sexta-feira, 6 de junho de 2025

O pioneiro da trivela em Portugal. Quem se lembra de Bino?

Bino "Trivelas" fez a assistência para o golo que valeu a Taça de 1966
Não, não foi Ricardo Quaresma. Foi Albino Sousa, ou Bino, Bino “Trivelas”, o pioneiro do passe e remate com a parte exterior do pé em Portugal.
 
Antigo extremo, celebrizou-se ao serviço do Sp. Braga entre 1960 e 1973, tendo representado os arsenalistas em mais de 200 encontros. Foi campeão da II Divisão Nacional em 1963-64 e, dois anos depois, ganhou a Taça de Portugal. Mas não se limitou a fazer parte da equipa que venceu a prova rainha: fez mesmo a assistência para o golo solitário do argentino Perrichon que bastou para bater o Vitória de Setúbal no Jamor. E como foi o passe? De trivela, claro!
 
Na altura, o gesto técnico até nem era bem visto. “Eram proibidas, agora é coqueluche. (…) Porque os treinadores não gostavam, não deixavam que a gente passasse a bola em rosca, que era a trivela. A trivela é uma palavra que foi inventada não sei por quem. Tenho aqui um amigo que andou a descobrir o nome da trivela, porque é que aquelas bolas enroscadas são trivelas. Ele procurou por todo o mundo, com os catedráticos, os sábios, o que era a trivela. Chegou a conclusão que não há resposta. Eu chamava-lhe rosca a esse chuto. A trivela é bonita para quem vê os golos, cantos diretos também, como eu fazia na altura. Não se dava valor à trivela. Mas quando o Quaresma apareceu a marcar golos na seleção com a parte de fora do pé, pronto... Eu já fazia a trivela antes do Quaresma nascer. Esta gente com mais uns anos viu-me jogar dessa maneira e gostava, então, quando a trivela veio ao de cima, claro: ‘Oh pá, o fulano já fazia isto há 40 ou 50 anos’. Fiz vários golos de trivela. Hoje dariam valor, mesmo que eu não jogasse nada. Só pela trivela era capaz de ir para o Inter de Milão ou para os Manchesters”, recordou à Tribuna Expresso em junho de 2023.
 
O passe que deu o golo na final da Taça, lembra, “foi uma bola enroscada pelo meio de três”. “Recebi a bola no meio do campo, caminhei com ela para a parte de dentro e enrosquei a bola lá para pelo meio de três ou quatro jogadores do Vitória de Setúbal. O Perrichon já sabia o que a casa gastava, a bola foi parar a um sítio deserto. O Perrichon foi lá buscar, já sabia que a bola ia lá ter, isolou-se e marcou o golo. Não foi só ali. Esse foi o jogo da final, claro é o que interessa, mas nós já tínhamos eliminado Benfica e Sporting também com golos maravilhosos”, contou, puxando a cassete atrás.
 
Poucos meses após a conquista da Taça, Bino esteve também nos primeiros jogos europeus da história do Sp. Braga, diante dos gregos do AEK Atenas e dos húngaros do Gyori ETO, para a Taça das Taças.
 
 
Enquanto brilhava na cidade dos Arcebispos foi assediado por FC Porto e Celta de Vigo, mas o emblema bracarense nunca o deixou sair.
 
Na reta final da carreira representou ainda Riopele e Rio Ave antes de pendurar as botas em 1975, aos 35 anos.




   



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