Em entrevista, João Fidalgo aborda
o o tardio interesse da seleção
angolana nos seus serviços, explica o que levou os nacionalistas
a cresceram tanto na primeira década do século XXI e a perderem protagonismo nos
últimos anos e fala sobre a crise do Marítimo e os antigos companheiros de
equipa Costinha, Rúben
Micael e o irmão mais novo Miguel Fidalgo.
ROMILSON TEIXEIRA - Quando falamos em João Fidalgo, a principal memória
das pessoas será do central que jogava na I
Liga com a camisola do Nacional.
Quais são as principais recordações que tem desses tempos?
JOÃO FIDALGO - Boas recordações,
a nível futebolístico e pessoal. Era um central com um perfil diferente de
muitos outros, muito rápido e tinha uma raça dentro de campo que muitas vezes até
exagerava. Lembro-me de até nos treinos ter alguns problemas com os meus
colegas. Levava o futebol muito a sério, mas sempre sem maldade.
No Nacional
saiu da II Divisão B em 2000 e entrou na I
Liga dois anos depois, tendo feito parte dessa ascensão meteórica. Foram os
melhores anos da sua carreira?
Quando falamos em melhores
momentos, são aqueles em que nos sentimos realizados quando atingimos os nossos
objetivos. Subir de divisão por quatro vezes foi surreal.
O João Fidalgo contribuiu para o primeiro apuramento do Nacional
para as competições europeias e chegou inclusivamente a ser convocado para
jogos da Taça
UEFA. O que sentiu ao ajudar a colocar na Europa um clube que anos antes
estava a representar na II Divisão B?
Senti um grande e enorme prazer
em colocar o Nacional
nos lugares europeus, tendo sido titular em quase todos os jogos da I
Liga.
O Nacional
tornou-se numa das principais equipas portuguesas no século XXI, carimbando
vários apuramentos para as competições europeias. O que proporcionou essa
ascensão do clube?
Um clube, independentemente de qual
seja, tem que ter um presidente e seus colaboradores organizados e
profissionais. A partir daí conseguimos fazer grandes plantéis, foi o que
aconteceu no Nacional.
“Crise do Nacional? Mudança constante de treinadores e jogadores nunca é boa”
João Fidalgo com a camisola do Nacional em 2002-03 |
Na Choupana, o Nacional
era uma equipa bastante difícil de bater. Mesmo os três grandes perdiam muitos
pontos no terreno dos madeirenses. O que fazia dos nacionalistas
uma equipa tão difícil de bater em casa?
As equipas sentiam muita
dificuldade pela altitude em que o nosso estádio se encontrava e pelos adeptos
quase em cima das quatro linhas. Era impressionante, sentiam dificuldades em
respirar, e nós, com as grandes equipas que tínhamos, com bom futebol e sempre
com o objetivo de fazer golo, rapidamente conseguíamos concretizar.
Por outro lado, o Nacional
tem vindo a perder algum gás nos últimos anos, estrando presentemente a militar na II
Liga. O que, no seu entender, contribuiu para esta perda de
protagonismo?
A mudança constante de
treinadores e de jogadores nunca é boa para um clube, tens que começar tudo de
novo, mas sabe como é, quando não aparecem resultados há que fazer alguma
coisa, e nos últimos anos o Nacional
esteve à procura de estabilidade.
“É triste ver o Marítimo a lutar pela permanência”
Também a outra equipa madeirense habituada à I
Liga, o Marítimo, tem vindo a passar por mais dificuldades, quando nas
décadas anteriores era um crónico candidato às competições europeias. Sente que
o que afeta Nacional
e Marítimo é transversal ou são realidades distintas?
Sim, as realidades dos dois
clubes são diferentes. o Marítimo sempre foi um clube candidato as competições
europeias, já está na I
Liga há muitos anos e está a passar um momento menos bom nestas últimas épocas.
É triste vê-los a lutar neste momento para se aguentarem na I
Liga, mas acho que vão ultrapassar esta fase.
João Fidalgo com Costinha e Bruno no Machico |
No Nacional
e também no Machico foi companheiro de equipa de Costinha, na altura na II
Divisão B. Naquela altura, já via potencial nele para atingir o nível que veio
a atingir como jogador?
O Prof. José Moniz é que o levou
para a Madeira. Era um jogador muito duro, ocupava bem os espaços dentro de
campo e tinha uma visão de jogo fora do normal. Sabíamos que seria só́ essa época
em que ele ia ficar. Foi para o Nacional
na época seguinte e depois seguiu para grandes clubes.
No clube da Choupana foi orientado por José
Peseiro, o treinador que levou o Nacional
da II Divisão B para a I
Liga. Foi o grande obreiro dessa ascensão meteórica? Como era ele na
altura?
O José
Peseiro foi realmente importante e decisivo para o sucesso do Nacional
na altura. É um treinador formado em educação física, com uma capacidade de comunicação
muito boa, muito inteligente e conseguia pôr as equipas por onde passava a
jogar um futebol rápido e interessante.
Em 2005-06 jogou ao serviço do Moreirense
na II
Liga. Como correu a época e o que achou do clube?
No Moreirense
a época não correu nada bem. Tínhamos um plantel recheado de grandes jogadores,
mas descemos de divisão. Tivemos três treinadores durante a época.
“Seleção angolana? Fiquei a pensar no porquê de não me convidarem mais cedo”
Tendo em conta que jogou vários anos nas ligas profissionais
portuguesas, o que faltou para se ter tornado internacional
angolano? Alguma vez houve essa possibilidade?
Na época em que estava no Moreirense
tive a presença de um senhor que trabalhava na Federação
Angolana, que foi lá falar comigo para ver se eu estava interessado em
representar o meu país. Achei que na altura não reunia as melhores condições físicas
e pessoais para estar no seio da seleção, mas fiquei alguns anos a pensar no
porquê de não me convidarem mais cedo, quando eu estava em melhor condição,
nos anos em que andei na I
Liga. Até fiquei surpreendido, mas a vida é assim, não fico aborrecido com ninguém,
mas acho que não fizeram o trabalho de casa.
Voltemos atrás no tempo, o João Fidalgo nasceu em Angola.
Como foi a sua infância e como é que a bola entrou para a sua vida?
Cheguei a Portugal uns anos depois
e só comecei a jogar federado aos 10 anos. Na escola jogávamos nos intervalos,
depois fazíamos jogos entre amigos até chegar aos infantis do Caniçal.
Começou a jogar futebol nas camadas jovens do Caniçal, tendo depois
também passado pelo Machico. Que recordações tem desse início de trajeto
futebolístico?
Foi bom, nas camadas jovens
levamos o futebol como a escola, a divertirmo-nos e a fazer o que mais
gostamos.
Mais tarde, já numa fase adianta da sua carreira, vestiu a camisola da
União da Madeira. Como correram as duas épocas que passou na União?
Na primeira época em que joguei
no União quase subimos de divisão. No final do campeonato fomos a uma fase
final de dois jogos, um em casa e outro fora com o Freamunde, mas não
conseguimos. Já a segunda época não correu muito bem, ficámos em 3.º lugar.
João Fidalgo com Rúben Micael no União da Madeira |
No União da Madeira foi companheiro de equipa de Rúben
Micael na II Divisão B. Naquela altura acreditava que ele viria a atingir o
nível que veio a atingir?
O Rúben
Micael é um jogador muito tecnicista. Já notávamos pela sua postura em
campo, que tinha uma capacidade de passe curto e longo muito a cima da média
para a sua idade. Mais cedo ou mais tarde sairia dali para um grande clube.
No União também teve como companheiro de equipa Edgar Costa, atual
capitão do Marítimo. Como tem visto a carreira dele?
O Edgar é um de muitos prodígios
que a Madeira forneceu ao futebol português, às vezes é preciso também fazer as
melhores escolhas e ter um pouco de sorte no futebol.
Jogou com o seu irmão mais novo, Miguel Fidalgo, no Nacional
e no União da Madeira. Qual foi o sentimento?
Ter o meu irmão na mesma equipa é
um privilégio. Além de ser meu irmão, companheiro dentro e fora de campo, tinha
uma qualidade futebolística superior, com muita classe em fazer golos que nos
ajudavam muito.
Propomos-lhe um desafio. Elabore um onze ideal de jogadores com os
quais jogou.
O onze ideal não é fácil de fazer,
porque joguei com muitos jogadores de classe. Mas posso dar o nome de alguns: Nuno
Carrapato, Patacas, Ávalos, Rossato, Paulo Assunção, Alexandre Goulart, Carlos Álvarez,
Adriano, Miguel Fidalgo e Bruno, entre outros.
E que treinadores mais o marcaram e porquê?
Alguns treinadores marcam sempre
o teu percurso, tanto nas camadas jovens como em seniores. José
Peseiro claro que foi um treinador com o qual eu estava sempre nos seus
eleitos para ajudar a equipa e Casemiro Mior foi o treinador que nos levou à Europa
e ao quarto lugar da I
Liga.
O que tem feito desde que deixou de estar ligado ao futebol?
Antes de ser profissional de
futebol trabalhava na construção, ramo que deixei para seguir a minha carreira
de futebolista. Quando terminei, aos 37 anos, voltei a trabalhar. Neste momento
estou a exercer aqui no Canadá.
Costuma acompanhar o futebol
angolano? Como analisa o nível e qualidade do Girabola
e da seleção
angolana?
O Girabola
acompanhava pouco. A seleção
sim, acompanhei durante os picos mais altos da sua história. Tínhamos
qualidade, mas desde que vim para o Canadá fiquei um pouco afastado do futebol.
Entrevista realizada por Romilson Teixeira
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