O trinco que começou nos distritais da AF Porto mas jogou no Euro 96. Quem se lembra de Tavares?
Tavares representou Benfica, Boavista a seleção nacional
Um daqueles casos improváveis de
subida a pulso na carreira. Tavares foi internacional português por oito vezes,
disputou três jogos no Euro 1996, jogou na Liga
dos Campeões, representou FC
Porto e Benfica,
somou 200 jogos pelo Boavista
e venceu três Taças
de Portugal e duas Supertaças.
Mas começou a carreira a jogar no modesto clube que o formou, o Oliveira do
Douro, primeiro nos distritais da AF
Porto (entre 1983 e 1985) e depois na III Divisão Nacional (1985 a 1988).
Haveria ainda de passar pelo
Infesta (III Divisão em 1988-89, II Divisão em 89-90) antes de dar o salto para
o FC
Porto, clube ao qual havia marcado um golo nas Antas numa partida da Taça
de Portugal em dezembro de 1989.
Depois de pouco ter jogado ao
serviço do FC
Porto em 1990-91 (12 partidas, um golo), iniciou uma história de sucesso no
clube em que mais se notabilizou, o Boavista.
Na primeira passagem pelo Bessa, entre 1991 e 1994, amealhou 111 encontros e 13
golos, tendo conquistado a Taça
de Portugal e a Supertaça
Cândido de Oliveira em 1992, atingido a final do Jamor novamente em 1992-93
– marcou na derrota diante do Benfica
(2-5) – e eliminado o Inter
de Milão na Taça
UEFA em 1991-92 e a Lazio
na mesma
competição em 1993-94. Os bons desempenhos catapultaram-no também para a seleção
nacional, tendo feito a estreia num empate frente à Noruega
em abril de 1994.
No verão de 1994 deu o salto para
o Benfica
na companhia de Nelo e até foi bastante utilizado durante a única temporada que
passou na Luz
(34 jogos/seis golos), mas apanhou uma desilusão, apesar de ter reencontrado Artur
Jorge, que o havia orientado no FC
Porto. “Lembro-me perfeitamente de que estava em casa, deitado, à uma da
manhã, quando o major [Valentim Loureiro] me liga a perguntar: ‘Então pá, como
é, onde estás? Anda cá a minha casa.’ Quando lá cheguei perguntou-me: ‘Como é,
queres ir para o Benfica?’,
assim do nada. E pôs-me ao telefone com o Manuel Damásio”, recordou ao Diário
de Notícias em março de 2016.
“Fomos para o Benfica
com a ilusão de ser campeões. No mínimo, esperava lá ficar os três anos de
contrato”, acrescentou, que foi surpreendido por uma afirmação de Artur
Jorge logo à chegada a Lisboa: “A primeira observação que me fez no início
da pré-época foi: ‘Então, não querias vir para o Benfica
por minha causa?’ Não entendi porquê.”
Na única época que passou de águia
ao peito, o Benfica
não foi além do terceiro lugar no campeonato e iniciou um caminho tumultuoso
que haveria de perdurar até depois da viragem do milénio. “Vieram montes de jogadores, não jogavam nas
posições corretas - eu joguei em todas menos na minha... -, o treinador também
foi operado à cabeça e esteve uns tempos fora. O Benfica
fez uma época anormal. Aliás, só não fez pior devido ao Preud’homme”, lembrou
Tavares, que voltou ao Bessa no verão de 1995 após rejeitar um empréstimo ao Belenenses:
“Disse-lhes que se era para sair voltava a casa e ao clube do coração.”
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