Apesar de os seus principais
clubes serem relativamente competitivos nas competições europeias, a Grécia
só tinha marcado presença em duas fases finais até 2004: Euro
1980 e Mundial 1994. Mas as coisas começaram a mudar ainda durante a fase
de apuramento para o Campeonato da Europa realizado em Portugal, com a seleção
helénica a vencer o Grupo 6 de qualificação, à frente de Espanha
e da Ucrânia.
Ainda assim, os gregos
aparentavam ser o patinho feio do Grupo A da fase final, mesmo reencontrando Espanha.
Portugal
era a seleção anfitriã e a Rússia
tinha mais experiência nestas andanças. A campanha helénica
começou precisamente no jogo inaugural do torneio, frente a Portugal
no Estádio
do Dragão. Depois de uma cerimónia de abertura com pompa e circunstância,
que contou com Nelly Furtado a cantar “Força”, o hino do Euro 2004, a Grécia
entrou praticamente a ganhar, graças a um golo de fora da área de Georgios
Karagounis logo aos sete minutos. O selecionador português Luiz Felipe
Scolari trocou Rui Costa e Simão Sabrosa por Deco e Cristiano
Ronaldo ao intervalo, mas uma das primeiras ações de Ronaldo
no encontro foi precisamente cometer um penálti sobe Seitaridis que Basinas
converteu em golo (51’). O melhor que Portugal conseguiu
até ao apito final foi reduzir a desvantagem, por Cristiano
Ronaldo, que se elevou mais alto do que toda a gente na área helénica
para marcar de cabeça ao cair do pano, na sequência de um canto de Figo (90’). “Não quero exagerar, mas esta foi
a maior vitória de sempre da Grécia.
Amanhã é domingo e todos os gregos certamente que enfeitarão as janelas das
suas casas com muitas bandeiras do país”, afirmou o selecionador Otto Rehhagel
após a partida.
No encontro seguinte, a Grécia
voltou à Invicta, desta feita para defrontar Espanha
no Bessa. La
roja até começou melhor, com Morientes a abrir o ativo à passagem da
meia hora (29’). Contudo, Charisteas
estreou-se a marcar nesse Europeu aos 66’, empatando a partida.
Com quatro pontos e perante o Espanha-Portugal
da última jornada, só uma conjugação muito desfavorável é que afastaria a Grécia
dos quartos de final. Os gregos
até sucumbiram no Estádio Algarve diante da Rússia,
perdendo por 2-1. Kirichenko inaugurou o marcador com aquele que na altura se
tornou o golo mais rápido dos Europeus, aos 67 segundos, e Bulykin fez o 2-0
aos 17 minutos, mas Vryzas reduziu a desvantagem aos 43’. Caso o resultado
final tivesse sido 2-0, e tendo em conta a vitória de Portugal
sobre Espanha
pela margem mínima, a seleção
helénica teria sido eliminada devido ao saldo de golos. Assim, a Grécia
passou com quatro pontos e 4-4 em golos, enquanto os espanhóis
foram eliminados com quatro pontos e 2-2 em golos.
As meias-finais marcaram o
regresso da Grécia
ao Estádio
do Dragão, desta vez para defrontar a também sensacional República
Checa, que havia vencido todos os jogos do seu grupo, que incluía Holanda,
Alemanha
e Letónia, e cilindrado a Dinamarca
nos quartos de final (3-0). Depois de um empate a zero no
final dos 90 minutos, a decisão foi adiada para o prolongamento. O central
Dellas inaugurou o marcador aos 105 minutos e instantes depois soou o apito
final, uma vez que estava em vigor a regra do golo de prata, através da qual a
vitória era atribuída à equipa que chegasse em vantagem ao intervalo do
prolongamento. Mas nem tudo eram rosas na
comitiva helénica,
uma vez que jogadores e federação ainda discutiam os prémios de jogo sobre a
passagem às meias-finais, tendo o capitão Zagorakis pedido 300 mil euros para
cada um dos convocados. A partida ficou ainda marcada por
alguma polémica, com o árbitro italiano Pierluigi Collina a despedir-se das
grandes competições com uma atuação fraca, não tendo assinalado um penálti de
Dellas sobre Koller na segunda parte. Por outro lado, exibiu um cartão amarelo
exagerado a Karagounis
que retirou o médio grego da final.
Na final, houve uma reedição do
jogo de abertura do torneio, Portugal-Grécia,
desta vez no Estádio
da Luz. Tal como na ocasião anterior, os gregos
levaram a melhor, mas desta vez bastou um golo solitário de Charisteas
aos 57 minutos, na sequência de um canto de Basinas. Foi a primeira vez que o
campeão só marcou um golo na final. E Otto Rehhagel tornou-se no selecionador
mais velho a vencer um Europeu, aos 65 anos. “É uma grande data para o futebol
grego. Compreendo a vossa deceção porque atacaram e nós defendemos, mas o futebol
é assim. E levantei a taça no meu estádio”, afirmou o lateral esquerdo Fyssas,
que na altura jogava no Benfica.
Os campeões
Guarda-redes: Antonios
Nikopolidis e Kostas Chalkias (ambos Panathinaikos) e Fanis Katergiannakis (Olympiacos) Defesas: Giourkas
Seitaridis e Giannis Goumas (ambos Panathinaikos), Stylianos Venetidis (Olympiacos),
Nikos Dabizas (Leicester
City), Traianos Dellas (Roma),
Takis
Fyssas (Benfica)
e Michalis Kapsis (AEK Atenas) Médios: Angelos Basinas (Panathinaikos),
Theodoros Zagorakis, Vasilios Tsiartas, Kostas Katsouranis e Vasilios Lakis (todos
AEK Atenas), Stelios Giannakopoulos (Bolton), Pantelis Kafes e Georgios
Georgiadis (ambos Olympiacos) e Giorgos
Karagounis (Inter) Avançados: Angelos
Charisteas (Werder
Bremen), Demis Nikolaidis (Atlético
Madrid), Zisis Vryzas (Fiorentina)
e Dimitrios Papadopoulos (Panathinaikos) Selecionador: Otto
Rehhagel
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