O primeiro jogador britânico da história do Benfica. Quem se lembra de Scott Minto?
Scott Minto disputou 42 jogos oficiais pelo Benfica
Entre ingleses (cinco) e galeses
(dois), foram sete os britânicos que jogaram pelo Benfica,
todos entre 1997 e 1999. O primeiro e o que o fez mais jogos foi o antigo
lateral Scott Minto. Ao contrário dos restantes seis, que chegaram à Luz
por indicação de Graeme
Souness, este antigo defesa esquerdo internacional jovem inglês,
proveniente do Chelsea,
foi contratado pelo então diretor desportivo Toni
para ser treinado por Manuel José.
“Fui escolhido pelo senhor Toni
no verão de 1997. Jogava no Chelsea
e, o Newcastle,
do Kenny Dalglish, andava atrás de mim. Depois surgiu o West
Ham e hesitei. Quando o Toni
me desafiou para o Benfica
não pensei duas vezes. Lembrei-me do Eusébio
e de um clube… gigante. Fui o primeiro inglês a vestir a camisola sagrada do Benfica.
É um orgulho poder dizê-lo aos meus filhos”, contou o atual comentador
desportivo ao Maisfutebol
em abril de 2017. A grandeza dos encarnados
foi comprovada por Minto, na primeira pessoa, assim que chegou ao clube. “Recordo
o primeiro jogo e o primeiro treino da pré-temporada. Perante cinco mil
pessoas. E quando se dá o jogo de apresentação com autêntico dilúvio, frente à Lazio,
foram 80 mil, a aplaudir-nos no tapete vermelho. Apresentavam os nomes e a
multidão ovacionava. Isso obrigou-me a jogar bem”, salientou, numa entrevista concedida
ao jornal O
Jogo em fevereiro de 2024. Na primeira época do inglês em
Portugal, o Benfica
assinou uma grande recuperação na segunda volta, conseguindo concluir o
campeonato em segundo lugar, o que valeu o apuramento para a Liga
do Campeões. O campeão nessa temporada de 1997-98 foi o FC
Porto, que na altura conquistou o tetracampeonato. “A qualidade era
parecida. Quando jogávamos contra eles, as diferenças eram mínimas. Com o Souness
estivemos muito perto do FC
Porto no primeiro ano (nove pontos no final do campeonato). No segundo,
quando saí, estávamos a três pontos. A experiência deles deve ter sido decisiva”,
recordou.
Já na era Souness,
Minto recebeu a companhia dos compatriotas Michael Thomas, Brian Dean, Steve
Harkness e Gary Charles e dos galeses Mark Pembridge e Dean Saunders, uma
autêntica colónia britânica que motivou contestação, devido a uma suposta
divisão do balneário. “Posso lembrar-me de se falar de alguma divisão, um
jornal fez algo com uma bandeira portuguesa e outra britânica, mas a mim não me
tocou viver essa pressão. Trouxe-me Toni,
comecei por ser treinado por Manuel José e, ao fim de pouco tempo, já aprendia
português. Sempre fui entusiasta das línguas e hoje falo fluentemente espanhol.
Senti que encaixei muito bem, fui o primeiro, vem o Deane em janeiro, já sob as
ordens de Souness.
Deixei marca antes, nunca me senti visado nas críticas sobre os britânicos,
porque fui trazido no regime português. (…) Encontrávamo-nos algumas vezes, mas
não me sentia como um britânico, mesmo com orgulho em sê-lo. Pembridge e Thomas
estavam com as suas famílias, lembro-me mais de me juntar com alguns jovens
portugueses que vieram na segunda época e almoçávamos em Cascais. Era um Benfica
multicultural, para mim era igual lidar com um britânico ou um sul-americano”,
contou, realçando que “a ideia de juntar o estilo britânico ao latino não
resultou”. Desse Benfica
multicultural, Minto destaca João Vieira Pinto, um “craque” com muita “pressão
sobre ele” a quem todos queriam “passar a bola”; Calado,
“o mais regular, sempre a jogar bem”; Karel Poborsky, o seu “rival mais difícil
nos treinos”; e o “grande Michel Preud’homme”. Palavra ainda para Eusébio,
então treinador dos avançados, “uma estátua viva” mesmo ali ao lado.
A aventura em Lisboa para este
lateral cumpridor e ofensivo chegou em janeiro de 1999, quando voltou a Inglaterra
para reforçar o West
Ham, já depois de se ter estreado na Champions.
Mais de um quarto de século depois, garante que gostava de voltar a viver em
Portugal novamente.
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