia azul e branca foi ainda mais expressiva: 2-0 na Invicta e 3-0 na capital espanhola.
 
 












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