Uma dezena de futebolistas angolanos disputou a Champions |
A Taça
dos Campeões Europeus foi fundada em 1955 e desde então que
dezenas e dezenas de jogadores nascidos em Angola ou com origem
angolana
têm disputado a competição, mas se contabilizarmos apenas os que
jogaram pelos Palancas
Negras, que tiveram o seu primeiro encontro oficial em 8 de
fevereiro de 1976, apenas dez disputaram a Champions.
Os dois primeiros
internacionais angolanos
a atuar na principal competição europeia de clubes estiveram quase
a ganhá-la logo no ano de estreia, em 1989-90, e foram os únicos
deste lote a participar na prova quando esta ainda se chamava Taça
dos Campeões Europeus. Daí para cá, o melhor que um
internacional angolano
conseguiu foi atingir os quartos-de-final. Porém, nenhum efetuou
mais de oito partidas e 568 minutos na liga milionária.
Vale por isso a pena
conhecer esta lista restrita.
10. Genséric Kusunga (4 minutos)
Genséric Kusunga |
Nascido em Genebra, na
Suíça, mas com raízes na Suazilândia e em Angola,
este defesa central tinha 23 anos e jogava no Basileia quando entrou
nos minutos finais das partidas na vitória caseira sobre o
Manchester United (2-1) e no empate
na Luz diante do Benfica (1-1), na fase de
grupos de 2011-12.
Na época anterior, tinha
sido suplente não utilizado nos encontros com Bayern Munique e Roma,
mas estreia ficou adiada.
Curiosamente, só começou
a representar Angola
em maio de 2014, quando atuava pelo Oldham Athletic, no terceiro
escalão do futebol inglês. Antes também representou o Servette,
clube que o formou, e depois jogou com as camisolas dos portugueses
do União da Madeira e dos escoceses do Dundee FC. Agora representa o
Cova
da Piedade, na II Liga lusa.
9. Luís Miguel (91 minutos)
Luís Miguel |
Luís Miguel apenas jogou
91 minutos (distribuídos por dois jogos) na Liga
dos Campeões, mas ainda assim conseguiu marcar um golo, ao
serviço do Sporting, numa derrota no terreno do Mónaco
(2-3) na fase de grupos de 1997-98 em que cumpriu os 90 minutos. 21
dias antes, a 5 de novembro de 1997, estreou-se ao entrar a um minuto
do fim numa goleada sofrida na visita ao Bayer Leverkusen (1-4),
quanto tinha 26 anos.
Três meses depois, em
fevereiro de 1998, representou Angola
na Taça
das Nações Africanas que decorreu no Burquina Faso, tendo
atuado nos jogos frente a África do Sul (0-0), Namíbia (3-3) e
Costa do Marfim (2-5).
Embora tenha nascido em
Luanda, fez toda a carreira em Portugal: Amarante (1989 a 1992),
Desp. Aves (1992 a 1995), Sporting (1995 e 1998), Sp.
Braga (1998 a 2002), Paços de Ferreira (2002 a 2004) e
Felgueiras (2014-15).
8. Mantorras (103 minutos)
Mantorras |
Nascido em Luanda, Pedro
Mantorras disputou oito jogos na Liga
dos Campeões, mas no total somou apenas 103 minutos, todos com a
camisola do Benfica e na condição de suplente utilizado, em 2005-06
e 2006-07.
Assolado por uma lesão
no joelho direito que condicionou o seu futebol em dezembro de 2002,
quando tinha apenas 20 anos, o avançado internacional angolano
esteve afastado dos relvados durante dois anos e desde então que
ficou remetido para o papel de arma secreta para os últimos minutos
das partidas.
Em termos de utilização,
o melhor que conseguiu num encontro foi jogar 47 minutos num
empate a zero em Lille (0-0) em novembro de 2005.
Dois
meses antes estreou-se na competição precisamente diante da equipa
francesa, mas no Estádio da Luz, tendo apenas necessitado de dez
minutos em campo para fazer a assistência para o golo da vitória,
apontado por Fabrizio Miccoli.
Embora os problemas
físicos tivessem limitado a sua carreira, foi no Benfica que passou
a maior parte do seu trajeto profissional, entre 2001 e 2011. Antes
jogou no Progresso Sambizanga (1998) e no Alverca
(1999 a 2001).
Em termos de seleção
angolana foi 31 vezes internacional e apontou cinco golos entre
2000 e 2010, tendo disputado o Mundial 2006 e a Taça
das Nações Africanas em 2006 e 2010, já depois de ter
participado no Campeonato do Mundo de sub-20 em 2001.
7. Igor Vetokele (135 minutos)
Igor Vetokele |
Natural de Oostende, na
Bélgica, mas filho de pais angolanos,
o avançado Igor Vetokele jogou por duas vezes na Liga
dos Campeões, ambas em 2013-14, ao serviço do Copenhaga. A
estreia aconteceu em outubro de 2013, numa derrota no terreno do
Galatasaray
(1-3), tendo saído ao intervalo. Dois meses depois cumpriu os 90
minutos num desaire caseiro diante do Real Madrid (0-2). Na mesma
edição, foi suplente não utilizado na visita aos espanhóis e na
receção aos turcos.
Esses momentos e essa
época, na qual apontou 13 golos, foram os pontos altos da carreira
de um atacante que ainda vai a tempo de regressar à Champions,
uma vez que tem apenas 27 anos de idade. Porém, essa tarefa
adivinha-se difícil, uma vez que atua na II liga belga ao serviço
do Westerlo.
Foi na Bélgica, país
pelo qual foi internacional nas camadas jovens, que fez grande parte
da carreira, tendo ainda passado por Gent (2010-11), Cercle Brugge
(2011 e 2012), FC Copenhaga (2012 a 2014), Charlton (2014 a 2019),
Zulte Waregem (2016) e Sint-Truiden (2017 e 2018).
Pelos Palancas
Negras atuou sete vezes entre 2014 e 2019, não tendo
apontado algum golo.
6. Djalma (162 minutos)
Djalma |
Mais um jogador natural
de Luanda e internacional por Angola
que ouviu o hino da Liga
dos Campeões em campo. No caso de Djalma, ao serviço do FC
Porto na fase de grupos de 2011-12, tendo feito a estreia na condição
de suplente utilizado, na
receção ao Shakhtar Donetsk em setembro de 2011 (2-1).
Depois não saiu do banco na visita ao Zenit e no duplo
confronto com o APOEL, mas foi titular nos dois
últimos jogos, na deslocação
ao terreno do Shakhtar (2-0) e no empate
com o Zenit no Dragão (0-0), tendo sido
substituído a meio da segunda parte em ambos os encontros, numa fase
em que tinha 24 anos.
Filho do antigo avançado
internacional angolano
Abel Campos, que passou por Petro de Luanda, Benfica, Estrela
da Amadora, Sp.
Braga e Alverca,
entre outros, é um dos oito jogadores angolanos
que marcaram presença em quatro Taças
das Nações Africanas (2010, 2012, 2013 e 2019).
Atualmente é capitão da seleção
angolana, pela qual leva 48 jogos e oito golos.
Além do FC Porto (2011 e
2012), também passou por Marítimo (2006 a 2011), Kasimpasa
(2012-13), Konyaspor (2013 a 2015), Gençlerbirligi (2015-16), PAOK
(2016 a 2018) e Alanyaspor (desde 2018).
5. Carlos (270 minutos)
Carlos |
Natural de Kinshasa, no
antigo Zaire, mas filho e neto de angolanas,
Carlos tocou o céu em 2006-07, quando representou o Steaua Bucareste
na fase de grupos da Liga
dos Campeões. Na estreia, ajudou a formação romena a golear o
Dínamo Kiev na Ucrânia (4-1), mas saiu derrotado nos encontros
seguintes, diante de Lyon (0-3) e Real Madrid (1-4), aos 25 anos.
Esse foi o momento alto
de uma carreira longa, feita em grande parte em Portugal, ao serviço
de Vilafranquense (1997 a 2001 e 2017-18), Campomaiorense (2001-02),
Amora (2002-03), Felgueiras (2003-04), Boavista (2005 a 2008), Rio
Ave (2009-10), Feirense (2012-13), Moreirense (2013-14), Limianos
(2018-19) e Amarante (desde 2019). Em Angola
defendeu a baliza do Recreativo da Caála (2015 e 2016), tendo ainda
passado pelos romenos do Steaua Bucareste (2006 e 2007), pelos
iranianos do Foolad (2008 e 2009) e pelos turcos do Bucaspor (2010 a
2012).
Ao serviço da seleção
angolana disputou 18 encontros entre 2009 e 2012, incluindo
quatro no CAN 2010 e dois no CAN 2012.
4. Abel Campos (312 minutos)
Abel Campos |
Pai de Djalma, foi o
primeiro internacional angolano
a disputar a Liga
dos Campeões – na altura ainda se chamava Taça
dos Campeões Europeus – e esteve perto de a conquistar em
1989-90 com a camisola do Benfica, quando tinha 27 anos.
A estreia aconteceu a 13
de setembro de 1989, tendo sido titular no triunfo na Irlanda do
Norte frente ao Derry City (2-1), na primeira ronda. Voltou a jogar
de início no encontro da Luz (4-0) e em ambos os duelos frente aos
húngaros do Budapest Honvéd na segunda eliminatória (2-0 e 7-0),
tendo marcado o segundo golo na goleada na Luz. Nos quartos de final
entrou a cinco minutos na vitória caseira sobre os ucranianos do
Dnipro (1-0) e não voltou a ser utilizado, tendo falhado os
encontros das meias-finais diante do Marselha e a final perdida para
o AC
Milan. No total, foi utilizado em 312 minutos, distribuídos por
cinco jogos.
Esse foi o ponto alto de
uma carreira marcada por essa passagem pelo Benfica (1988 e 1990).
Antes jogou no Petro de Luanda (1982 a 1988) e depois no Estrela
da Amadora (1990-91), Sp.
Braga (1991-92), Benfica Castelo Branco (1992-93), Alverca
(1995 e 1996) e pelos indonésios do Gelora Dewata (1994) e do PSIS
Semarang (1997 e 1998).
A seleção
angolana só surgiu mais tarde, em 1996, para este extremo
natural de Luanda. Nesse ano, esteve na primeira presença dos
Palancas
Negras na Taça
das Nações Africanas.
3. Dominique Kivuvu (360 minutos)
Dominique Kivuvu |
Nascido em Amesterdão,
na Holanda, mas com ascendência angolana,
mas foi o Cluj que lhe abriu as portas da Liga
dos Campeões em 2010-11. Ao serviço do clube romeno, este médio
defensivo foi utilizado em quatro dos seis jogos da fase de grupos
dessa época, diante de Roma (1-2 e 1-1), Bayern Munique (2-3) e
Basileia (0-1), cumprindo os 90 minutos em todos, quando tinha 23
anos.
Esse foi o ponto alto de
uma carreira feita em grande parte na Holanda, onde passou por
Telstar (2005-06), NEC (2006 a 2010), FC Oss (2016-17), DOVO
Veenendaal (2017-18) e VV DUNO (2018-19). Em Angola
jogou ao serviço do Kabuscorp e do Progresso Sambizanga (ambos em
2015) e também passou pelos romenos do Cluj (2010 a 2013) e pelos
suecos do Mjallby (2012).
Pela seleção
angolana atuou 11 vezes entre 2009 e 2012, tendo apontado um golo
num particular frente a Moçambique na despedida. Antes foi
internacional sub-20 pela Holanda.
2. Vata (405 minutos)
Vata |
Se Abel Campos foi o
primeiro internacional angolano
a jogar na Taça/Liga
dos Campeões, Vata estreou-se na competição no mesmo encontro
do que o compatriota e tornou-se no primeiro a marcar na prova e a
jogar uma final da Champions.
Na edição de 1989-90, o avançado nascido em Damba, na província
do Uíge, disputou sete encontros, três dos quais na condição de
titular, e apontou quatro golos: um na vitória na Luz sobre o Derry
City (4-0), dois na goleada caseira ao Budapest Honvéd (7-0) e por
fim o célebre golo com a mão ao Marselha que garantiu a passagem à
final (1-0).
Esse foi o auge de uma
carreira iniciada em Angola,
no Progresso Sambizanga (1980 a 1984) e concluída na Indonésia, ao
serviço do Gelora Dewata (1996-97 e 1999-00). Pelo meio, além da
passagem pelo Benfica (1988 a 1991), jogou no Varzim (1984 a 1988),
no Estrela
da Amadora (1991-92), no Torreense (1992-93), nos malteses do
Floriana (1993-94) e nos indonésios do Persija (1998-99).
Pela seleção
angolana disputou 65 jogos e marcou 20 golos entre 1985 e 1993.
1. Clinton Mata (568 minutos)
Clinton Mata |
Filho de pai angolano
e mãe congolesa, Clinton Mata nasceu a 7 de novembro de 1992 em
Verviers, na Bélgica, e é nesse país que tem feito carreira. Em
2018-19, depois de passagens pelo Eupen, Charleroi e Genk, estreou-se
na Liga
dos Campeões com a camisola do Club Brugge, tendo participado em
quatro jogos da fase de grupos. O primeiro jogo foi no Wanda
Metropolitano, entrando aos 56 minutos derrotado às mãos Atlético
Madrid (1-3). Depois defrontou Mónaco
em casa e fora (1-1 e 4-0) e o Borussia Dortmund na Alemanha (0-0).
Nesta época voltou a
jogar quatro vezes na competição, todas na condição de titular,
participando nos duelos com Galatasaray
(0-0 em casa e 1-1 fora), Real Madrid (2-2 no Bernabéu) e Paris
Saint-Germain (0-5 em casa).
Feitas as contas,
contabiliza oito encontros e 568 minutos na Champions,
números que poderão aumentar, uma vez que este lateral direito
ainda tem 27 anos e Club Brugge está bem encaminhado para se tornar
novamente campeão belga nesta temporada.
Em termos de seleção
angolana soma oito internacionalizações, mas não representa os
Palancas
Negras desde junho de 2016, embora tivesse sido pré-convocado
para o CAN
2019.
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