sábado, 25 de julho de 2020

Cinco ocasiões em que o Vitória FC garantiu a permanência na última jornada

Auri e Ricardo Chaves festejam permanência na Figueira da Foz em 2009
Ver o Vitória de Setúbal a lutar pela permanência até ao final do campeonato já é um clássico da I Liga. O clube que outrora batalhava por lugares europeus tem estado no século XXI quase sempre arredado de outras ambições que não a da salvação. Tem sido assim ano após um ano.

Ininterruptamente na I Liga desde 2004-05, os sadinos têm quase sempre assegurado a manutenção ainda antes da última jornada, mas houve cinco ocasiões em que partiram para a derradeira ronda com hipóteses matemáticas de ser despromovido. Em duas vezes, tal como vai acontecer esta temporada, os setubalenses entraram na última jornada em zona de despromoção e ainda assim conseguiram manter-se entre a elite do futebol português.

Numa altura em que jogadores, equipa técnica e dirigentes do Vitória estão com a corda na garganta e os adeptos vitorianos têm suores frios e custam a adormecer só de pensar na possibilidade de descer de divisão, vale a pena recordar as cinco últimas ocasiões em que a turma do Bonfim garantiu a permanência já na reta da meta.


20 de maio de 2007 – I Liga (30.ª jornada)
Naval 1-2 Vitória FC
À entrada para a última jornada, o Vitória então orientado pelo bombeiro de serviço Carlos Cardoso partia em último lugar, com menos um ponto do que Desp. Aves e Beira-Mar, as outras duas equipas que também podiam descer de divisão.
Sem depender apenas de si, os sadinos deslocavam-se à Figueira da Foz para defrontar a Naval. Por sua vez, o Beira-Mar recebia o Paços de Ferreira, que lutava por ir às competições europeias. Já o Desp. Aves visitava o FC Porto, que precisava de ganhar para ser campeão.
Aos dez minutos, a Naval inaugurou o marcador e tornou ainda mais difícil a missão dos sadinos. Porém, Auri empatou aos 18’ e Ayew deu a volta ao texto aos 34’, construindo uma vantagem que o Vitória segurou até ao apito final.
Nas outras partidas, o Beira-Mar não foi além de um empate caseiro ante o Paços de Ferreira (1-1) e o Desp. Aves saiu goleado do Dragão (1-4), o que ditou a despromoção de aveirenses e avenses.



23 de maio de 2009 – I Liga (30.ª jornada)
Naval 2-2 Vitória FC
Mais uma vez a Figueira da Foz como palco da festa sadina. O Vitória, novamente orientado pelo bombeiro de serviço Carlos Cardoso, entrou para a última jornada com um ponto de avanço sobre o Belenenses e dois sobre o Trofense, as duas equipas que ocupavam a zona de despromoção.
Com os jogos a começar à mesma hora, os azuis do Restelo ficaram em vantagem sobre o Benfica no Estádio da Luz logo aos três minutos e atiraram virtualmente os setubalenses para a zona de despromoção.
Porém, o figurino foi-se alterando com o decorrer dos encontros: as águias deram a volta e venceram o Belenenses por 3-1; o Vitória começou a perder, virou o jogo, esteve a ganhar com golos de Bruno Gama (53’) e Leandro Carrijo (69’), mas terminou empatado no terreno da Naval (2-2); e o Trofense, que esteve empatado a zero no reduto do Paços de Ferreira até aos 75 minutos, perdeu na Mata Real (0-1).
Mais tarde, acabou por ser o Estrela da Amadora e não o Belenenses a descer, devido a dificuldades financeiras.



19 de maio de 2013 – I Liga (30.ª jornada)
Embora tivesse entrado para a última jornada com possibilidades de despromoção, o Vitória, então comandado por José Mota, partia numa posição confortável, uma vez que estava acima de quatro equipas: Gil Vicente (menos um ponto), Moreirense (menos dois), Olhanense (menos dois) e Beira-Mar (menos três).
Embora tivesse estado em desvantagem na receção do Sp. Braga desde os 32 minutos, os sadinos nunca estiveram virtualmente em zona de despromoção na derradeira ronda, pois desde bem cedo que o Beira-Mar esteve a perder no encontro frente ao Sporting em Aveiro e o Olhanense nunca desatou o 0-0 na receção ao Marítimo. O Gil Vicente chegou a estar em vantagem na receção ao Estoril e o Moreirense também esteve a vencer na visita ao Estádio da Luz, mas as duas equipas minhotas acabaram por perder.
Feitas as contas, o Vitória manteve o 12.º lugar (em 16 equipas) com que partiu para a última jornada e o Olhanense somou um ponto que lhe permitiu descolar do Moreirense, que acabou por descer.



14 de maio de 2016 – I Liga (34.ª jornada)
No início de janeiro, após a conclusão da 15.ª jornada, o Vitória ocupava o quinto lugar com 22 pontos, os mesmos do Paços de Ferreira, que era sexto. Porém, nas 18 rondas que se seguiram os sadinos então orientados por Quim Machado somaram apenas mais sete pontos e entraram para a última jornada com reais possibilidades de despromoção, uma vez que ocupavam o 15.º lugar com os mesmos pontos do que o União da Madeira (16.º) e mais dois do que a primeira equipa em zona de despromoção, o Tondela.
Os beirões, que passaram praticamente todo o campeonato a carregar a lanterna vermelha, cedo ficaram em vantagem na receção à já despromovida Académica, acabando por vencer por 2-0. O União da Madeira também esteve a vencer o Rio Ave em casa, o que a dada altura deixou os setubalenses em situação complicada, pois um golo dos pacenses – que ainda lutavam por uma vaga na Liga Europa - deitava tudo a perder.
Porém, o Vitória susteve o empate a zero e conquistou o ponto que lhe garantiria sempre a permanência independentemente dos outros resultados, devido à vantagem no confronto direto com o Tondela e à desvantagem dos madeirenses num eventual desempate a três. Além disso, o Rio Ave deu a volta e bateu o União.



14 de maio de 2016 – I Liga (34.ª jornada)
Tal como em 2006-07, o Vitória entrou para a derradeira jornada em último lugar e sem depender apenas de si. À sua frente e ainda com hipótese de despromoção estava o Estoril (com os mesmos pontos e vantagem no confronto direto), Paços de Ferreira (mais um ponto e empatado na diferença de golos), Feirense (mais um ponto e vantagem no confronto direto) e Moreirense (mais três pontos, mas com desvantagem no confronto direto).
Agarrado à calculadora, os sadinos inauguraram o marcador aos 23 minutos, por André Pereira, e largaram virtualmente a zona de despromoção. Nesse momento, Feirense e Estoril empatavam a zero em Santa Maria da Feira – um resultado que se haveria de manter até ao fim – e o Paços de Ferreira começava a perder em Portimão – de onde saiu derrotado (1-3). O Moreirense perdia na Luz, mas estava relativamente tranquilo.
A equipa então orientada por José Couceiro, obrigada a ganhar, manteve a vantagem até ao apito final e beneficiou da conjugação de resultados para saltar do 18.º para o 14.º lugar, relegando Paços de Ferreira e Estoril para a II Liga.
“Estou morto. Rebentei, acabou. Não tenho capacidade psicológica, não tenho capacidade de reação a muitas das coisas. Fui ao meu limite para o Vitória, por estes jogadores e pelo Vitória. Esgotei. Não vale a pena. Há momentos em que se tem de fazer um break, parar. Eu cheguei a esse momento”, confessou o treinador sadino, que esteve no comando técnico desde o início ao fim da época e que no final de 2017 assistiu a uma mudança de direção: demissão de Fernando Oliveira e eleição de Vítor Hugo Valente.
























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