Dez figuras emblemáticas da história do Gil Vicente na I Divisão |
Nos anos 1940 os gilistas
passaram a ser presença habitual nos campeonatos nacionais, nomeadamente na II
Divisão, mas raramente estiveram às portas da promoção à elite. Em 1976-77 os
barcelenses causaram sensação na Taça
de Portugal, ao chegar às meias-finais, onde foram eliminados pelo Sp.
Braga, onde foram eliminados somente o jogo de desempate, mas foi preciso
esperar pouco mais de uma década para atingirem a I Divisão.
Em 1989-90, o antigo lateral
direito portista Rodolfo Reis assumiu o comando técnico e guiou o Gil Vicente à
elite do futebol nacional. Os jovens Folha, Capucho e Paulo Alves, que haveriam
de se tornar internacionais AA por Portugal, foram outros dos rostos do
sucesso.
Daí para cá, a formação de
Barcelos passou a ser presença assídua na I Divisão, somando já 19
participações – incluindo a de 2019/20 -, tendo como melhor classificação de
sempre o 5.º lugar obtido em 1999-00. Paralelamente, voltou a atingir as
meias-finais da Taça
de Portugal em 2015-16, quatro anos depois de ter sido finalista
vencida da Taça da Liga.
Mas voltando à I Divisão, foram
306 os futebolistas que jogaram pelo Gil Vicente no primeiro escalão. Vale por
isso a pena recordar os dez que o fizeram por mais vezes.
10. Rosado (115 jogos)
Rosado |
Sempre um dos pilares da equipa,
na primeira época esteve perto da subida ao primeiro escalão, mas os gilistas
não foram além do terceiro lugar na II Divisão – Zona Norte, atrás de Tirsense
e Freamunde. Na temporada seguinte ajudou os barcelenses a cumprir o objetivo
de subir pela primeira vez ao primeiro escalão, tendo disputado 33 jogos e
marcado um golo, na receção ao Maia.
Depois jogou mais quatro anos
pelo Gil Vicente entre a elite do futebol português, ajudando o clube a
assegurar a permanência época após época. Foi assim em 1990-91, quando disputou
os 38 encontros (37 a titular) do campeonato e marcou dois golos, a Farense
e Benfica.
Na época seguinte participa em 33 das 34 jornadas (sempre a titular) e volta a
faturar por duas vezes, a Estoril
e Torreense. Em 1992-93 já foi menos utilizado, tendo jogado 28 partidas (23 a
titular) e marcado dois golos, a Farense
e Estoril.
E na última temporada, numa fase em que já tinha 33 anos, não foi além de 16
jogos (14 a titular).
Depois prosseguiu a carreira no
Famalicão antes de terminar a carreira no Alferrarede, clube de Abrantes em que
fez grande parte da formação, já como jogador-treinador. Desde que voltou à
terra natal que tem trabalhado como técnico principal em clubes do distrito de
Santarém.
9. Luís Coentrão (118 jogos)
Luís Coentrão |
Em Barcelos ficou seis anos, os
quatro primeiros no futebol português. Juntamente com Braima, Luís Loureiro e
Casquilha formou um meio-campo sólido, que em 2002-03 ajudou os gilistas a
obterem um honroso 8.º lugar, a segunda melhor classificação de sempre do clube
na I Divisão.
Depois de nessa época ter
disputado 29 jogos (26 a titular) e marcado dois golos, a Sp.
Braga e Sporting,
Luís Coentrão foi titular nos 32 encontros em que participou em 2003-04, tendo
marcado um golo, e logo numa vitória sobre o FC
Porto de José
Mourinho.
Em 2004-05 manteve a
titularidade, disputando 29 partidas (26 a titular) e faturado por duas vezes,
nos empates nos terrenos de Marítimo e União
de Leiria. Porém, na temporada seguinte perdeu influência, tendo sido
titular em apenas 10 dos 28 encontros em que participou, embora tenha voltado a
marcar dois golos, à Naval e ao seu Rio Ave.
Haveria de continuar no clube por
mais dois anos apesar da despromoção à II Liga motivada pelo Caso Mateus. Em
2008 mudou-se para a União
de Leiria e passaria ainda por Oliveirense e Vianense antes de encerrar a
carreira em 2013 ao serviço do Melgacense.
8. Adriano Facchini (119 jogos)
Adriano Facchini |
Nas temporadas seguintes manteve
o estatuto de titularíssimo. Em 2012-13 falhou cinco encontros, tendo disputado
25 (24 a titular), mas nas épocas que se seguiram foi totalista na I Liga: 2600
minutos em 2013-14 e 3060 em 2014-15.
Deixou Barcelos após a descida de
divisão em 2015, recebendo uma homenagem por parte da direção do clube, e rumou
aos turcos do Karabukspor. Voltaria a Portugal para representar Nacional
e Desp. Aves. Porém, voltou à Turquia no último verão para vestir a camisola do
Giresunspor, na II Liga daquele país.
7. Mangonga (132 jogos)
Makopoloka Mangonga |
A época de estreia no Adelino
Ribeiro Novo ficou marcada pela subida à I Divisão. Mangonga contribuiu para
esse feito na altura inédito com cinco golos, entre os quais um no jogo
decisivo no terreno do Varzim, na derradeira jornada da II Divisão – Zona
Norte. “Nunca fui tão feliz num campo de futebol como nessa tarde”, contou ao Maisfutebol.
Seguiram-se cinco anos bastante
produtivos pelos gilistas no primeiro escalão. Logo na época de estreia mostrou
ao que vinha, participando em 34 jogos (29 a titular) e marcando cinco golos,
entre os quais um numa vitória sobre o Sporting
em Barcelos (2-1). “Começámos a perder e demos a volta. Aquilo era só raça.
Curiosamente, eu nem devia ter sido titular, porque o mister Rodolfo dizia que
nos jogos com chuva eu só entrava quando os adversários estivessem cansados, para
dar cabo deles com os meus piques”, recordou.
Num total de 132 jogos pelos
barcelenses no patamar maior do futebol português, apontou 27 golos, que fazem
dele o segundo melhor marcador de sempre do clube na I Divisão. Um dos últimos
remates certeiros foi em pleno Estádio da Luz, em março de 1995, numa vitória
sobre o Benfica.
“Matei o Benfica
sem saber bem como. Eles massacraram-nos o jogo todo, o Brassard foi um gigante
na nossa baliza, e eu lá consegui fazer um bom golo na cara do grande
Preud’homme”, lembrou ao Maisfutebol.
Apesar de ter marcado sete golos
em 25 jogos (16 a titular) em 1994-95, foi dispensado pelo Gil Vicente e não
mais voltou a ser verdadeiramente feliz na carreira: “Fiquei muito desgostoso
com a minha dispensa do Gil, acho que nunca mais fui feliz a jogar. Depois tive
um problema familiar grave, perdi a motivação.”
Passaria ainda por Tirsense,
Beira-Mar, Académico Viseu e Cambres até ao final da carreira, encerrada em
2001.
6. Carlitos (141 jogos)
Carlitos |
Na temporada seguinte ganhou mais
espaço sob o comando técnico de Bernardino Pedroto, participando em 33
encontros (18 a titular) e apontando cinco golos. Porém, só em 1996-97 se
tornou um titular indiscutível, tendo disputado 25 partidas (23 a titular) e
marcado novamente cinco golos. “Ele era um miúdo muito rápido. Era bom quando
lançado em profundidade, mas era também muito habilidoso com a bola nos pés.
Para além de ser sempre um miúdo humilde e bom colega”, recordou o antigo
companheiro de equipa Tuck ao Bancada.
O Gil Vicente haveria de descer
de divisão em 1997, mas Carlitos deu o salto para o Real Madrid, numa fase em
que o extremo era presença assídua nas convocatórias das seleções nacionais de
sub-20 e sub-21. Porém, nunca passou da equipa B dos merengues e nunca se adaptou à capital espanhola, pelo que foi
sucessivamente emprestado a clubes portugueses. Em 1997-98 esteve ao serviço do
Sp.
Braga e ajudou os bracarenses a chegarem à final da Taça
de Portugal. Na segunda parte da época seguinte esteve cedido ao Estrela
da Amadora.
E, por último, em 1999-00
regressou ao Gil Vicente, ainda por empréstimo do Real Madrid, para ajudar o
clube da terra, então recém-promovido, a alcançar a melhor classificação de
sempre na I Liga, o 5.º lugar. Seis golos, entre os quais um ao Sporting
e outro ao FC
Porto, em 30 jogos (21 a titular), foi o contributo do extremo para a façanha
dos gilistas, então orientados por Álvaro Magalhães. “Pronto, fiz pré-época,
concentrei-me e estava junto aos meus, novamente, e fiz uma época fantástica.
Conseguimos a melhor época de sempre do Gil Vicente”, recordou.
Depois chegou a ter acordo com o FC
Porto para rumar às Antas, mas o então presidente do Real Madrid, Lorenzo
Sanz, perdeu as eleições para Florentino Pérez e o negócio já não avançou. Porém,
acabou por se transferir para o Benfica,
clube ao qual ficou ligado até janeiro de 2004.
Entretanto passou pelo Poli Ejido,
da II Liga espanhola, e voltou à casa-mãe no verão de 2004. Já fustigado pelas
lesões, não foi além de 19 jogos (14 a titular) e dois golos em 2004-05. Na
temporada seguinte redimiu-se, com cinco remates certeiros em 32 partidas (28 a
titular), porém, o Caso Mateus atirou o Gil Vicente para a II Liga.
Em 2006-07 começou a temporada
nos barcelenses, mas a meio transferiu-se para o Belenenses,
precisamente o clube que beneficiou do desfecho da decisão administrativa que
despromoveu os gilistas.
Entretanto passou também pelo Vitória
de Guimarães, ajudando os vimaranenses a obterem o terceiro lugar no
campeonato em 2007-08, mas no verão de 2010 voltou ao Gil Vicente para encerrar
a carreira com o título de campeão da II Liga e consequente promoção ao
primeiro escalão. “Acabei por regressar ao Gil Vicente, conseguimos subir de
divisão, mas já não me sentia a cem por cento. Decidi terminar, também porque
recebi uma proposta para ficar no Gil Vicente como diretor-desportivo.
Infelizmente, as coisas depois não se proporcionaram. Fiúza disse que o Gil
ainda não estava preparado para isso, mas não lhe levo a mal”, contou ao Maisfutebol.
Após pendurar as botas abriu um
restaurante e fundou um clube de futsal em Barcelos, o Clube de Futsal Os Galos
de Barcelos, pelo qual chegou a jogar. Porém, o maior sonho do antigo extremo é
tornar-se presidente do Gil Vicente.
5. Lemos (149 jogos)
Lemos |
Embora tivesse saltado dois
patamares competitivos no espaço de poucos meses, impôs-se com naturalidade no
eixo defensivo dos gilistas, formando dupla com Sérgio Cruz e Wilson nas
primeiras épocas. Quase sempre titular, disputou 23 jogos e marcou um golo em
1994-95; somou 29 encontros e dois golos em 1995-96; e 27 partidas (23 a
titular) e um golo em 1996-97, temporada marcada pela descida de divisão.
Manteve-se no clube na II Liga e
ajudou a conquistar o título do segundo escalão e a consequente promoção ao
primeiro escalão em 1999. Porém, não foi tão feliz nesta segunda passagem pela
elite do futebol português, uma vez que Auri e Carlos formaram a dupla titular
em 1999-00, campanha que culminou no 5.º lugar e na qual lemos só participou em
16 jogos (oito a titular), tendo marcado um golo ao FC
Porto.
E 2000-01 voltou a ganhar espaço,
tenho alinhado em 24 partidas (21 a titular), a maior parte das vezes ao lado
de Carlos. Na temporada seguinte, a última no Adelino Ribeiro Novo, voltou a
ser titular indiscutível, tendo competido em 31 desafios e apontado três golos,
um dos quais ao Sporting.
Após oito anos em Barcelos, mudou-se
em 2002 para o Varzim, clube pelo qual teve a última experiência na I Liga. Encerraria
a carreira em 2007, quando atuava no Ribeirão, na II Divisão B.
4. Miguel (164 jogos)
Miguel |
Na altura Miguel impôs-se com
naturalidade no eixo defensivo ao lado de Eliseu ou de Morato, os primeiros com
que fez dupla em Barcelos. Seguiram-se outros, como Hugo Costa, Dito, Vasco,
Rosado, Lemos, Sérgio Cruz e Wilson. Quase sempre titular, começou de início
160 dos 164 jogos que disputou entre 1991 e 1997, tendo apontado nove golos,
entre os quais um ao Benfica
em abril de 1993 e um ao FC
Porto em dezembro de 1993.
Deixaria o Adelino Ribeiro Novo
em 1997, aos 34 anos, após a despromoção à II Liga. Apesar da idade,
continuaria a jogar por mais nove temporadas, por Trofense e Torcatense, nas
competições nacionais não profissionais.
3. Casquilha (176 jogos)
Casquilha |
Porém, a aventura em Barcelos começou
dois anos antes, na II Liga, patamar competitivo no qual já tinha jogado por
Académica, Amora e Feirense. Na primeira época no Adelino Ribeiro Novo, em
1997-98, sentiu algumas dificuldades para se impor, mas conquistou a
titularidade na temporada seguinte, marcada pela subida de divisão, e
praticamente não mais a largou até 2005, quando deixou o clube.
Em 1999-00 foi uma peça fulcral
para a obtenção do histórico 5.º lugar, tendo participado em 32 jogos e
apontado três golos, com Álvaro Magalhães como homem do leme. Nas temporadas
seguintes teve Luís Campos, Vítor Oliveira, Mário Reis e Ulisses Morais como
treinadores, mas manteve a titularidade. Num total de 176 jogos na I Liga ao
longo de seis temporadas, apontou 11 golos e conquistou o estatuto de capitão
de equipa.
Deixaria os gilistas em 2005,
numa fase em que ainda era maioritariamente titular, para jogar pelo Sp.
Espinho na última temporada da carreira.
Em 2017-18 voltaria ao Gil
Vicente, mas na condição de treinador.
2. Tuck (187 jogos)
Tuck |
Paulatinamente, Tuck foi ganhando
o seu espaço na equipa barcelense. Em 1990-91 disputou apenas seis jogos (todos
a titular), na época seguinte 23 (19 a titular) e em 1992-93 afirmou-se em
definitivo no onze gilista sob o comando técnico de Vítor Oliveira, tendo sido
titular nas 34 jornadas do campeonato, dois ao Salgueiros (um em Vidal Pinheiro
e outro no Adelino Ribeiro Novo) e um ao Desp. Chaves.
Nas temporadas seguintes manteve
o estatuto: 32 jogos (25 a titular) e um golo (ao Vitória
de Setúbal) em 1993-94, 29 jogos (28 a titular) e dois golos (a Benfica
e Farense)
em 1994-95, 32 jogos e quatro golos (a Desp. Chaves, Sp.
Braga, Campomaiorense e Tirsense) em 1995-96 e 31 jogos e um golo (ao Sp.
Espinho) em 1996-97, temporada marcada pela descida de divisão. “Tínhamos feito
uma grande época no ano anterior e nada fazia prever a descida, mas um provável
mau planeamento e a entrada de muitos jogadores criaram-nos dificuldades”,
recordou em 2015, em declarações ao Record.
Manter-se-ia no clube por mais um
ano, antes de rumar ao Belenenses,
clube pelo qual continuou a jogar até 2005, quando pendurou as botas.
1. Paulo Jorge (200 jogos)
Paulo Jorge |
Sem dar conceder qualquer
hipótese ao experiente internacional nigeriano Rufai nem ao jovem Paulo Lopes (emprestado
pelo Benfica),
disputou 33 das 34 jornadas do campeonato – só falhou a 23.ª, frente ao
Marítimo, devido a castigo. Foi por isso
um dos esteios da equipa que nessa temporada obteve o 5.º lugar, a melhor
classificação de sempre do Gil Vicente no primeiro escalão.
“Surgiu a grande oportunidade da
minha carreira. Estou a atingir um sonho muito antigo. As coisas estão a correr
muito bem e só espero que continuem assim. Por um lado, acaba por ser uma
surpresa. Eu, Paulo Jorge, que não era conhecido em lado nenhum, estar assim a
ser tão regular na equipa. Pronto, agora já devo ser mais conhecido. Aí está,
há muito que trabalho para ter esta sorte. Este ano surgiu a oportunidade que
soube agarrar com unhas e dentes, como se costuma dizer”, contou ao Record
em dezembro de 1999.
Nas duas temporadas que se
seguiram foi totalista em ambas: 6120 minutos no total. Entre março de 2000 e fevereiro
de 2003, disputou 100 jogos e 8937 minutos consecutivos na I Liga. Desta vez, a
série só foi interrompida devido a lesão, tal como em 2003-04 e 2004-05, épocas
em que não foi totalista, mas em que só falhou jogos por estar impossibilidade.
Porém, em 2005-06 voltou a
conhecer um concorrente que o remetesse para o banco: Jorge Batista. Curiosamente,
essa temporada ficou marcada pela despromoção, ainda que por decisão
administrativa – Caso Mateus – e não pelos resultados obtidos em campo.
Continuaria no clube até ao final
da temporada de 2007/08, mas depois pendurou as luvas, aos 38 anos. Em 2012-13
voltaria a calçá-las num registo mais recreativo, para defender a baliza do Grupo
Recreativo Amigos da Paz, nos distritais da AF Leiria.
Dois distritos, 24 municípios, quase 5.000 km2,1,2 milhões de habitantes e muito futebol. É assim o Minho, palavra que desapareceu do vocabulário administrativo mas não do vocabulário quotidiano dos portugueses. Vale por isso a pena conhecer a lista dos 10 jogadores minhotos mais valiosos da atualidade, segundo o portal transfermarkt. No total, estão avaliados em 78,5 milhões de euros.
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