quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

José Soares vs. Jardel. Foi há 25 anos um duelo que fez correr muita tinta

José Soares e os seus puxões constantes a Mário Jardel
A 19 de fevereiro de 2000 o Campomaiorense alcançou a única vitória da sua história sobre o FC Porto, graças a um golo solitário de Laélson aos 20 minutos no Estádio Capitão César Correia, em Campo Maior. No entanto, o atacante brasileiro até se tornou numa espécie de personagem secundária do filme desse jogo.
 
Isto porque, do lado oposto do campo, outro avançado brasileiro, o goleador Mário Jardel, foi alvo de uma marcação individual por parte de José Soares que ultrapassou os limites do conceito de marcação cerrada. Houve puxões, entradas imprudentes e pelo menos uma agressão. Apesar dos excessos, o central alentejano viu o árbitro Bruno Paixão mostrar-lhe apenas um cartão amarelo, e aos 90 minutos, numa altura em que, no entender dos responsáveis portistas, o defesa já nem deveria estar em campo.
 
“Ele começou a agarrar-me, a agarrar-me... Até que eu lhe disse: 'Larga-me que eu já tenho mulher em casa!' E ele deu-me um estalo... Nunca vi tantos penáltis num mesmo jogo, mas o Bruno Paixão não marcava”, recordou Jardel mais de 17 anos depois, em entrevista ao Porto Canal, em março de 2017.
 
 
Os comentários à volta deste encontro e da arbitragem duraram semanas. Três dias após a partida, o treinador dos dragões naquela altura, Fernando Santos, enumerou em conferência de imprensa mais de uma dezena de lances nos quais considerava que o FC Porto tinha sido prejudicado. O técnico chegou até a referir-se a um acompanhamento psicológico que Bruno Paixão estava a ter, em alusão à presença de António Montiel, um elemento que trabalhava para a Liga e que tinha como função falar com os árbitros e apoiá-los técnica e psicologicamente.
 
O próprio Jardel, o adjunto Rodolfo Reis e o presidente Pinto da Costa também não ficaram calados. No programa Jogo Falado, da RTP, o antigo dirigente portista e comentador Pôncio Monteiro aumentou a polémica ao acusar Bruno Paixão de ter “roubado” o FC Porto em benefício do Benfica e Sporting. Refira-se, a este propósito, que no final dessa jornada, a 22.ª do campeonato de 1999-00, os azuis e brancos foram apanhados na liderança da prova pelos leões e ficaram com apenas um ponto de vantagem sobre as águias.
 
 
Embora Mário Jardel tenha sido quem mais levou pancada mais durante os 90 minutos, foi José Soares quem mais sofreu a partir do momento em que o apito final de Bruno Paixão soou. “Joguei no Benfica, fui campeão europeu com a seleção sub-18 [em 1994], estive no terceiro lugar no mundial [de sub-20, em 1995] do Qatar, fui titular do Benfica aos 23 anos, fiz um bom trabalho no Alverca, mas só me falam do Mário Jardel. Continua a ser assim. De vez em quando, lá me falam dele. E eu tento explicar que fiz mais coisas na carreira”, contou ao Maisfutebol em junho de 2013.
 
“Não foi um dia bom, a arbitragem também não foi boa e claro que exagerei na altura. Não só eu, o Jardel também me agrediu. Mas passado um mês, fui à casa dele no Porto, fomos almoçar e ficou tudo resolvido. Entre nós ficou, mas fui massacrado com isso durante anos. (…) Esse jogo marcou-me para sempre. Fui ficando saturado do futebol. Não do jogo em si, mas do mundo do futebol. Continuamos a ver exemplos de agressividade, mas ninguém é massacrado como eu fui na altura. Tanto que me cansei no futebol, anos mais tarde”, prosseguiu.
 
 







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