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Bino "Trivelas" fez a assistência para o golo que valeu a Taça de 1966 |
Não, não foi
Ricardo
Quaresma. Foi Albino Sousa, ou Bino, Bino “Trivelas”, o pioneiro do passe e
remate com a parte exterior do pé em Portugal.
Antigo extremo, celebrizou-se ao
serviço do
Sp.
Braga entre 1960 e 1973, tendo representado os
arsenalistas
em mais de 200 encontros. Foi campeão da II Divisão Nacional em 1963-64 e, dois
anos depois, ganhou a
Taça
de Portugal. Mas não se limitou a fazer parte da equipa que venceu a
prova
rainha: fez mesmo a assistência para o golo solitário do argentino
Perrichon
que bastou para
bater
o Vitória de Setúbal no Jamor. E como foi o passe? De trivela, claro!
Na altura, o gesto técnico até
nem era bem visto. “Eram proibidas, agora é coqueluche. (…) Porque os
treinadores não gostavam, não deixavam que a gente passasse a bola em rosca,
que era a trivela. A trivela é uma palavra que foi inventada não sei por quem.
Tenho aqui um amigo que andou a descobrir o nome da trivela, porque é que
aquelas bolas enroscadas são trivelas. Ele procurou por todo o mundo, com os
catedráticos, os sábios, o que era a trivela. Chegou a conclusão que não há
resposta. Eu chamava-lhe rosca a esse chuto. A trivela é bonita para quem vê os
golos, cantos diretos também, como eu fazia na altura. Não se dava valor à
trivela. Mas quando o
Quaresma
apareceu a marcar golos na
seleção
com a parte de fora do pé, pronto... Eu já fazia a trivela antes do
Quaresma
nascer. Esta gente com mais uns anos viu-me jogar dessa maneira e gostava,
então, quando a trivela veio ao de cima, claro: ‘Oh pá, o fulano já fazia isto
há 40 ou 50 anos’. Fiz vários golos de trivela. Hoje dariam valor, mesmo que eu
não jogasse nada. Só pela trivela era capaz de ir para o
Inter
de Milão ou para os Manchesters”, recordou à
Tribuna
Expresso em junho de 2023.
O passe que deu o golo na final
da
Taça,
lembra, “foi uma bola enroscada pelo meio de três”. “Recebi a bola no meio do
campo, caminhei com ela para a parte de dentro e enrosquei a bola lá para pelo
meio de três ou quatro jogadores do
Vitória
de Setúbal. O
Perrichon
já sabia o que a casa gastava, a bola foi parar a um sítio deserto. O
Perrichon
foi lá buscar, já sabia que a bola ia lá ter, isolou-se e marcou o golo. Não
foi só ali. Esse foi o jogo da final, claro é o que interessa, mas nós já
tínhamos eliminado
Benfica
e
Sporting
também com golos maravilhosos”, contou, puxando a cassete atrás.
Poucos meses após a conquista da
Taça,
Bino esteve também nos primeiros jogos europeus da história do
Sp.
Braga, diante dos gregos do AEK Atenas e dos húngaros do Gyori ETO, para a
Taça
das Taças.
Enquanto brilhava na cidade dos
Arcebispos foi assediado por
FC
Porto e
Celta
de Vigo, mas o
emblema
bracarense nunca o deixou sair.
Na reta final da carreira
representou ainda
Riopele
e
Rio
Ave antes de pendurar as botas em 1975, aos 35 anos.
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