Causou estupefação aos adeptos do
Vitória
de Setúbal – se é que algo ainda os surpreende… – o anúncio de que Leo
Chão, craque dos sub-23 sadinos
na Liga Revelação e cujo futebol vinha a reclamar mais oportunidades na equipa
principal ainda em contexto de I
Liga, tinha assinado pelo Louletano,
precisamente um concorrente direto dos setubalenses
na luta pelo primeiro lugar da Série H do Campeonato de Portugal.
Como é possível que um jogador
formado no clube, natural de Setúbal
e que tinha tudo para ter protagonismo neste novo Vitória
tivesse saído para um clube não só da mesma divisão, mas da mesma série?
É futebol. E no futebol, os nomes
(dos clubes, mas também dos jogadores) contam muito pouco. O que conta é o que
se passa dentro de campo. E dentro de campo, o Louletano
mostrou na época passada que tinha valor para lutar por uma vaga na fase de
promoção. Com 25 jornadas decorridas até à interrupção do Campeonato
de Portugal devido à pandemia de covid-19, os algarvios
estavam a seis pontos dos dois primeiros. Corriam atrás, é verdade, mas estavam
plenamente integrados na luta pelo acesso à fase seguinte. Porém, teriam ainda
pela frente mais seis jogos em casa e apenas três fora, em virtude de terem
alterado a ordem de alguns encontros da primeira volta. Ou seja, em teoria
poderiam contar com o fator casa para se aproximarem dos lugares cimeiros nas
derradeiras nove jornadas.
Comparativamente à formação do Louletano
em 2019-20, a saída mais notada é a do treinador Zé Nando, que apostava num
sistema de 3x4x3 muito bem oleado, com dinâmicas semelhantes – salvo as devidas
proporções – às que Rúben
Amorim implementou no Sp.
Braga e no Sporting.
A formação de Loulé
também perdeu João Sousa (para o Amora),
um dos melhores centrais da competição, mas manteve grande parte dos titulares,
vai contar com alguns jovens jogadores que na época passada evoluíram ao
serviço de uma equipa B que foi segunda classificada da I Distrital da AF
Algarve e ainda se reforçaram com futebolista de qualidade, entre os quais Leo
Chão.
Por ter essas características, e
caso Eddie Cardoso mantenha o 3x4x3 de Zé Nando, será de esperar que o antigo
atacante vitoriano
possa ocupar uma das duas posições de avançado interior que na temporada
transata foram habitadas por Rafa Fonseca, Pedro Oliveira, Nuno Pereira, Abou
Touré ou Taveira.
Leo
Chão é um belíssimo executante, que por estar alguns furos acima dos
companheiros nos sub-23 do Vitória
fazia lembrar o papel
fundamental que Bruno Fernandes tinha no Sporting. Era
ele quem envergava a braçadeira de capitão, levava a equipa para a frente
através do passe ou da condução de bola e definia com critério e qualidade nos
derradeiros 40 metros.
Em 2018-19 amealhou nove golos e
foi o segundo melhor marcador da equipa atrás de Allef (12) e na época passada somou
dez remates certeiros, tendo sido apenas superado entre os sadinos
pelo moçambicano Kamo-Kamo (12), mas é redutor olhar apenas para as
estatísticas dele. Era
dos pés de Leo Chão que a qualquer momento podia sair um remate fulminante, um
último passe letal ou simplesmente uma cavalgada de vários metros pelo
meio-campo ofensivo. Um autêntico perigo à solta.
Internacional sub-16 e sub-20
pelas seleções portuguesas, integrou os trabalhos de pré-época da equipa
principal do Vitória
e participou num jogo da Taça
de Portugal, no terreno do Águias do Moradal, e outro no campeonato,
frente ao Sporting,
ao longo da temporada transata.
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