quinta-feira, 15 de maio de 2025

O tecnicista chileno que não teve uma afirmação plena no Sporting. Quem se lembra de Matías Fernández?

Matigol marcou 19 golos em 116 jogos de leão ao peito
Não, não foi um flop. Mas deu sempre a entender que ficou aquém do que poderia dar, sobretudo no Sporting. Oscilava muito. Era capaz de pormenores técnicos deliciosos e de livres diretos magistralmente executados, mas também sofria de apagões e problemas físicos recorrentes.
 
Matías Fernández nasceu na Argentina, país da mãe, mas aos quatro anos foi viver para o Chile, país do pai, e foi lá que começou a jogar futebol. Começou pela Unión La Calera, de onde saiu para as camadas jovens do mais conceituado Colo-Colo aos 12 anos. Aos 18, a 1 de agosto de 2004, estreou-se na I Divisão chilena e depressa mostrou ser um valor seguro, ao ponto de ter sido eleito melhor jovem jogador da temporada.
 
No ano seguinte capitaneou a seleção chilena de sub-20 no Campeonato do Mundo da categoria e estreou-se pela seleção principal.
 
Em clara trajetória ascendente, viveu um 2006 de sonho: venceu os campeonatos Apertura e Clausura, ajudou o Colo-Colo a atingir a final da Copa Sul-Americana (perdida para os mexicanos do Pachuca), foi eleito o melhor jogador sul-americano do ano e acertou a transferência para os espanhóis do Villarreal, concretizada em janeiro de 2007.
 
 
Embora tivesse custado 8,7 milhões de euros, ficado blindado com uma cláusula de rescisão de 50 milhões e o treinador fosse o seu compatriota Manuel Pellegrini, não conseguiu vingar no submarino amarillo. Necessitou de três meses para se estrear a marcar e foi mais vezes suplente utilizado (45) do que titular (41) nos dois anos e meio que passou no El Madrigal, agora designado como Estádio de la Cerámica.
 
 
A desvalorização que sofreu, sobretudo após ter sido considerado excedentário pelo novo treinador, Ernesto Valverde, tornou-se numa oportunidade para o Sporting, que o contratou no verão de 2009 por um valor a rondar os quatro milhões de euros.
 
A expetativa era de que se tornasse no nº 10 que os leões procuravam desde a saída de Balakov a meio da década de 1990, mas os momentos de genialidade só apareceram muito a espaço. Até era um habitual titular com Paulo Bento, que viria a deixar o cargo em novembro de 2009, mas perdeu esse estatuto após a chegada de Carlos Carvalhal para o comando técnico. Ainda assim, foi como suplente utilizado que marcou talvez o seu melhor golo com a camisola verde e branca, diante do Everton para a Liga Europa a 25 de fevereiro de 2010, numa brilhante jogada individual – entrou aos 90’ e faturou aos 90+4’.
 
 
Quem continuou a contar com ele foi Marcelo Bielsa, que o convocou para o Mundial 2010 e lhe deu a titularidade nos dois primeiros jogos no torneio, diante de Honduras e Suíça.
 
No regresso ao clube, apanhou Paulo Sérgio como treinador, mas a sua sorte não se alterou, alternando sucessivamente entre a titularidade e o banco de suplentes. Porém, beneficiou da entrada de José Couceiro para o comando da equipa em março de 2011 para jogar e brilhar mais, passando a gozar de maior liberdade para criar e do estatuto de dono das bolas paradas.
 
Contudo, no verão de 2011 houve mais uma alteração de treinador, com a chegada de Domingos Paciência, que implementou um 4x3x3 com Rinaudo, Schaars e Elias no meio-campo. Matigol ainda foi desviado para a ala direita, de forma a compatibilizar-se com os outros médios, mas pareceu sempre um peixe fora de água.
 
A promoção de Ricardo Sá Pinto, que comandava os juniores até à saída de Domingos em fevereiro de 2012, beneficiou-o, tendo-lhe sido devolvida a função de maestro do meio-campo, no corredor central. Marcou, de livre direto, um dos golos da eliminatória em que o Sporting eliminou o Manchester City nos oitavos de final da Liga Europa.
 
 
No verão de 2012, ao fim de 116 jogos, 19 golos e zero troféus, despediu-se do Sporting para se transferir para a Fiorentina, por 3,14 milhões de euros.
 
Embora assolado por alguns problemas físicos, conseguiu impor-se em Florença, tendo somado 130 encontros e sete remates certeiros com a camisola viola ao longo de quatro temporadas, tendo contribuído para a caminhada até à final da Taça de Itália em 2013-14.
 
 
Durante essa fase falhou o Mundial 2014 devido a uma lesão no tornozelo direito, mas redimiu-se ao vencer a Copa América do ano seguinte, tendo convertido o primeiro penálti do Chile no desempate por grandes penalidades na final diante da Argentina, o ponto alto de um percurso de 74 jogos e 14 golos por la roja.
 
 
Em 2016-17 esteve emprestado ao AC Milan, mas jogou pouco.
 
 
Depois voltou à América Latina. Passou pelos mexicanos do Necaxa e pelos colombianos do Junior Barranquilla e regressou ao Colo-Colo para vencer uma Copa do Chile (2019) antes de encerrar a carreira a 14 de fevereiro de 2023, aos 36 anos, quando representava o La Serena.
 
Em dezembro de 2024 concluiu o curso de treinador. 



 
 



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