segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Vitória FC na II Distrital. Uma oportunidade para granjear simpatia

Vitorianos marcam presença massiva em todos os campos
Mais um ano, mais um murro no estômago. Mais um ano em que os adeptos do Vitória de Setúbal vão ter de olhar para o copo como estando meio cheio, mesmo quando está muito mais perto de estar vazio.
 
Depois da despromoção administrativa ao Campeonato de Portugal em 2020 e dos jogos à porta fechada na Liga 3 em 2021-22, a falta de licenciamento para participar num campeonato nacional na época que agora se inicia é mais uma pesada derrota jurídica. São desaires atrás de desaires nas secretarias e nos tribunais, mas a culpa é sempre apontada a supostos fulanos nos órgãos de poder com supostos interesses particulares ao serviço de outros clubes. Vão mudando as pessoas, mas a estrutura vitoriana não consegue deixar de projetar uma imagem de que é rudimentar.
 
Se esta narrativa “manhosa” continuar, já estou a imaginar justificar-se uma derrota com o Quintajense por decisões de um árbitro que trabalha na Autoeuropa ou na Coca-Cola ou com o Barreirense B porque os alvirrubros têm muito peso na Associação de Futebol de Setúbal.
 
A participação na II Distrital será, desportivamente, a página mais negra na gloriosa história centenária do Vitória. Qualquer coletividade do distrito que consiga arranjar um campo de futebol 11 e menos de duas dezenas de tipos para jogar à bola pode inscrever-se e assim defrontar um emblema com três Taças de Portugal, uma Taça da Liga e 72 presenças na I Divisão.
 
Para termos a noção, aqui há uns tempos, incentivei um amigo que se destaca nas nossas peladinhas de fim de semana a participar nas captações dos seniores do CRI. Se ele tivesse seguido a minha sugestão, iria defrontar o Vitória.
 
Mas, parecendo que não, nem tudo é mau. Também há oportunidades. Uma delas é ganhar a Taça da Associação de Futebol de Setúbal e conseguir o apuramento para a Taça de Portugal. Ah, esqueçam! O Vitória não vai participar…
 
Mais a sério, a participação num campeonato distrital não envolve grandes exigências no plano das infraestruturas, pelo que é uma ótima oportunidade para levar a cabo intervenções no Bonfim. Se é para ir jogar em Vale de Cobro, na Bela Vista, no Vale da Rosa, na Várzea, no campo do Comércio e Indústria ou mesmo num Bonfim com obras profundas, é agora. Aproximar o terreno de jogo das bancadas, reforçar o conforto dos adeptos (sobretudo os das bancadas descobertas) e rentabilizar melhor cada metro quadrado do complexo do Bonfim é urgente. O problema foi o que levou o Vitória até esta situação: dinheiro (ou a falta dele).  

 
Outra oportunidade, bem mais realista a curto prazo, é aproveitar o facto de só se jogar no distrito, em localidades relativamente próximas de Setúbal, para lançar uma operação de charme por esses campos fora. O Vitória continua a ser o maior clube do distrito, a grande bandeira futebolística da região, e tem potenciais adeptos em todos os amantes de futebol na Península de Setúbal. Escreve estas linhas quem cresceu no Barreiro e começou a simpatizar pelos sadinos ainda em tenra idade justamente por identificar o Vitória como o expoente máximo da sua região em termos desportivos e associativos.
 
É necessário ir à Quinta do Anjo, a Lagameças, à Quinta do Conde, a Alhos Vedros, ao Samouco e a todas os outros destinos de domingo à tarde desprovido da atitude de desdenho exibida por alguns adeptos em relação aos “quintalinhos” do Campeonato de Portugal. Os campos e as condições são os melhores que cada clube e cada comunidade local conseguiram arranjar, muitas vezes em prejuízo pessoal de dirigentes voluntários em prol da oferta da prática desportiva.
 
São nesses campos, muitos deles sem bancadas, só com uma casa de banho e com as marcas do futebol de 7 a amarelo porque não há outro relvado, que se vão formando jogadores que podem chegar ao Vitória. Recorde-se que atletas como Marco Tábuas (Marítimo Rosarense), Mário Loja, José Semedo, Zé Pedro, Nandinho, Rúben Vezo e Sandro (Os Pelezinhos), Carlos Manuel (Sesimbra), Mamede (Torino Torranense), Sérgio Jorge (Águas de Moura), Hélio (Brejos de Azeitão), Kiko (Alcacerense), Miguel Lourenço e Rodrigo Pereira (Quinta do Conde), Ricardo Horta (Corroios), Manú (“O Sindicato”), Edinho e Mano (Almada), André Pedrosa e Lourenço Henriques (Fabril), João Meira (Cova da Piedade), Marcos Raposo e João Marouca (Monte de Caparica), Daniel Carvalho (Playhouse) e Tiago Neto (São Domingos), só para citar exemplos mais recentes, despontaram em clubes da região, alguns deles da própria cidade de Setúbal.
 
Mais do que adversários de ocasião (nunca rivais ou inimigos), estes clubes devem ser vistos como potenciais parceiros e os seus associados como potenciais simpatizantes do Vitória. Importa, por isso, deixar a toxicidade à porta dos campos, e apostar tudo no convívio, no fair play e na simpatia, para que a demonstração de grandeza possa ser tanto em termos quantitativos como qualitativos. Chega de postura arruaceira e de queixumes. Alargar a base de apoio para lá de Setúbal e Palmela é uma das grandes oportunidades da participação do Vitória na II Distrital. No fundo, será simplesmente honrar o emblema: os três castelos simbolizam a região e ilustram os castelos e fortalezas de Sesimbra, Palmela e Setúbal.
 
 

Paulo Martins é a escolha óbvia para treinador

Paulo Martins está nos quadros do Vitória desde 2020
Pelo segundo ano consecutivo, a paciência dos adeptos sadinos está a ser posta à prova pela forma tardia como o treinador e o plantel são anunciados. Estamos a 5 de agosto e… nada. Nem um elemento da equipa técnica nem um jogador se conhece.
 
A aposta mais óbvia para o homem do leme seria claramente Paulo Martins, adjunto na época passada e treinador da equipa B nas três anteriores. Subiu os bês vitorianos da II à Distrital em 2020-21 e 2022-23, aceitando voltar ao segundo escalão do distrito quando se decidiu passar a equipa B do clube para a SAD. Antes já havia subido o Águas de Moura em 2019-20. Como adjunto também ficou associado a uma subida de divisão, à Liga 3, embora a mesma não tenha ficado consumada administrativamente.
 
Pelo sucesso na II Distrital, pelo conhecimento que tem do campeonato e dos jogadores e por ser um homem da casa, é difícil encontrar alguém melhor apetrechado para este desafio do que o antigo central. Já na temporada passada não teria ficado chocado se tivesse sido ele o escolhido em vez de Zé Pedro. Apesar de ser irmão do diretor desportivo Carlos André, seria uma escolha completamente insuspeita, tal a competência demonstrada.
 
E, por ter aceitado voltar à II Distrital quando a equipa B mudou da SAD por o clube e virar adjunto quando já tinha um trajeto como treinador principal, seria uma retribuição mais do que justa. Mas esta demora no anúncio não é bom sinal: ou porque não será Paulo Martins ou porque estão a procurar fora e a receber negas antes de avançar para Paulo Martins. 










1 comentário:

  1. Precisamos de alguém responsável e que cumpra a comandar o VFC.
    FORÇA VITÓRIA

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