Eliminatórias da Champions são pautadas pelas emoção |
Desde que em 1992 mudou de
formato e de nome, de Taça
dos Campeões Europeus para Liga
dos Campeões, a prova
milionária tornou-se mais elitista, deixando apena entreaberta a porta aos
campeões dos campeonatos menores e escancarou-a a outras equipas que não as
campeãs das principais ligas.
Embora a fase de grupos seja uma
das bandeiras da era Champions
League, tem sido a fase a eliminar a protagonizar autênticos duelos de
titãs, entre várias das principais equipas do planeta, em que qualquer baixar
de guarda pode custar bem caro, pois do outro lado está sempre um adversário
fortíssimo.
Entre reviravoltas inesperadas,
eliminações surpreendentes, chuvas de golos e golpes de teatro ao cair do pano,
vale a pena conferir a nossa lista de dez eliminatórias mais marcantes da Liga
dos Campeões, por ordem cronológica.
1998-99: Meias-finais
1ª mão: Manchester United 1-1 Juventus
2ª mão: Juventus
2-3 Manchester United
A forma como o Manchester United venceu a final da Liga
dos Campeões frente ao Bayern Munique em 1999 foi de tal forma épica, que
poucas vezes se fala da epopeia que os homens de Alex
Ferguson protagonizaram nas meias-finais.
Na primeira-mão, em Old Trafford, a Juventus
esteve mais de uma hora em vantagem, depois de Antonio Conte ter inaugurado o
marcador aos 25 minutos, mas permitiu que Ryan Giggs restabelecesse o empate ao
cair do pano. Ainda assim, uma igualdade a um golo fora continuava a ser
um resultado bastante interessante para a vecchia
signora, então orientada por Carlo Ancelotti.
2003-04: Quartos de final
Embora Wálter Pandiani tivesse
colocado o emblema
da Corunha em vantagem na primeira-mão, em San Siro, Kaká restabeleceu o
empate à beira do intervalo. Na segunda parte, os rossoneri entraram de forma
demolidora e marcaram três golos no espaço de oito minutos, por Shevchenko
(46’), Kaká (49’) e Pirlo (53’).
No entanto, foi tudo bem
diferente no Riazor. Endiabrados, os galegos
de Javier Irureta já se tinham colocado em vantagem na eliminatória quando o
árbitro apitou para intervalo, graças aos golos de Pandiani (5’), Valerón (35’)
e Luque (44’). No segundo tempo, Fran deu a estocada final (76’).
2003-04: Quartos de final
1ª mão: Real
Madrid 4-2 Mónaco
2ª mão: Mónaco
3-1 Real
Madrid
24 horas depois de o Deportivo
ter chocado a Europa ao eliminar o campeão europeu AC
Milan de forma humilhante, o Mónaco
protagonizou outra grande surpresa ao eliminar o Real
Madrid dos galácticos.
Mas voltemos ao início. Tal como
o AC
Milan em San Siro frente ao Deportivo,
o Real
Madrid de Carlos Queiroz começou a eliminatória com um triunfo
aparentemente confortável sobre o Mónaco
no Santiago Bernabéu. Depois de Squillaci ter adiantado os monegascos
de Didier Deschamps no final da primeira parte (43’), os merengues
deram a volta com quatro golos em meia hora, da autoria de Helguera (51’), Zidane
(70’), Figo (77’) e Ronaldo (81’). No entanto, o emblema
do Principado ainda reduziu a desvantagem, e logo por intermédio de um
jogador emprestado pelos blancos,
Morientes (83’).
Duas semanas depois, em Monte
Carlo, o Real
Madrid ficou em posição ainda mais privilegiada para seguir para as
meias-finais quando Raúl inaugurou o marcador aos 36 minutos. Porém, depois
emergiram as duas principais estrelas do Mónaco:
Ludovic Giuly e Fernando Morientes. Depois de servir o francês para o 1-1 à
beira do intervalo (45’), o espanhol colocou os monegascos
a vencer logo após o interregno (42’). A meio da segunda parte, um mágico toque
de calcanhar de Giuly fez a bola passar por entre as pernas de Roberto Carlos e
entrar na baliza de Casillas
(66’).
2004-05: Oitavos de final
Frente a frente, duas das melhores equipas da Europa, que haveriam de
conquistar nessa temporada os campeonatos de Espanha
e Inglaterra.
Na primeira-mão, em Camp Nou, um autogolo de Belletti colocou o Chelsea
de José
Mourinho em vantagem. No entanto, tudo mudou na segunda parte. Primeiro,
foi a expulsão de Drogba a deixar os londrinos
reduzidos a dez. Depois, foi o recém-entrado avançado argentino Maxi López, que
um mês antes esteve nas cogitações do Benfica,
a causar impacto, tendo apontado o golo do empate (67’) e feito a assistência
para o 2-1, da autoria de Eto’o (73’).
Após o jogo, Mourinho
acusou o árbitro do encontro, o conceituado sueco Anders Frisk, de ter
convidado o treinador do Barcelona,
Frank Rijkaard, para entrar no balneário dele durante o intervalo. A UEFA
castigou o português,
mas acabou por ser Frisk o mais castigado, uma vez que anunciou a sua retirada
na sequência de ameaças dirigidas à sua família.
Na segunda-mão, em Stamford
Bridge, o Chelsea
foi demolidor durante os primeiros 20 minutos e colocou-se rapidamente a vencer
por 3-0, com golos de Gudjohnsen (8’), Lampard (17’) e Duff (19’). Contudo, a
eliminatória ainda não estava resolvida, como provou o mágico Ronaldinho, que
faturou por duas vezes até ao intervalo, primeiro de grande penalidade (27’) e
depois através de um remate colocadíssimo após ter sambado perante Ricardo
Carvalho (79’), recolocando o Barcelona
em vantagem na eliminatória. Porém, um cabeceamento certeiro do capitão John
Terry carimbou o apuramento dos blues
para os quartos de final (76’).
2008-09: Quartos de final
1ª mão: Liverpool 1-3 Chelsea
2ª mão: Chelsea
4-4 Liverpool
Ainda com o homem do leme da conquista do título europeu em 2005, Rafa
Benítez, e outro espanhol a marcar golos atrás de golos na frente de ataque,
Fernando Torres, o Liverpool vivia um grande momento em 2009, tendo chegado a
sonhar em sagrar-se campeão inglês 19 anos depois. Do outro lado, um Chelsea
que mantinha as pedras basilares da equipa que José
Mourinho construiu, mas que, sob a orientação do holandês Guus Hiddink,
procurava vencer a Liga
dos Campeões pela primeira vez.
O jogo da primeira-mão, em Anfield, começou praticamente com um golo de
Fernando Torres, logo aos seis minutos. No entanto, dois cabeceamentos
certeiros do defesa sérvio Ivanovic (39’ e 62’) e um golo de Drogba já na reta
final (80’) deram a vitória ao Chelsea.
Em Stamford
Bridge, o Liverpool começou muito bem, fazendo renascer o espírito que
levou os reds a dar a volta a um 0-3
na final de 2005. À meia hora, o conjunto orientado por Rafa Benítez já vencia
por 2-0, com golos de Fábio Aurélio (19’) e Xabi
Alonso (28’, g.p.), e ficou a apenas um remate certeiro de passar para uma
situação vantajosa. Na segunda parte o Chelsea
deu a volta ao jogo, por intermédio de Drogba (51’), Alex (57’) e Lampard
(76’), mas o Liverpool marcou dois golos de rajada, por Lucas Leiva (81’) e
Dirk Kuyt (82’), e voltou a ficar a um do apuramento. Os últimos dez minutos
foram dramáticos, mas Lampard fez o 4-4 aos 89’ e sentenciou a eliminatória.
O resultado do jogo de Londres ainda hoje está na história da Liga
dos Campeões como o empate com mais golos alguma vez registado na fase a
eliminar da prova.
2012-13: Quartos de final
1ª mão: Málaga
0-0 Borussia Dortmund
2ª mão: Borussia
Dortmund 3-2 Málaga
Em estreia absoluta na Liga
dos Campeões, o Málaga
propriedade do sheik qatari Abdullah
ben Nasser Al Thani, orientado por Manuel Pellegrini e com jogadores como
Demichelis, Toulalan, Júlio Baptista, Joaquín, Isco,
Saviola, Santa Cruz e os portugueses Eliseu, Antunes e Duda estava a ser uma
das grandes sensações da prova. Após ter vencido um grupo que também incluía AC
Milan, Zenit
e Anderlecht,
eliminou o FC Porto na Liga
dos Campeões. Já o Borussia
Dortmund, orientado por Jurgen Klopp, atingia os quartos de final pela
primeira vez desde 1998.
Na
primeira-mão, no Estádio La Rosaleda, registou-se um empate a zero que
deixou tudo em aberto para o segundo jogo, na Alemanha.
Embora o Borussia
Dortmund fosse favorito, até porque se tratava do bicampeão alemão, esteve
a maior parte do encontro no Signal Iduna Park em desvantagem na
eliminatória. Joaquín adiantou os andaluzes
aos 21 minutos, Lewandowski empatou aos 40’ e Eliseu (em posição de fora de
jogo) colocou a equipa
espanhola com pé e meio nas meias-finais quando fez o 1-2 aos 82’. Quanto
Marco Reus empatou o encontro aos 90+1’, parecia estar apenas a consolar um
pouco os fervorosos adeptos germânicos, mas o brasileiro Felipe Santana (também
em fora de jogo) fez o 3-2 final aos 90+3’.
2016-17: Oitavos de final
2ª mão: Barcelona
6-1 Paris Saint-Germain
Dotado de um investimento avultado por parte do grupo Qatar Sports
Investments, detido por Nasser Al-Khelaifi, o Paris Saint-Germain de Unai Emery
procurava desesperadamente chegar pela primeira vez à final da Liga
dos Campeões e parecia ter argumentos para o fazer.
Na primeira-mão, no Parc des
Princes, os parisienses mostraram todo o seu poderio e golearam por 4-0, com
golos de Di María (18 e 55 minutos), Draxler (40’) e Cavani (71’).
A missão parecia quase impossível
para o Barcelona
de Luis Enrique, mas quem tinha à disposição um trio atacante composto por Neymar,
Suárez e Messi
só podia sonhar. Um golo madrugador de Suárez aos três minutos e um autogolo de
Kurzawa aos 40’ levaram os catalães
para intervalo a ganhar por 2-0. No início de segundo tempo, Messi
dilatou a vantagem (50’), mas pouco depois de hora de jogo Cavani reduziu para
3-1 - ou seja, de repente o Barça
passou de estar a um golo de igualar a eliminatória a ter de marcar mais três
golos para seguir em frente. O resultado manteve-se até bem perto do fim, mas
nos últimos minutos o génio de Neymar
entrou em cena, ao marcar de livre direto (88’) e penálti (90+1’) antes de
fazer a assistência para o golo decisivo de Sergi Roberto (90+5’).
Pela primeira – e por enquanto
única – vez na história, uma equipa recuperou de uma desvantagem de quatro
golos numa eliminatória europeia.
2016-17: Oitavos de final
1ª mão: Manchester City 5-3 Mónaco
2ª mão: Mónaco
3-1 Manchester City
Ainda que a equipa
do Principado tivesse estado duas vezes em vantagem e desperdiçado uma
grande penalidade, os citizens
confirmaram o favoritismo na primeira-mão, no Etihad Stadium, e venceram por
5-3. Sterling (26’), Aguero (58’ e 71’), Stones (77’) e Sané (82’) marcaram
para os ingleses, Falcao
(32’ e 61’) e Mbappé (40’) para os monegascos.
No segundo jogo, em Monte Carlo,
o desfecho foi bem diferente. Mesmo sem Falcao,
o Mónaco
chegou à meia hora a vencer por 2-0, com golos de Mbappé (8 minutos) e Fabinho
(29’). Sané reduziu a desvantagem e recolocou os citizens na frente da eliminatória aos 71’, no que parecia ser um
balde água fria para a equipa de Leonardo Jardim. Contudo, um cabeceamento
certeiro de Bakayoko (77’) levou os monegascos
para os quartos de final.
2017-18: Quartos de final
2ª mão: Roma 3-0 Barcelona
Um ano depois de ter protagonizado um dos momentos mais mágicos de sempre
da Liga
dos Campeões, o Barcelona
era claro favorito frente a uma Roma que não atingia as meias-finais desde que
foi finalista na sua primeira participação na ainda designada por Taça
dos Campeões europeus, em 1983-84.
Na primeira-mão, em Camp Nou, o Barcelona
de Ernesto Valverde fez o que toda a gente estava à espera e venceu
confortavelmente os romanos por 4-1, beneficiando de autogolos de Daniele De
Rossi (38’) e Manolas (55’) e dos remates certeiros de Piqué (59’) e Suárez
(87’) – pelo meio, Dzeko (80’) reduziu a desvantagem.
O segundo jogo, no Olímpico de
Roma, parecia estar destinado para mero cumprimento de calendário. No entanto,
a formação da capital italiana, comandada por Eusebio Di Francesco, acreditou
na reviravolta e operou-a. Depois do golo madrugador de Dzeko (seis minutos),
na segunda parte os dois homens que na semana anterior tinham marcado na
própria baliza, De Rossi (58’, g.p.) e Manolas (82’), viraram heróis.
2018-19: Meias-finais
2ª mão: Liverpool 4-0 Barcelona
Embora os catalães
tivessem dado uma grande demonstração de superioridade em Camp Nou, o jogo de
Anfield foi completamente diferente. Mesmo sem as estrelas Salah
e Firmino, o Liverpool de Jurgen Klopp foi esmagador e goleou por 4-0. Origi
abriu (7’) e fechou a goleada (79’), mas pelo meio Wijnaldum também bisou (54’
e 56’). O quarto golo dos reds teve a
particularidade de ter sido obtido numa rápida execução de um pontapé de canto,
com um apanha-bolas a servir rapidamente o executante do canto,
Alexander-Arnold, que apanhou a defesa do Barça
completamente desprevenida.
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