Médio Marcos Silva procura afirmar-se no Recreio de Águeda |
Filho de pais angolanos,
o possante médio Marcos Silva passou pela formação do Sporting
e esteve à experiência nos gigantes de Manchester, mas é com a camisola do Recreio
de Águeda que vai mostrando o que vale no Campeonato
de Portugal…. depois de ter sido anunciado como reforço do Amora.
Em entrevista, o jovem
centrocampista passa o seu trajeto futebolístico em revista e fala sobre a possibilidade
de representar Angola.
ROMILSON TEIXEIRA - Na última jornada brilhou na vitória do Recreio
de Águeda sobre o Sp. Espinho, ao fazer um cruzamento milimétrico para Rafa
Fonseca no lance do único golo do encontro. Consegue contar-nos como foi o
lance e o que sentiu ao ser decisivo para a conquista dos primeiros três pontos
da equipa no campeonato?
MARCOS SILVA - Senti-me contente
por termos conseguido os primeiros três pontos, somos uma equipa jovem e
ambiciosa, temos qualidade e somos muito bem orientados. O lance foi
consequência do trabalho semanal que temos desenvolvido. Temos treinado muito e
bem, e quando assim é as coisas saem automaticamente. Mas foi um lance apenas,
ainda tenho muito para trabalhar e melhorar. O mais importante é o coletivo que
esteve todo muito bem, unido e concentrado para conseguirmos conquistar a
vitória.
Com que objetivos pessoais e coletivos entrou para a nova temporada?
Os objetivos são claros: ajudar o
Águeda
a lutar pela subida, que eu acredito que com a equipa técnica e com o plantel
que temos, temos todas as condições para o fazer, e trabalhar sempre todos os
dias com humildade e afinco para ser opção.
O que está a achar dos métodos e das ideias do treinador Zé Nando?
O mister Zé Nando acredita muito
em nós, é um treinador que apresenta bons métodos de treino, que todos os
jogadores gostam, e quer que apresentemos sempre um futebol positivo
independentemente do adversário. Quer sempre que as ideias de jogo sejam
levadas até ao fim, é uma excelente pessoa e muito próximo do plantel, é um
prazer poder trabalhar e aprender com o mister.
“Recreio de Águeda é um clube acima da média para o Campeonato de Portugal”
Marcos Silva quando foi anunciado no Amora |
O Recreio
de Águeda já esteve na I
Divisão. Que balanço faz dos primeiros tempos neste emblema do distrito de
Aveiro? Que clube e cidade encontrou?
Como disse anteriormente, este clube
tem condições espetaculares, a cidade é uma típica cidade do centro do país,
onde as pessoas são simpáticas e sempre disponíveis. O balanço é muito
positivo, sinto-me muito bem e fui muito bem-recebido, é um clube
e uma estrutura muito acima da média para a divisão em que nos encontramos e estou
contente e motivado para continuar a desenvolver o meu trabalho. O clube
é ambicioso e tem metas bem definidas.
Sei que o Recreio
de Águeda esteve na I Divisão na época de 1983-84 e infelizmente desceu. Condições
de infraestruturas e de profissionalismo do staff de I
Liga tem e desejo um dia poder ver o clube
e a cidade no convívio
com os grandes do nosso futebol.
Chegou a ser anunciado como reforço do Amora. O que se passou para não ficar na Medideira e rumar a Águeda?
Não se passou nada em concreto. Eu em conjunto com o meu agente Paulo Formosinho sentimos que o Águeda tinha muita confiança nas minhas qualidades, o mister Zé Nando conjunto com o presidente e o diretor desportivo passaram-me muita confiança, sempre desejaram muito contar comigo e depois este clube tem umas condições espetaculares para os jogadores, não nos falta nada e só temos que nos preocupar em desenvolver o nosso futebol. Sinto-me bastante bem no clube e na cidade.
É um médio com 1,92 m. Como se descreve como jogador? Quando uma equipa
o contrata, com o que pode contar?
É verdade, sou um jogador com
alguma estampa física. Utilizar o meu corpo é uma característica positiva,
considero-me um jogador polivalente, já joguei a central, a médio defensivo e a
médio ofensivo e quando joguei na formação do Sporting
era extremo, por isso sinto-me à vontade. Sou uma pessoa ambiciosa e tento
sempre trabalhar para melhorar, o clube que me contratar vai contratar um
jogador que treina e joga para ganhar.
Voltando atrás no seu trajeto como futebolista, passou pela formação de
Belenenses,
Corroios, Naval, Amora
e Atlético.
Quais são as principais recordações que tem dos seus anos no futebol juvenil?
Uma das minhas maiores alegrias
foi quando aos seis anos fui selecionado para fazer parte da equipa de
escolinhas do Sporting
Clube de Portugal. Fiz amigos que ainda tenho, foi a minha primeira
introdução ao futebol.
O Corroios, o Naval e
principalmente o Atlético
significam muito para mim no meu trajeto futebolístico, e todos esses clubes
têm uma importância muito grande no jogador que sou hoje.
Quando passou a sénior, integrou o plantel do Amora
que disputou a I
Distrital da AF Setúbal, mas também jogou pela equipa B nessa época. Quais
foram as principais dificuldades que encontrou na transição de júnior para
sénior?
Na verdade, é sempre complicada a
transição do futebol de formação para o futebol sénior, mas o pior disso foi a
lesão que sofri e a falta de apoio que senti da estrutura do clube,
o que me deixou bastante desiludido, pois era um ano importante, ano esse que
sentia que poderia jogar, mas são águas passadas.
“O Atlético é um clube fantástico e com uma massa adepta apaixonante”
Foram dos meus melhores anos, o Atlético
é um clube
fantástico e com uma massa adepta apaixonante. Os dois grupos foram
espetaculares, o de juniores e o de seniores, encontrei um grande treinador de
nome Carlos Alves, que é meu amigo e ainda hoje que me liga sempre a perguntar
se está tudo bem comigo, e que é uma pessoa muito especial para mim, assim como
os meus companheiros, com os quais também ainda mantenho contacto.
Da II Divisão Distrital da AF
Lisboa deu o salto para o Praiense, uma das equipas que tem vindo a ameaçar
subir à II
Liga. Que balanço faz da época que passou no emblema açoriano? O que o
clube tem de especial para conseguir ano após ano a lutar pela promoção?
O Praiense mostrou interesse
junto do meu agente e amigo Paulo Formosinho, pessoa pela qual nutro um carinho
muito especial. Posto isto, o meu agente achou que podia ser bom para mim e
aceitámos a proposta. Tinha ido da II Distrital para o Campeonato
de Portugal e ia com muitas expectativas, sentia que podia e tinha
condições de jogar mais e trabalhei sempre com afinco, mas infelizmente joguei
menos do que aquilo que estava à espera.
O clube tinha uma equipa que
jogava junta há algum tempo, tinha jogadores experientes e era bem orientado, por
isso era sempre um dos candidatos à subida.
Fale-nos das suas raízes em Angola.
Alguma vez visitou o país?
Os meus pais são angolanos
e eu logicamente tenho uma proximidade muito grande com o país.
Nasci em Portugal, mas vou a Angola
frequentemente, as minhas raízes são todas angolanas.
Aos domingos comemos coisas da terra e a maior parte da minha família reside em
Angola,
por isso sinto muito carinho pela terra mãe.
“Estive à experiência no Manchester City e no Manchester United”
Como foi a sua infância? Onde nasceu e cresceu?
A minha infância foi muito rica,
brinquei muito. Os meus pais são pessoas que prezam muito a importância da
família, o meu pai e a minha mãe nunca deixaram que me faltasse nada e estão
sempre muito presentes. O meu pai é a minha maior referência, tem um coração
grande, e é muito meu amigo, assim como os meus irmãos e a minha mãe.
Nasci em Almada, cresci entre
Vale Figueira e Amora
e pelo meio vivi ainda alguns anos em Manchester, onde estive à experiência no
Manchester City e no Manchester United. Fui uma criança muito feliz e realizada.
Representar Angola
é algo que lhe passa pela cabeça? Alguma vez foi contactado pela Federação
Angolana de Futebol (FAF)?
Como filho de angolanos
e sendo detentor do passaporte angolano
é legítimo, mas vamos ver o que diz o futuro sobre essa possibilidade.
Acompanha o futebol angolano?
Que opinião tem sobre o mesmo e quais são os atletas que admira?
Para ser sincero não acompanho
muito o futebol angolano,
mas sempre que posso tento ver. Sei que os clubes mais importantes são o 1º
de Agosto e o Petro
de Luanda. Quanto aos jogadores, o Gelson Dala é um excelente jogador.
Também é inevitável falar da pandemia
de Covid-19. Sente-se seguro ao estar sem máscara perto de tantas pessoas que
não são regularmente testadas?
Sinto-me seguro. Sou sempre muito
cuidadoso, assim como as pessoas que me rodeiam.
O público começa agora a regressar aos estádios em Portugal. A DGS tem
referido que o público do futebol se comporta de maneira diferente em relação
ao público das touradas e dos espetáculos. É da mesma opinião ou sente que é
preconceito?
O momento que se vive de crise
global é muito delicado e é sempre importante medir o que se vai dizer. Todos
nós sabemos que o futebol é um desporto de paixões e que suscita sentimentos e
reações muito fortes em todos nós. O público faz parte do espetáculo, qualquer
jogador adora jogar com o público e com os estádios cheios, mas também é
necessário perceber o momento que se vive e fazer as coisas de forma a que
possamos ultrapassar o mais rapidamente possível esta fase triste. E isso é respeitar
as normas que a DGS impõe.
Tem alguma outra ocupação além do futebol ou dedica-se a esta atividade
a 100%?
Vivo futebol a 200%. Quando não
estou a jogar penso em futebol e quando estou a dormir sonho com futebol. O
futebol é tudo para mim.
Entrevista realizada por Romilson Teixeira
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