Dez futebolistas que fizeram história com a camisola do Vitória |
O nome Vitória teve origem numa frase proferida por Joaquim Venâncio, um dos dissidentes do Bonfim Futebol Clube, que no momento em que decidiu abandonar o clube e fundar uma nova agremiação proferiu a frase “A vitória será nossa!” para incentivar os companheiros que o seguiam na decisão.
Em 1912 o equipamento branco com
gola e algibeira encarnada deu lugar às camisolas verde e brancas, herdadas do
Setubalense Sporting Clube, e no ano que se seguiu teve seu primeiro
recinto desportivo, o Campo dos Arcos, doado por Mariano Coelho, que mais tarde viria a ser presidente do clube.
Na década de 1920 os vitorianos
conquistaram por duas vezes o Campeonato de Lisboa
(1923-24 e 1926-27) e mais tarde foi hegemónico no entretanto criado Campeonato
de Setúbal.
Posteriormente, com a introdução
do campeonato
da I
Divisão na década de 1930, tornou-se presença assídua no primeiro
escalão. Em 72 presenças, o melhor que os sadinos
conseguiram foi o segundo lugar em 1971-72. Porém, em 2020 sofreu um duro revés
ao ser despromovido na secretaria ao Campeonato
de Portugal devido a dívidas.
Paralelamente, o emblema
setubalense também tem feito história nas taças, tendo conquistado a Taça
de Portugal em três ocasiões (1964-65, 1966-67 e 204-05) e a edição inaugural
da Taça
da Liga (2007-08).
Em 72 presenças na I
Divisão, 801 futebolistas jogaram pelo Vitória.
Vale por isso a pena recordar os dez que o fizeram por mais vezes.
10. Sandro (195 jogos)
Sandro Mendes |
Na equipa principal dos sadinos
somou 195 encontros (176 a titular) e seis golos na I
Divisão, o primeiro em agosto de 1995 e o último em maio de 2010. Porém,
nessa década e meia esteve mais de três anos no futebol espanhol, tendo
representado Hércules, Villarreal e Salamanca, e ainda esteve alguns meses
cedido aos turcos do Manisaspor pelo FC
Porto, que o chegou a contratar em 2005.
Ao serviço dos setubalenses
conquistou uma Taça
de Portugal em 2004-05, foi finalista vencido na época seguinte e tornou-se
o primeiro capitão de equipa a erguer a Taça
da Liga, em 2007-08. Pelo meio tornou-se internacional por Cabo
Verde.
“Tive muitos treinadores que me
marcaram. Jorge
Jesus, Daúto Faquirá, Rui Águas, Diamantino, enfim... Mas há que foi
especial porque apostou em mim e me lançou, que foi o Quinito", confessou
ao Record em outubro de 2017.
Depois de pendurar as botas continuou ligado ao clube: começou por ser treinador na formação, foi team manager da equipa principal e chegou a técnico principal.
9. José Mendes (205 jogos)
José Mendes |
Ainda assim, este antigo defesa
central foi a tempo de integrar a história equipa que alcançou o 2.º lugar em
1971-72, de jogar a final da Taça
de Portugal em 1973, perdida ante o Sporting
em Alvalade,
e de participar em jogos históricos nas competições europeias frente a Spartak
Moscovo e Leeds, entre outros. Em termos de I
Divisão disputou 205 jogos (204 a titular), não tendo apontado qualquer
golo.
Os bons desempenhos pelo Vitória levaram-no
à seleção nacional, que representou por oito vezes.
Viria a encerrar a carreira
noutro clube da cidade, o Comércio
e Indústria. Paralelamente, iniciou o seu trajeto como treinador, tendo
sido jogador-treinador dos sadinos
em 1978-79 e adjunto durante a década de 1980.
8. Octávio (223 jogos)
Octávio Machado |
“Jogava no Palmelense,
estava bem. E fomos diretos para o restaurante Reno, na Praça do Cais, onde se
reuniam muitos ilustres do Vitória,
como Sequeira Jorge e Francisco Nascimento. O Vitória
esteve ali a discutir com o Palmelense.
Às tantas, já farto das negociações, subi as escadas e disse de minha justiça:
‘acabem lá com esse jogo do estica, deixem-me sair para o Vitória’.
O Palmelense
recebeu 27 contos”, recordou ao Maisfutebol.
Em Setúbal
apanhou Fernando Vaz como treinador. “Queria que eu crescesse mais uns
centímetros e ganhasse mais uns quilos. Vai daí, pôs-me a saltar a corda em
bicos de pés”, revelou Octávio, que acabou por subir à equipa principal pela
mão de Pedroto.
Paulatinamente foi ganhando o seu
espaço na equipa principal, fazendo parte de alguns dos maiores feitos da
história do clube, como a obtenção do segundo lugar no campeonato
em 1971-72 e as caminhadas até aos quartos de final da Taça
UEFA nas duas épocas que se seguiram. Nesta fase também alcançou as
primeiras nove de 19 internacionalizações que somou pela seleção nacional.
“Nós éramos uma equipa diferente,
Rui. Era só nomes de seleção: Duda, Arcanjo, Jacinto João, Guerreiro, Arcanjo,
Torres, José Maria, Vagner, Matine. Era um passeio, às vezes. Até na Europa.
Chegámos duas vezes aos quartos-de-final final da Taça
UEFA. Um dia, eliminámos o Inter de Facchetti e Mazzola”, lembrou.
Entre 1970 e 1975 amealhou 146
jogos (140 a titular) e 16 golos na I
Divisão. Depois chegou a assinar um pré-contrato com o Atlético Madrid que
renderia 12 milhões de pesetas aos sadinos,
mas acabou por se transferir para o FC
Porto, tendo ajudado os dragões a colocarem um ponto final a um jejum de 19
anos sem conquistar o título nacional.
Em 1980, já com 31 anos, voltou
ao Bonfim
para os três derradeiros anos da carreira, numa fase em que o Vitória
já tinha perdido algum fulgor. Neste período disputou mais 77 encontros (73 a
titular) e marcou um golo no primeiro
escalão ao serviço dos setubalenses.
7. Rebelo (233 jogos)
Rebelo |
Também esteve na histórica época
do 2.º lugar, na final da Taça
de Portugal de 1972-73 e somou mais de 30 encontros pelos sadinos
nas competições europeias. Entre 1967 e 1980 disputou 233 jogos e apontou três
golos pela formação de Setúbal
na I
Divisão.
Lateral direito que chegou a
internacional português (também por oito vezes), só conheceu outro clube na
reta final da carreira, quando representou Amora e Comércio
e Indústria.
6. Carlos Cardoso (267 jogos)
Carlos Cardoso |
Central de categoria e filho de
operários na indústria das conservas na cidade, chegou a internacional
português, embora só tivesse participado num jogo internacional. Pelo Vitória disputou
46 jogos europeus, venceu uma Taça
de Portugal logo no ano de estreia, esteve na final perdida ante o FC
Porto em 1967-68 e foi vice-campeão nacional em 1971-72. Não conheceu outro
clube na carreira.
Como treinador ficou conhecido
por “bombeiro”, por assumir a equipa na fase final da época, quando os sadinos
estavam em apuros na tabela classificativa. Salvou o Vitória da
despromoção por três vezes, em 1997-98, 2006-07 e 2008-09, tendo descido apenas
em 2002-03. Na única época completa à frente da equipa, em 1998-99, colocou os vitorianos
em 5.º lugar e devolveu a Europa a Setúbal
25 anos depois. “Como treinador estive 15 anos. Por inteiro, residente, como
adjunto, fiz esses papéis todos”, resumiu numa entrevista ao jornal O
Jogo.
5. Carriço (269 jogos)
Carriço |
Foi dele o golo inaugural na
histórica goleada por 5-0 ao Lyon em 1968-69, num dos quase 50 encontros que
disputou nas competições europeias. Lateral esquerdo de posição, fez parte das
equipas que venceram a Taça
de Portugal em 1964-65 e 1966-67, embora só tivesse sido utilizado a final
da segunda, e esteve em três finais perdidas.
Foi também um dos esteios do segundo lugar alcançado em 1971-72 e, numa carreira passada integralmente no Vitória, apenas vestiu outra camisola: a da seleção nacional, por três ocasiões.
4. Jacinto
João (270 jogos)
Jacinto João |
3. Hélio (290
jogos)
Hélio Sousa |
2. Quim (300 jogos)
Quim |
Em década e meia no Bonfim
viveu quatro promoções e outras tantas descidas de divisão, assim como o quinto
lugar e consequente apuramento para a Taça
UEFA em 1999. E nos primeiros anos nos vitorianos
chegou a jogar pela seleção nacional sub-21.
Após pendurar as botas voltou ao
clube noutras funções, tendo orientado os infantis e os juniores e chegando a
comandar interinamente a equipa principal em 2009-10.
“Tenho já mais anos de Setúbal
do que de Beja, de onde sai com 18 anos. Até agora tenho vivido sempre em Setúbal
e estado ligado ao Vitória,
um clube centenário onde eu já vivi cerca de um quarto de século. É com
bastante orgulho que o refiro, são factos que não se podem apagar”, afirmou ao
blogue Desporto no Alentejo.
1. José Maria (317 jogos)
José Maria |
Natural de Luanda, chegou a Setúbal proveniente do Petro em janeiro de 1963, iniciando aí 13 anos consecutivos no clube sadino. Um dos expoentes máximos dos anos áureos do clube, esteve nas dez campanhas europeias consecutivas entre 1965-66 e 1974-75 e marcou nas finais da Taça de Portugal ganhas pelos setubalenses em 1964-65 e 1966-67. “Os anos passam, mas serei sempre do Vitória. Mesmo à distância, acompanho. Oxalá tenha êxito”, afirmou o antigo internacional português (por quatro vezes), radicado em Nova Jérsia, nos Estados Unidos.
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