O artilheiro da Taça das Taças 91-92 que só perdeu um em 28 jogos pelo FC Porto. Quem se lembra de Lipcsei?
Peter Lipcsei representou o FC Porto em 1995-96
A Hungria
já foi uma potência do futebol mundial, finalista vencida dos Mundiais de 1938
e 1954 e semifinalista dos Europeus de 1964 e 1972. Porém, já não participa num
Campeonato do Mundo desde 1986 e esteve entre 44 anos sem competir num Euro até
regressar em 2016. E foi precisamente durante a fase menos conseguida da seleção
magiar que o FC
Porto se reforçou com um dos seus principais jogadores, o médio Peter
Lipcsei, desde 1991 um habitual convocado e titular da equipa
nacional húngara.
Embora fosse um médio características
mais defensivas do que ofensivas, sagrou-se melhor marcador da Taça das Taças
em 1991-92, numa campanha em que o seu Ferencváros nem foi além dos oitavos de
final. Ao serviço do emblema de Budapeste conquistou ainda dois campeonatos,
quatro taças e três supertaças da Hungria, tendo sido eleito futebolista
húngaro do ano em 1991 e 1995. No final de 1994 defrontou o FC
Porto numa eliminatória da Taça das Taças e um ano depois foi contratado
pelos dragões.
Na altura, sem o scouting tão amplo e profundo que existe hoje, não era
uma prática assim tão rara contratar antigos adversários – isso e enviar
treinadores e diretores desportivos para o Brasil à procura de potenciais
reforços. Habitual titular no onze de Bobby
Robson, disputou 28 jogos pelos azuis
e brancos em 1995-96, sendo que 26 foram na condição de titular, e só
sofreu uma derrota, curiosamente na última partida que disputou, diante do Benfica
na Luz.
Apontou seis golos e fez sete assistências. Nada mau! Mas uma grave lesão num
joelho afastou-o dos relvados em março, a cerca de dois meses do final da
temporada.
“O meu futebol cresceu muito em
Portugal. O primeiro mês foi difícil. Os treinos eram muito fortes, o Robson
não perdoava. Sempre me dizia que eu tinha muita habilidade e que tinha de dar
150 por cento nos treinos. É isso que eu digo hoje aos meus jogadores. Se derem
150 por cento depois nos jogos é mais fácil”, contou ao Maisfutebol
em novembro de 2016. Apesar do revés da lesão, viu os
colegas confirmarem em campo a conquista do bicampeonato, que há muito que
estava encaminhado. “A nossa equipa era muito boa. Domingos, Baía, Jorge Costa,
Secretário… ganhámos o campeonato. O FC
Porto não dava hipóteses. Só a equipa de 2004, que foi campeã europeia, era
melhor do que a nossa. Aloísio, Rui Barros, Edmilson, Rui
Jorge…muitos, muitos bons jogadores”, recordou o húngaro, que na altura
teve em Jorge Costa o seu melhor amigo no balneário.
Enquanto recuperava da lesão,
Bobby Robson saiu para o Barcelona
e António Oliveira chegou para o lugar do inglês, o que não ajudou à sua
reintegração na equipa, acabando por ser emprestado ao Sp.
Espinho: “Fui operado e depois o Robson saiu para o Barcelona
e o segundo ano já foi difícil por causa disso tudo. Lesionado, com treinador
novo… era muito difícil voltar. Fui para o Sp.
Espinho, então, depois para o Ferencvaros. Ainda tinha mais um ano de
contrato e o Pinto
da Costa disse-me que tinham de ver como estava o meu joelho para saber se
voltava. Acabei por sair, fui para a Áustria, para o Salzburgo, dois anos e
meio. Depois Ferencvaros até acabar.” Ao serviço dos tigres
da Costa Verde só disputou cinco encontros, entre março e junho de 1997,
tendo averbado quatro derrotas e apenas uma vitória, não conseguindo impedir a
despromoção à II
Liga. “Era perto, a poucos quilómetros do Porto, queria jogar e foi a
solução. Era uma equipa mais pequena e a minha forma não era a melhor por causa
da lesão. Mas como queria muito jogar e no FC
Porto não tinha espaço, só treinava, só treinava…Pedi ao presidente e ele
arranjou-me o Sp.
Espinho”, lembrou Lipcsei, que passou a nutrir um grande respeito por Pinto
da Costa.
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