Luís Figo perante a oposição de dois defesas israelitas |
Uma substituição de guarda-redes
ao minuto 90, quando o resultado já estava feito, é a principal recordação que
tenho da minha primeira memória de um jogo entre as seleções nacionais de Portugal
e Israel. A substituição em causa retirou de campo Quim, guardião do Sp.
Braga e que nesse encontro jogava em casa, no Estádio 1º de Maio, e fez
debutar de quinas ao peito Jorge Silva, guarda-redes do modesto Salgueiros
que dava nas vistas não só pelas defesas que fazia, mas também por utilizar
rabo de cavalo.
Utilizando a Internet como
ferramenta, avivei outras memórias sobre essa partida de 15 de novembro de 2000,
como o facto de esta ter sido a única vez que Delfim
e Cabral representaram a seleção nacional e uma das raras vezes em que Bino e
João Tomás o fizeram. Quem também foi a jogo foi o central Hélder, que já não
era chamado desde outubro de 1997.
Na altura, Portugal fechava o
excelente ano de 2000, em que atingiu as meias-finais do Campeonato da Europa e
se colocou em boa posição na qualificação para o Mundial
2002, com o selecionador António Oliveira a aproveitar o encontro dessa
quarta-feira – o único da concentração, pois no fim de semana anterior e no
seguinte havia compromissos do clube – para observar alguns jogadores novos em
contexto de seleção.
Pela frente estava uma seleção de
Israel que, embora não aparecesse nas fases finais dos grandes torneios, era
sempre um osso duro de roer durante os apuramentos. Uma das estrelas da
companhia era um jovem de apenas 20 anos que dava pelo nome de Yossi Benayoun,
craque do Maccabi Haifa que anos mais tarde representou clubes como Liverpool, Chelsea
e Arsenal.
Mas eram os médios Idan Tal (Everton) e Eyal Berkovic (Celtic)
os que jogavam a um nível mais elevado.
Num jogo não muito entretido, Luís
Figo colocou um ponto final na monotonia aos 49 minutos, ao inaugurar o
marcador, a passe de Pauleta, num lance em que os jogadores israelitas ficaram
a pedir falta do então craque do Real Madrid.
À passagem da hora de jogo, Figo
voltou a estar em destaque, desta feita a fazer a assistência. Na execução de
um livre lateral a partir da esquerda, encontrou ao segundo poste Jorge Costa,
que só teve de encostar. Foi o primeiro golo de sempre do “bicho” pela seleção
nacional.
No entanto, o melhor momento da
noite estava guardado para o minuto 85: o golo israelita. Ainda um desconhecido
do grande público, Benayoun conduzia um contra-ataque pela direita, mas encontrou
espaço para fletir para a zona central e disparou para o fundo das redes à
guarda do Quim – minutos antes de ceder o seu lugar a Jorge Silva –, num remate
que fez a bola embater na trave antes de entrar na baliza portuguesa.
Portugal ganhou por 2-1, mas no final
a imprensa destacou mais as experiências promovidas por António Oliveira do que
propriamente o resultado e a exibição.
“Foi a noite de todas as prendas:
Sérgio
Conceição fez 26 anos e teve direito aos ‘parabéns a você’, António
Oliveira utilizou todos os suplentes, concedendo a primeira internacionalização
a Delfim,
João Tomás, Cabral e Jorge Silva, e, por fim, a seleção reconciliou-se com o
público de Braga, vencendo Israel por 2-1 e fazendo esquecer a derrota com a
França, no consulado de Artur Jorge, a tal que levou este mesmo público minhoto
a acenar com lenços brancos”, escreveu o Record.
“Valeu pelas estreias, pela
constatação inequívoca de que Portugal produz que se farta em qualidade. Os
particulares servem para isto mesmo. António Oliveira secundarizou a afinação
de um onze incontestado e deu prioridade à observação, ao estudo de novas
soluções para lugares que, longe de se encontrarem fragilizados, ganham cada
vez mais candidatos. A seleção pode dar-se ao luxo de abdicar de consagrados,
deixando-os de reserva para compromissos a doer. Falta Paulo Sousa, joga Delfim,
o único dos debutantes com direito a 90 minutos de baile. Cabral levantou-se
finalmente para pular em direção ao centro da pista, depois de uma convocatória
em que nem sequer despiu o fato de treino. João Tomás, o tal que alcança no Benfica,
em escassos minutos, aquilo que outros bem mais caros não conseguem esboçar,
recebeu um estímulo que lhe permite abordar os próximos meses com confiança
redobrada. Faltava apenas Jorge Silva. Já foi campeão no FC
Porto, tem brilhado como pode na tacanhez de Paranhos, mas encarou com
naturalidade a justiça que finalmente lhe fizeram. Tocou uma única vez na bola,
mas nunca a deve ter sentido tão redonda, tão especial, tão mágica”, sintetizou
o Maisfutebol.
E para o caro leitor, qual é o primeiro jogo entre Portugal e Israel de que tem memória? E quais foram as melhores e mais marcantes jogos de sempre entre as duas seleções?
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