O percurso dos campeões europeus: Portugal em 2016
Portugal ganhou o Euro 2016 em França ao bater a... França
“Pouco importa, pouco importa/Se
jogamos bem ou mal/Queremos é levar a taça/Para o nosso Portugal!”. Foi com
esta banda sonora que a seleção
portuguesa, de empate em empate e de prolongamento em prolongamento, com um
golo de Eder a finalizar, conquistou o ansiado primeiro título da sua história,
o Campeonato da Europa de 2016.
Costuma dizer-se que pau que
nasce torto tarde ou nunca se endireita, mas a verdade é que a equipa
das quinas foi-se endireitando após cada contrariedade e, com uma ponta de
sorte à mistura, desde os sorteios aos golos ao cair do pano, conseguiu
construir o momento mais alto do futebol português. As coisas começaram a correr mal
para Portugal
ainda durante a fase de qualificação. Ainda o selecionador era Paulo
Bento, incompatibilizado com jogadores como Ricardo Carvalho, Tiago e
Danny, e firme na convicção de convocar um João Pereira mesmo sem clube e um
Ricardo Costa a atuar no Al-Sailiya, assim como em não chamar em futebolistas
em boa forma como Adrien,
Ricardo
Quaresma ou Cédric Soares. No primeiro jogo do apuramento, em Aveiro, a uma
seleção
nacional sem o lesionado Cristiano
Ronaldo foi derrotada pela modesta Albânia
(0-1), com um golo de Balaj aos 52 minutos.
Quatro dias depois da
surpreendente derrota, Paulo
Bento rescindiu contrato com a Federação Portuguesa de Futebol e foi
rendido por Fernando Santos, que na altura até estava castigado pela FIFA. Ainda
assim, o engenheiro recuperou Ricardo Carvalho, Danny, Quaresma,
Eliseu e Tiago e começou da melhor maneira, com um triunfo sobre a Dinamarca
em Copenhaga graças a um golo solitário de Cristiano
Ronaldo ao cair do pano (90+5’).
No mês seguinte, em novembro de
2014, Fernando Santos recuperou Bosingwa, fez estrear Raphael Guerreiro e
voltou a alcançar uma vitória pela margem mínima, desta vez sobre a Arménia no
Estádio Algarve. Cristiano
Ronaldo voltou a estar em evidência, ao apontar o único golo do encontro
aos 72 minutos.
A senda vitoriosa continuou em março
do ano seguinte, com um triunfo sobre a Sérvia no Estádio
da Luz. Ricardo Carvalho abriu o ativo aos 10 minutos, tornando-se na
altura no jogador mais velho de sempre a marcar pela seleção
portuguesa, aos 36 anos e 315 dias, mas lesionou-se durante os… festejos. O
antigo médio benfiquista Matic empatou aos 61’, mas Fábio Coentrão repôs a
vantagem da equipa
das quinas logo a seguir (63’) e guiou Portugal
para a liderança do grupo I de qualificação.
Quase três meses depois, a seleção
portuguesa foi a Erevan bater a Arménia por 3-2, com hat trick de Cristiano
Ronaldo (29, 55 e 58 minutos), depois de Pizzelli ter adiantado os arménios
(14’) e antes de Mkoyan (71’) reduzir para a seleção do leste europeu.
Em setembro de 2015, mais uma
deslocação complicada da seleção
portuguesa, desta feita a Elbasan, na Albânia. No regresso de Fernando Santos
ao banco, Miguel Veloso apontou o único golo do encontro ao minuto 90+2’, de
cabeça, na resposta a um canto de Ricardo
Quaresma.
Portugal
obteve a sexta vitória (seguida) na fase de qualificação e carimbou o
apuramento para o Europeu de França na receção à Dinamarca,
em Braga. Mais uma vitória pela margem mínima, desta vez com um golo de João
Moutinho a decidir o encontro (66’).
Três dias depois, Portugal
apresentou-se na Sérvia com algumas segundas linhas, promovendo sete alterações
no onze, mas mesmo assim conseguiu vencer em Belgrado, por 2-1. Nani (cinco
minutos) e João Moutinho (78’) apontaram os golos lusos,
enquanto Tosic (65’) faturou para os sérvios.
O sorteio da fase de grupos foi
simpático para Portugal:
Islândia,
Áustria
e Hungria.
A seleção
lusa é que o complicou, com três amargos empates. Na estreia, em Saint-Étienne
diante da Islândia,
Portugal
até esteve a vencer por 1-0, graças a um golo de Nani aos 31 minutos, mas
permitiu o empate aos 50’, por parte de Birkir Bjarnason. “Era o primeiro jogo
e queríamos muito ganhar. A Islândia
é isto, trabalha muito e tem o seu mérito, jogando no seu estilo pragmático. Portugal
fez uma exibição razoável, com bons momentos, mas com esta pecha. Os erros são
humanos, mas não vamos tirar ilações individuais. Não foi justo para Portugal.
Há sempre alguma ansiedade no primeiro jogo e isso acabou por se verificar”,
afirmou Fernando Santos após o encontro.
Seguiu-se o duelo com a Áustria
no Parc des Princes, em Paris, que terminou com novo empate, desta vez a zero.
O momento-chave do encontro foi a grande penalidade desperdiçada por Cristiano
Ronaldo aos 79 minutos. “No primeiro jogo também tivemos oportunidades, mas
hoje foi demais. A Áustria
esteve quase sempre a defender, mas ainda tentaram sair algumas vezes. Isso
permitiu alguns contra-ataques. Tentámos de tudo”, lamentou o selecionador
Fernando Santos.
Com apenas dois pontos à entrada
para a terceira jornada, mas sabendo que um empate diante da Hungria
lhe valeria uma vaga nos oitavos de final caso a Islândia
não perdesse diante da Áustria,
Portugal
voltou a ceder uma igualdade, desta feita a três golos e em Lyon. A seleção
lusa esteve por três vezes em desvantagem, com Gera a fazer o 1-0 aos 19
minutos e Dzsudzsák o 2-1 aos 47’ e o 3-2 aos 55’, mas respondeu sempre bem:
Nani marcou o 1-1 aos 42’ e Cristiano
Ronaldo o 2-2 aos 50’ e o 3-3 aos 62’. Portugal
esteve virtualmente no segundo lugar do Grupo F durante meia hora e passou
sobressaltos que poderiam ter atirado a equipa
das quinas para a terceira posição com dois pontos (sem hipóteses de
apuramento), mas acabou por descer ao terceiro lugar no minuto 90+4 do jogo
entre Islândia
e Áustria,
quando os nórdicos chegaram ao golo da vitória. Esse desfecho desviou a seleção
de Fernando Santos do lado da árvore onde constavam Alemanha,
Itália,
Espanha,
França
e Inglaterra…
Seguiu-se a fase a eliminar, na
qual obviamente os jogos não poderiam terminar empatados. O primeiro adversário
desta etapa foi a Croácia
de Modric,
Rakitic, Brozovic, Perisic e Mandzukic, em Lens. O empate a zero até perdurou
até bem perto do fim do prolongamento, mas num lance de contra-ataque Portugal
marcou o único golo do encontro ao minuto 117, através de um cabeceamento fácil
de Ricardo
Quaresma à boca da baliza.
Seguiu-se a Polónia
de Lewandowski, Piszczek, Blaszczykowski e Milik em Marselha. Os polacos
começaram muito bem o encontro e adiantaram-se logo aos dois minutos, por
Lewandowski, mas Portugal
chegou ao empate pouco depois da meia hora, por intermédio de Renato
Sanches. A igualdade só foi desfeita no desempate por grandes penalidades,
com Ronaldo,
Renato
Sanches, Moutinho, Nani e Quaresma
a marcar para a seleção
lusa, tendo Rui
Patrício defendido o penálti de Blaszczykowski. Antes da marcação dos
penáltis, numa altura em que se decidia quais os executantes, Moutinho, que
havia falhado o seu penálti diante de Espanha
na meia-final do Euro 2012, parecia estar a esquivar-se quando Cristiano
Ronaldo o convenceu a bater: “Anda bater! Anda bater! Tu bates bem! Se
perdermos, que se f***! Personalidade! Vai! Tudo bates bem! (…) Que seja o que
Deus quiser!”
Curiosamente, o único jogo que Portugal
venceu com algum conforto e tranquilidade foi nas meias-finais, diante do País
de Gales em Lyon. Depois de uma primeira parte sem golos, Cristiano
Ronaldo e Nani marcaram, no início da segunda parte (50 e 53 minutos), os
tentos de um triunfo por 2-0.
A final foi disputada no Stade de
France, em Saint-Denis, diante da anfitriã França.
Ainda antes da meia hora de jogo, uma péssima notícia: Cristiano
Ronaldo foi forçado a abandonar o relvado devido a lesão. Contudo, Portugal
foi resistindo às investidas gaulesas e levou o jogo para prolongamento, etapa
em que Eder marcou o golo da vitória através de um disparo de fora da área ao
minuto 109.
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