terça-feira, 6 de agosto de 2024

O primeiro jogador britânico da história do Benfica. Quem se lembra de Scott Minto?

Scott Minto disputou 42 jogos oficiais pelo Benfica
Entre ingleses (cinco) e galeses (dois), foram sete os britânicos que jogaram pelo Benfica, todos entre 1997 e 1999. O primeiro e o que o fez mais jogos foi o antigo lateral Scott Minto. Ao contrário dos restantes seis, que chegaram à Luz por indicação de Graeme Souness, este antigo defesa esquerdo internacional jovem inglês, proveniente do Chelsea, foi contratado pelo então diretor desportivo Toni para ser treinado por Manuel José.
 
“Fui escolhido pelo senhor Toni no verão de 1997. Jogava no Chelsea e, o Newcastle, do Kenny Dalglish, andava atrás de mim. Depois surgiu o West Ham e hesitei. Quando o Toni me desafiou para o Benfica não pensei duas vezes. Lembrei-me do Eusébio e de um clube… gigante. Fui o primeiro inglês a vestir a camisola sagrada do Benfica. É um orgulho poder dizê-lo aos meus filhos”, contou o atual comentador desportivo ao Maisfutebol em abril de 2017.
 
A grandeza dos encarnados foi comprovada por Minto, na primeira pessoa, assim que chegou ao clube. “Recordo o primeiro jogo e o primeiro treino da pré-temporada. Perante cinco mil pessoas. E quando se dá o jogo de apresentação com autêntico dilúvio, frente à Lazio, foram 80 mil, a aplaudir-nos no tapete vermelho. Apresentavam os nomes e a multidão ovacionava. Isso obrigou-me a jogar bem”, salientou, numa entrevista concedida ao jornal O Jogo em fevereiro de 2024.
 
Na primeira época do inglês em Portugal, o Benfica assinou uma grande recuperação na segunda volta, conseguindo concluir o campeonato em segundo lugar, o que valeu o apuramento para a Liga do Campeões. O campeão nessa temporada de 1997-98 foi o FC Porto, que na altura conquistou o tetracampeonato. “A qualidade era parecida. Quando jogávamos contra eles, as diferenças eram mínimas. Com o Souness estivemos muito perto do FC Porto no primeiro ano (nove pontos no final do campeonato). No segundo, quando saí, estávamos a três pontos. A experiência deles deve ter sido decisiva”, recordou.
 
 
Já na era Souness, Minto recebeu a companhia dos compatriotas Michael Thomas, Brian Dean, Steve Harkness e Gary Charles e dos galeses Mark Pembridge e Dean Saunders, uma autêntica colónia britânica que motivou contestação, devido a uma suposta divisão do balneário. “Posso lembrar-me de se falar de alguma divisão, um jornal fez algo com uma bandeira portuguesa e outra britânica, mas a mim não me tocou viver essa pressão. Trouxe-me Toni, comecei por ser treinado por Manuel José e, ao fim de pouco tempo, já aprendia português. Sempre fui entusiasta das línguas e hoje falo fluentemente espanhol. Senti que encaixei muito bem, fui o primeiro, vem o Deane em janeiro, já sob as ordens de Souness. Deixei marca antes, nunca me senti visado nas críticas sobre os britânicos, porque fui trazido no regime português. (…) Encontrávamo-nos algumas vezes, mas não me sentia como um britânico, mesmo com orgulho em sê-lo. Pembridge e Thomas estavam com as suas famílias, lembro-me mais de me juntar com alguns jovens portugueses que vieram na segunda época e almoçávamos em Cascais. Era um Benfica multicultural, para mim era igual lidar com um britânico ou um sul-americano”, contou, realçando que “a ideia de juntar o estilo britânico ao latino não resultou”.
 
Desse Benfica multicultural, Minto destaca João Vieira Pinto, um “craque” com muita “pressão sobre ele” a quem todos queriam “passar a bola”; Calado, “o mais regular, sempre a jogar bem”; Karel Poborsky, o seu “rival mais difícil nos treinos”; e o “grande Michel Preud’homme”. Palavra ainda para Eusébio, então treinador dos avançados, “uma estátua viva” mesmo ali ao lado.
 
 
A aventura em Lisboa para este lateral cumpridor e ofensivo chegou em janeiro de 1999, quando voltou a Inglaterra para reforçar o West Ham, já depois de se ter estreado na Champions. Mais de um quarto de século depois, garante que gostava de voltar a viver em Portugal novamente.



 





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