Dez jogadores brasileiros que deixaram marca no Sporting |
Daí para cá, foram-se sucedendo
os jogadores brasileiros no emblema verde e branco. Uns fizeram história,
outros viraram flops. 22 foram
campeões e, entre esses, três foram bicampeões.
Porém, nem só os que conquistaram
o título nacional fizeram história. Também o primeiro campeão do mundo a jogar
em Portugal, os que capitanearam a equipa e os que ganharam a Bola de Prata - o
troféu atribuído ao melhor marcador do campeonato – deixaram a sua marca.
Vale por isso a pena recordar os
dez futebolistas brasileiros com mais jogos pelo Sporting na I Divisão.
10. César Prates (84 jogos)
César Prates |
Estreou-se de leão ao peito em
janeiro, mas nessa época ainda foi a tempo de disputar 15 jogos (14 a titular)
e marcar um golo, numa vitória difícil em Braga.
Na temporada seguinte, já em
Alvalade a título definitivo, manteve a condição de titular indiscutível, tendo
efetuado 28 partidas no campeonato, todas a partir do onze inicial, e faturado
mais uma vez, numa
receção ao Gil Vicente.
Em 2001-02, já com Laszlo Bölöni
no comando técnico, conquistou a dobradinha, mas foi perdendo espaço, uma vez
que o romeno adaptou Beto ao lado direito da defesa para manter a dupla
composta por André Cruz e Phil Babb no eixo defensivo. César Prates participou
em 23 encontros, mas apenas 12 como titular. Na temporada seguinte, a última de
leão ao peito, perdeu ainda mais influência, não indo além de 18 jogos (11 a
titular) para o campeonato.
Depois terminou contrato e saiu
para os turcos do Galatasaray, tendo encerrado a carreira em 2010 ao serviço do
Náutico. Antes do Sporting representou também Internacional, Vasco da Gama,
Coritiba, Botafogo e Corinthians
e depois vestiu as camisolas de Botafogo, Livorno, Chievo, Figueirense,
Atlético Mineiro, Portuguesa e Joinville.
9. Wágner (85 jogos)
Wágner Canotilho |
Nas duas primeiras épocas sentiu
dificuldades para se afirmar como titular, tendo disputado 10 jogos (todos a
titular) em 1971-72 e 19 (16 a titular) na temporada seguinte, em que apontou
três golos e venceu a Taça
de Portugal.
A época mais feliz, ainda assim,
foi a de 1973-74, na qual foi peça fundamental para a conquista da dobradinha e
para a caminhada até às meias-finais da Taça das Taças, tendo participado em 28
jogos (todos a partir do onze inicial) e disputado dois golos.
Despediu-se em 1974-75 com mais
28 jogos (todos a titular) e quatro golo. Apesar dos bons números, na temporada
seguinte voltou ao Vitória
de Setúbal, numa altura em que tinha 30 anos.
8. Jefferson (88 jogos)
Jefferson |
Incompreendido durante os seis
anos que passou em Alvalade, apresentava um pé esquerdo bastante bem calibrado,
mas ao mesmo tempo algumas lacunas em termos defensivos, uma debilidade
importante para um lateral esquerdo.
Ainda assim, este canhoto natural
de Salvador da Bahia e com passagens por Palmeiras
e Fluminense
conseguiu estabelecer-se como titular durante os primeiros dois anos e meio de
leão ao peito. Em 2013-14 disputou 26 jogos e marcou dois golos no campeonato
às ordens de Leonardo Jardim e na temporada seguinte participou em 23 jogos,
faturou por uma vez e venceu a Taça
de Portugal sob a orientação de Marco
Silva.
Com Jorge
Jesus como treinador também começou como titular, tendo vencido a Supertaça
e feito parte do onze inicial nas dez primeiras jornadas do campeonato, mas a
partir de janeiro perdeu espaço após a chegada do holandês Marvin Zeegelaar e
nunca mais o recuperou. Ainda assim, disputou 18 jogos em 2015-16 e 10 (oito a
titular) na I Liga na época seguinte.
Em 2017-18 esteve emprestado ao Sp.
Braga, no âmbito de um negócio que levou o médio argentino Rodrigo
Battaglia para o Sporting, e depois voltou para a Alvalade para a época de
despedida, na qual participou em 11 partidas (oito a titular) e venceu a Taça
da Liga e a Taça
de Portugal.
Desde então que está sem clube.
7. Paulinho Cascavel (94 jogos)
Paulinho Cascavel |
Depois de 47 golos em duas épocas
e o troféu de melhor marcador da I Divisão em 1986-87, transferiu-se para o
Sporting, onde manteve a veia goleadora. Em 1987-88 começou a temporada com a
conquista da Supertaça e terminou-a com a conquista da Bola de Prata, ao somar
24 remates certeiros, ultrapassando Fernando Gomes (FC Porto) e Radi (Desp.
Chaves) na última jornada ao apontar um póquer ao Penafiel.
Paulinho Cascavel permaneceu mais
dois anos em Alvalade, mas foi perdendo gás: em 1988-89 participou em 34 jogos
(31 a titular) e apontou 11 golos e na época seguinte esteve em 22 encontros
(nove a titular) e marcou três golos.
Depois rumou ao Gil Vicente,
clube em que encerrou a carreira.
6. Douglas (103 jogos)
William Douglas |
Rapidamente se tornou titular
indiscutível no meio-campo leonino, partilhando o setor com jogadores como
Silas, Carlos Manuel e Oceano e mais tarde Balakov, Peixe e Figo. Em quatro
temporadas disputou 103 jogos e apontou nove golos no campeonato, mas não
conquistou qualquer troféu. Ainda assim, fez parte da equipa que em 1990-91
chegou às meias-finais da Taça
UEFA.
Em 1992 voltou ao Cruzeiro e três
anos depois encerrou a carreira ao serviço do Ponte Preta.
5. Manoel (117 jogos)
Manoel |
Apelidado de “Manuel do Ó”, fez
parceria com Manuel
Fernandes, Keita e Jordão no ataque durante os cinco anos e meio que passou
em Alvalade. Depois de quatro jogos na reta final de 1975-76, este
internacional olímpico pelo Brasil assumiu maior protagonismo na época
seguinte, na qual participou em 24 encontros (22 a titular) e marcou cinco golos
no campeonato, o primeiro dos quais num triunfo caseiro sobre o FC Porto.
Também brilhou na Taça
ao apontar um hat trick ao Benfica
nos oitavos de final.
Em 1977-78 melhorou os números no
campeonato, faturando por 13 vezes em 18 jogos (16 a titular), e participou
ativamente na conquista da Taça
de Portugal ao marcar o golo que eliminou o Varzim e apurou os leões para a
final.
Na época que se seguiu perdeu
algum gás, apontando apenas cinco golos em 23 partidas (22 a titular) na I
Divisão, mas voltou em grande em 1979-80 ao somar 13 remates certeiros (em 25
jogos) que ajudaram os verde e brancos, então orientados por Fernando Mendes, a
conquistar o título nacional.
Na última temporada de leão ao
peito, em 1980-81, disputou 23 jogos (20 a titular) e marcou por cinco vezes.
Depois passou por Portimonense e Sp.
Braga no primeiro escalão e por Académico Viseu, Amora, Almancilense, Loures
e Odivelas nas divisões secundárias.
Viria a falecer em outubro de
2015, aos 62 anos, vítima de paragem cardíaca. Cinco anos antes tinha sofrido
um AVC.
4. João Luís (125 jogos)
João Luís |
Assim que chegou a Alvalade
roubou a titularidade ao experiente Gabriel, mostrando ser um lateral bastante
capaz tanto defensivamente como ofensivamente, além de ter um potente remate. Apenas
chegou a meio da época 1986-87, mas participou em 11 jogos e marcou um golo (ao
Marítimo) no campeonato e ajudou a equipa a chegar à final da Taça
de Portugal, perdida para o Benfica.
As duas épocas seguintes ficaram
marcadas por uma grande utilização: 74 em 76 possíveis (todos a titular) e nove
golos no campeonato, incluindo um bis ao Fafe em outubro de 1988. Ainda assim,
o ponto alto desses dois anos foi a conquista da Supertaça em 1987.
Em 1989-90 baixou o ritmo,
participando apenas em 19 encontros na I Liga, e perdeu definitivamente espaço
nas duas temporadas que se seguiram, sob a orientação de Marinho Peres, que
preferiu Carlos Xavier e Marinho para o lado da defesa. Nesses dois anos
disputou um total de apenas 21 jogos no campeonato, tendo apontado dois golos.
Em 1992 regressou ao Brasil, já
com 30 anos, para representar o Palmeiras,
clube pelo qual conquistaria o título paulista no ano seguinte.
3. Marco Aurélio (134 jogos)
Marco Aurélio |
Quatro anos depois deu o salto
para o Sporting, formando inicialmente dupla com o marroquino Naybet, ao lado
do qual conquistou a Taça
de Portugal em 1994-95 e a Supertaça em 1995-96, tendo ainda chegado à
final do Jamor
em 1995-96. Nessas duas primeiras temporadas de leão ao peito, somou 61 jogos
(todos a titular) e três golos no campeonato, demonstrando ser um central de
qualidade.
Após a saída de Naybet para o
Deportivo da Corunha apadrinhou o jovem Beto, com o qual viria a formar dupla
durante dois anos e meio, até janeiro de 1999. Neste período cumpriu 73 encontros
(todos na condição de titular) no campeonato, teve a possibilidade de se
estrear na Liga dos Campeões em 1997-98, foi promovido ao lote de capitães de
equipa e foi distinguido com o Prémio Stromp na categoria futebolista em 1997.
Depois mudou-se para o Vicenza,
da Série A de Itália, país onde viria a encerrar a carreira em 2006.
2. Liedson (214 jogos)
Liedson |
Porém, só precisou de dois jogos
para mostrar a Fernando Santos que lhe devia conceder a titularidade, porque o
que lhe faltava em centímetros era compensado em velocidade, mobilidade,
capacidade de impulsão, facilidade de remate e empenho na luta com os defesas
adversários.
A primeira época serviu
praticamente apenas para ganhar balanço, uma vez que apontou 15 golos em 30
jogos (29 a titular) no campeonato, terminando atrás de McCarthy (FC Porto) e
Adriano (Nacional) no pódio de melhores marcadores.
Os treinadores e os companheiros
de ataque iam mudando, mas o sistema tático montado em função do “levezinho”
mantinha-se: o 4x4x2 losango. Em 2004-05 viveu a melhor temporada da carreira,
com José Peseiro, ao apontar 25 golos em 31 encontros (todos a titular) na I
Liga, o que lhe valeu a Bola de Prata, tendo faturado por mais nove vezes na
caminhada até à final da Taça
UEFA, perdida ante o CSKA Moscovo em pleno Estádio José Alvalade.
Nas duas épocas seguintes apontou
15 golos no campeonato em ambas, num total de 59 jogos (todos a titular) o que
em 2006-07 bastou para ser novamente o artilheiro-mor da competição, tendo
ainda contribuído com o golo que deu a vitória na final da Taça
de Portugal sobre o Belenenses.
Em 2007-08 venceu a Supertaça e novamente
a Taça
de Portugal, mas baixou a cadência, ao faturar por 11 vezes em 26 jogos,
mas voltou a subi-la na temporada que se seguiu, na qual apontou 17 golos em 26
partidas (24 a titular).
Em 2009-10 marca 13 golos em 28
jogos (27 a titular), mas entra numa fase descendente, apesar de se ter estreado
nessa altura pela seleção… portuguesa. Na temporada seguinte só fica até fevereiro,
pelo que amealha apenas mais 14 jogos e cinco golos, despedindo-se com um bis num empate caseiro com a Naval
(3-3).
Com um total de 116 golos, deixou
os leões na condição de sétimo maior goleador do clube na I Divisão, somente
atrás de Peyroteo (332), Manuel
Fernandes (191), Vasques (188), Jordão (138), João Martins (131) e Jesus
Correia (128). Venceria ainda o Prémio Stromp na categoria futebolista em 2007
e 2009 e tornar-se-ia o melhor marcador dos verde e brancos nas competições europeias,
com 26 golos.
Depois de ter voltado ao Brasil
para representar novamente Corinthians
e Flamengo,
regressou a Portugal em janeiro de 2013 para conquistar o título que lhe
faltava, o de campeão nacional, mas com a camisola do FC Porto, pendurando as
botas em seguida.
1. Anderson Polga (221 jogos)
Anderson Polga |
Um ano depois mudou-se para o
Sporting, tendo conquistado o estatuto de titular, que acabou por manter
durante praticamente todas as nove temporadas que passou em Alvalade, embora
nunca tivesse voltado a ser chamado para a canarinha. A época mais apagada foi a
de 2009-10, quando a dupla composta por Tonel e Daniel Carriço o remeteu para
um papel secundário, tendo apenas disputado 15 partidas (13 a titular) no
campeonato.
Apesar de ter jogado mais de duas
centenas de encontros pelos leões na I Liga, não marcou um único golo na prova.
Curiosamente, os quatro que apontou com a camisola verde e branca foram todos
nas competições europeias.
Fez parte ativa da equipa que em
2004-05 chegou à final da Taça
UEFA, embora não tivesse atuado no jogo decisivo, e conquistou duas Taças
de Portugal (2006-07 e 2007-08) e duas Supertaças (2007 e 2008) pelo
emblema de Alvalade. Ficou a faltar o campeonato, no qual disputou 221 jogos,
entre os quais 216 a titular.
Poucos meses depois de ter sido
distinguido com o Prémio Stromp na categoria especial carreira, despediu-se do
Sporting em maio de 2012 após uma frustrante
derrota com a Académica na final da Taça de Portugal. Curiosamente, nessa
fase era capitão de equipa e, caso os leões tivessem vencido no Jamor,
teria sido ele a levantar o troféu. Depois regressou ao Brasil e encerrou a
carreira no final desse ano ao serviço do Corinthians.
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