quinta-feira, 11 de julho de 2024

O percurso dos campeões europeus: Portugal em 2016

Portugal ganhou o Euro 2016 em França ao bater a... França
“Pouco importa, pouco importa/Se jogamos bem ou mal/Queremos é levar a taça/Para o nosso Portugal!”. Foi com esta banda sonora que a seleção portuguesa, de empate em empate e de prolongamento em prolongamento, com um golo de Eder a finalizar, conquistou o ansiado primeiro título da sua história, o Campeonato da Europa de 2016.
 
Costuma dizer-se que pau que nasce torto tarde ou nunca se endireita, mas a verdade é que a equipa das quinas foi-se endireitando após cada contrariedade e, com uma ponta de sorte à mistura, desde os sorteios aos golos ao cair do pano, conseguiu construir o momento mais alto do futebol português.
 
As coisas começaram a correr mal para Portugal ainda durante a fase de qualificação. Ainda o selecionador era Paulo Bento, incompatibilizado com jogadores como Ricardo Carvalho, Tiago e Danny, e firme na convicção de convocar um João Pereira mesmo sem clube e um Ricardo Costa a atuar no Al-Sailiya, assim como em não chamar em futebolistas em boa forma como Adrien, Ricardo Quaresma ou Cédric Soares. No primeiro jogo do apuramento, em Aveiro, a uma seleção nacional sem o lesionado Cristiano Ronaldo foi derrotada pela modesta Albânia (0-1), com um golo de Balaj aos 52 minutos.
 
 
 
Quatro dias depois da surpreendente derrota, Paulo Bento rescindiu contrato com a Federação Portuguesa de Futebol e foi rendido por Fernando Santos, que na altura até estava castigado pela FIFA. Ainda assim, o engenheiro recuperou Ricardo Carvalho, Danny, Quaresma, Eliseu e Tiago e começou da melhor maneira, com um triunfo sobre a Dinamarca em Copenhaga graças a um golo solitário de Cristiano Ronaldo ao cair do pano (90+5’).
 
 
 
No mês seguinte, em novembro de 2014, Fernando Santos recuperou Bosingwa, fez estrear Raphael Guerreiro e voltou a alcançar uma vitória pela margem mínima, desta vez sobre a Arménia no Estádio Algarve. Cristiano Ronaldo voltou a estar em evidência, ao apontar o único golo do encontro aos 72 minutos.
 
 
 
A senda vitoriosa continuou em março do ano seguinte, com um triunfo sobre a Sérvia no Estádio da Luz. Ricardo Carvalho abriu o ativo aos 10 minutos, tornando-se na altura no jogador mais velho de sempre a marcar pela seleção portuguesa, aos 36 anos e 315 dias, mas lesionou-se durante os… festejos. O antigo médio benfiquista Matic empatou aos 61’, mas Fábio Coentrão repôs a vantagem da equipa das quinas logo a seguir (63’) e guiou Portugal para a liderança do grupo I de qualificação.
 
 
 
Quase três meses depois, a seleção portuguesa foi a Erevan bater a Arménia por 3-2, com hat trick de Cristiano Ronaldo (29, 55 e 58 minutos), depois de Pizzelli ter adiantado os arménios (14’) e antes de Mkoyan (71’) reduzir para a seleção do leste europeu.
 
 
 
Em setembro de 2015, mais uma deslocação complicada da seleção portuguesa, desta feita a Elbasan, na Albânia. No regresso de Fernando Santos ao banco, Miguel Veloso apontou o único golo do encontro ao minuto 90+2’, de cabeça, na resposta a um canto de Ricardo Quaresma.
 
 
 
Portugal obteve a sexta vitória (seguida) na fase de qualificação e carimbou o apuramento para o Europeu de França na receção à Dinamarca, em Braga. Mais uma vitória pela margem mínima, desta vez com um golo de João Moutinho a decidir o encontro (66’).
 
 
 
Três dias depois, Portugal apresentou-se na Sérvia com algumas segundas linhas, promovendo sete alterações no onze, mas mesmo assim conseguiu vencer em Belgrado, por 2-1. Nani (cinco minutos) e João Moutinho (78’) apontaram os golos lusos, enquanto Tosic (65’) faturou para os sérvios.
 
 
 
O sorteio da fase de grupos foi simpático para Portugal: Islândia, Áustria e Hungria. A seleção lusa é que o complicou, com três amargos empates.
 
Na estreia, em Saint-Étienne diante da Islândia, Portugal até esteve a vencer por 1-0, graças a um golo de Nani aos 31 minutos, mas permitiu o empate aos 50’, por parte de Birkir Bjarnason. “Era o primeiro jogo e queríamos muito ganhar. A Islândia é isto, trabalha muito e tem o seu mérito, jogando no seu estilo pragmático. Portugal fez uma exibição razoável, com bons momentos, mas com esta pecha. Os erros são humanos, mas não vamos tirar ilações individuais. Não foi justo para Portugal. Há sempre alguma ansiedade no primeiro jogo e isso acabou por se verificar”, afirmou Fernando Santos após o encontro.
 
 
 
Seguiu-se o duelo com a Áustria no Parc des Princes, em Paris, que terminou com novo empate, desta vez a zero. O momento-chave do encontro foi a grande penalidade desperdiçada por Cristiano Ronaldo aos 79 minutos. “No primeiro jogo também tivemos oportunidades, mas hoje foi demais. A Áustria esteve quase sempre a defender, mas ainda tentaram sair algumas vezes. Isso permitiu alguns contra-ataques. Tentámos de tudo”, lamentou o selecionador Fernando Santos.
 
 
 
Com apenas dois pontos à entrada para a terceira jornada, mas sabendo que um empate diante da Hungria lhe valeria uma vaga nos oitavos de final caso a Islândia não perdesse diante da Áustria, Portugal voltou a ceder uma igualdade, desta feita a três golos e em Lyon. A seleção lusa esteve por três vezes em desvantagem, com Gera a fazer o 1-0 aos 19 minutos e Dzsudzsák o 2-1 aos 47’ e o 3-2 aos 55’, mas respondeu sempre bem: Nani marcou o 1-1 aos 42’ e Cristiano Ronaldo o 2-2 aos 50’ e o 3-3 aos 62’.
 
Portugal esteve virtualmente no segundo lugar do Grupo F durante meia hora e passou sobressaltos que poderiam ter atirado a equipa das quinas para a terceira posição com dois pontos (sem hipóteses de apuramento), mas acabou por descer ao terceiro lugar no minuto 90+4 do jogo entre Islândia e Áustria, quando os nórdicos chegaram ao golo da vitória. Esse desfecho desviou a seleção de Fernando Santos do lado da árvore onde constavam Alemanha, Itália, Espanha, França e Inglaterra
 
 
 
Seguiu-se a fase a eliminar, na qual obviamente os jogos não poderiam terminar empatados. O primeiro adversário desta etapa foi a Croácia de Modric, Rakitic, Brozovic, Perisic e Mandzukic, em Lens. O empate a zero até perdurou até bem perto do fim do prolongamento, mas num lance de contra-ataque Portugal marcou o único golo do encontro ao minuto 117, através de um cabeceamento fácil de Ricardo Quaresma à boca da baliza.
 
 
 
Seguiu-se a Polónia de Lewandowski, Piszczek, Blaszczykowski e Milik em Marselha. Os polacos começaram muito bem o encontro e adiantaram-se logo aos dois minutos, por Lewandowski, mas Portugal chegou ao empate pouco depois da meia hora, por intermédio de Renato Sanches. A igualdade só foi desfeita no desempate por grandes penalidades, com Ronaldo, Renato Sanches, Moutinho, Nani e Quaresma a marcar para a seleção lusa, tendo Rui Patrício defendido o penálti de Blaszczykowski. Antes da marcação dos penáltis, numa altura em que se decidia quais os executantes, Moutinho, que havia falhado o seu penálti diante de Espanha na meia-final do Euro 2012, parecia estar a esquivar-se quando Cristiano Ronaldo o convenceu a bater: “Anda bater! Anda bater! Tu bates bem! Se perdermos, que se f***! Personalidade! Vai! Tudo bates bem! (…) Que seja o que Deus quiser!”
 
 
 
Curiosamente, o único jogo que Portugal venceu com algum conforto e tranquilidade foi nas meias-finais, diante do País de Gales em Lyon. Depois de uma primeira parte sem golos, Cristiano Ronaldo e Nani marcaram, no início da segunda parte (50 e 53 minutos), os tentos de um triunfo por 2-0.
 
 
 
A final foi disputada no Stade de France, em Saint-Denis, diante da anfitriã França. Ainda antes da meia hora de jogo, uma péssima notícia: Cristiano Ronaldo foi forçado a abandonar o relvado devido a lesão. Contudo, Portugal foi resistindo às investidas gaulesas e levou o jogo para prolongamento, etapa em que Eder marcou o golo da vitória através de um disparo de fora da área ao minuto 109.
 
 
 
 

Os campeões

 
Guarda-redes: Rui Patrício (Sporting), Anthony Lopes (Lyon) e Eduardo (Dínamo Zagreb)
 
Defesas: Bruno Alves (Fenerbahçe), Pepe (Real Madrid), José Fonte e Cédric Soares (ambos Southampton), Raphaël Guerreiro (Lorient), Ricardo Carvalho (Mónaco), Vieirinha (Wolfsburgo) e Eliseu (Benfica)
 
Médios: João Moutinho (Mónaco), Danilo Pereira (FC Porto), William Carvalho, Adrien Silva e João Mário (todos Sporting), André Gomes (Valencia) e Renato Sanches (Benfica)
 
Avançados: Rafa Silva (Benfica), Cristiano Ronaldo (Real Madrid), Eder (Lille), Nani (Fenerbahçe) e Ricardo Quaresma (Besiktas)
 
Selecionador: Fernando Santos 







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