sexta-feira, 11 de abril de 2025

Luso, histórico do Barreiro com quatro presenças no Campeonato de Portugal e 27 na II Divisão

Luso jogou no Campo da Quinta Pequena entre 1926 e 2017
Fundado a 11 de abril de 1920, precisamente onze anos depois do vizinho Barreirense, o Luso Futebol Clube foi durante várias décadas uma presença habitual nas competições nacionais, tendo somado quatro presenças no antigo Campeonato de Portugal, 27 na II Divisão Nacional, 16 na III Divisão e ainda 17 na Taça de Portugal.
 
Fundado por Augusto Ferreira, Joaquim Paleta, Aníbal Praça, Manuel Preto, Paulo Maria Fernandes, Joaquim Figueiredo, João Pireza, António Ricardo, António José Lopes, António José da Costa, Manuel Salvador Preto, António Anin, Augusto da Silva, Joaquim Capela e Augusto Ferreira, o terceiro clube do Barreiro nasceu pobre, sem sede, pelo que as reuniões de direção tinham lugar na Taberna do Borges, na rua Conselheiro Joaquim António D'Aguiar (Rua Aguiar), bem perto da artéria que os barreirenses apelidam de Avenida da Praia.
 
Em junho de 1925 foi inaugurada a primeira sede oficial, no nº 8 da Rua Heliodoro Salgado, mas o clube andou durante algum tempo com a casa às costas, tendo chegado a estar sediado numas águas-furtadas novamente na Rua Aguiar antes de se mudar em abril de 2026 para a Rua da Bélgica, no Lavradio; e de se fixar a partir de setembro de 1928 na Travessa do Leão, no coração do Barreiro.
 
Mas não foi por este nomadismo que a atividade desportiva do Luso ficou afetada, tendo a prática do futebol e do hóquei de campo iniciado onde se situa atualmente a Escola Alfredo da Silva.
 
Já em 9 de maio de 1926 foi inaugurado o Campo da Quinta Pequena, numa cerimónia com pompa e circunstância que contou com a atuação da Banda dos Penicheiros e representações de todas as coletividades do Barreiro. No principal jogo do dia, o Luso perdeu diante do Carcavelinhos por 1-2.
 
Enquanto desenvolvia a sua identidade, o Luso chegou a equipar à Barreirense (listas vermelhas e brancas verticais) e experimentou quase todas as cores, tendo trajado com camisola verde e amarela, calção azul e meia branca na inauguração do Campo da Quinta Pequena. Seguiu-se um equipamento com listas verticais roxas e brancas, calção preto e meia preta antes de estabelecer o azul como cor predominante – primeiro com calções e meias pretas, depois com calção branco e meia azul.
 
Bancada central do Campo da Quinta Pequena
Depois de participar na Liga de Futebol de Setúbal, o Luso Futebol Clube foi um dos 13 clubes que a 5 de maio de 1927 fundaram a Associação de Futebol de Setúbal – os outros foram: Palmelense Futebol ClubeUnião Futebol Comércio e IndústriaVitória Futebol Clube, Bonfim Futebol Clube, Estrela Sporting Clube, Grupo Desportivo dos Empregados do Comércio, Grupo Desportivo Setubalense “Os Treze”, Racing Clube Setubalense, Sporting Clube de Setúbal “Os Miúdos”, Sporting Clube Setubalense “Os Frades”, São Domingos Futebol Clube e União Futebol Avenida. Paralelamente, também foi um dos fundadores da associação distrital de basquetebol, modalidade em que se sagrou por duas vezes campeão nacional da II Divisão.
 
Em 1927-28 o emblema do Barreiro participou pela primeira vez no Campeonato de Portugal, tendo sido eliminado pelo Carcavelinhos logo na primeira eliminatória. Na participação seguinte, em 1931-32, atingiu os quartos de final, tendo afastado o Lusitano VRSA e o Boavista antes de cair aos pés do Benfica, depois de um empate a dois golos na Tapadinha e de uma derrota pela margem mínima (0-1) no Campo das Amoreiras.
 
Na temporada que se seguiu foi eliminado pelo Sporting nos oitavos de final (0-6 no Campo Grande e 1-1 na Tapadinha), voltando a cair nessa fase da prova em 1933-34, aos pés do vizinho Barreirense (derrotas por 1-3 e 1-2).
 
Última equipa do Luso a competir na II Divisão Nacional
A década de 1930 marca também as primeiras de 27 presenças na II Divisão Nacional até 1977-78. Entre 1950-51 e 1978-79 o emblema camarro competiu também por 16 vezes na III Divisão e por 17 ocasiões na Taça de Portugal. Pelo meio sagrou-se campeão distrital da AF Setúbal em 1959-60.
 
Durante esse período de quase meio século nos campeonatos nacionais representaram o Luso jogadores de nomeada como Manuel Soeiro, que se estreou pela seleção nacional ainda como futebolista do clube em maio de 1932; Azevedo e Joaquim Carvalho, históricos guarda-redes do Sporting e da seleção; Artur Vaz, médio que se destacou no Vitória de Setúbal e foi internacional português; Patalino, internacional português e figura maior da história do O Elvas; e António Barradas, antigo guarda-redes do FC Porto. Passaram ainda pelas camadas jovens do clube o médio internacional português Paulo Rocha e pela equipa sénior o internacional português de futebol de praia Nuno Belchior.
 
Desde 1979 remetido para os campeonatos distritais ou para a inatividade, o Luso não se faz representar por qualquer equipa sénior desde 2017, quando competiu pela última vez na II Divisão Distrital.

Última equipa sénior do Luso, em 2016-17

O mítico Campo da Quinta Pequena acabou por ser demolido, para dar lugar ao Mercado Municipal 25 de Abril e um Lidl, mas a história do Luso naquela zona do Barreiro ficou eternizada com a edificação de um monumento público na rotunda construída na Rua Miguel Bombarda, a escassos metros de onde se situava o recinto desportivo.

Monumento do Luso na rotunda na rua Miguel Bombarda


Equipa do Luso no final da década de 1960

Sede do Luso na Av. Henrique Galvão, nº 26

 
 





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