segunda-feira, 22 de julho de 2024

O peruano virtuoso que brilhou no Sporting. Quem se lembra de Juan Seminário?

Juan Seminário representou o Sporting entre 1959 e 1961
Desde os primeiros anos de existência que o Sporting contava com jogadores estrangeiros nas suas fileiras, ao contrário do rival Benfica, e no final da década de 1959 reforçou-se com um internacional peruano, considerado mesmo o primeiro grande futebolista não português da história leonina: Juan “El Loco” Seminário.
 
A sua velocidade fez com que fosse conhecido como o “Expresso de Lima”, mas era também um atacante refinado tecnicamente e com capacidade de finalização. Despontou no Deportivo Municipal, um emblema da capital peruana, e estreou-se pela seleção do seu país quando tinha apenas 19 anos.
 
Já depois de ter participado em três edições da Copa América (1956, 1957 e 1959) e poucos meses após ter apontado um hat trick a Inglaterra num particular disputado em Lima, foi contratado pelo Sporting nos derradeiros meses de 1959, mas a transferência não se revelou nada fácil, sobretudo devido à entrada em cena do Barcelona, que pagou 3,2 milhões de pesetas pelo passe do jogador. Contudo, Seminário acabou por ser impedido de jogar em Espanha, porque também havia assinado contrato pelo Saragoça, e o Sporting aproveitou, ganhando a corrida ao FC Porto para a cedência do jogador, tendo sido apresentado a 10 de outubro em Alvalade perante a presença de 15 mil adeptos.
 
 
Soube-se depois que o Sporting pagava ao Barcelona 10 mil dólares por cada época em que o peruano representasse os verde e brancos, até ao máximo de três temporadas, sendo que no final desse período Seminário seria um jogador livre. O negócio incluía ainda a possibilidade de os catalães recuperarem o jogador sem custos no final do primeiro ano de contrato e a troco de cinco mil dólares no final do segundo, o que acabou por acontecer, em julho de 1951.
 
Durante os dois anos em que vestiu de leão ao peito, Seminário não ganhou qualquer título, mas o seu virtuosismo conquistou os sportinguistas, de tal forma que a sua saída do clube levou a um motim por parte dos adeptos, que reclamaram com a direção. Em Alvalade, somou 20 golos em 50 jogos.
 
 
Apesar de ter sido resgatado pelo Barça, o avançado peruano não ficou na Catalunha, pois foi imediatamente transferido para o Saragoça, clube pelo qual se sagrou melhor marcador do campeonato espanhol. “Até agora sou o único jogador do Saragoça a cometer tal feito. Foram 25 golos em 30 jogos. Joguei sempre, sem parar. Nem um minuto de descanso. Mas foi uma época fantástica, um êxito estrondoso. Fiquei à frente de nomes estratosféricos, como Puskás [20] e Di Stéfano [12]. Naquela altura era muito difícil marcar golos porque não havia cartões e os defesas matavam-te”, contou ao Observador em janeiro de 2017. Porém, no final dessa época não foi convocado para o Mundial 1962.
 
Seguiu-se uma transferência para a Fiorentina por 25 milhões de pesetas, tendo continuado a brilhar e a marcar golos em catadupa em Itália antes de se transferir para jogar (finalmente) pelo Barcelona no verão de 1964. Ao serviço dos catalães conquistou a Taça das Cidades com Feiras em 1965-66.
 
Haveria de terminar o seu percurso europeu nos espanhóis do Sabadell, em 1969.
 
35 anos depois, em 2004, voltou a Portugal para ser homenageado com um prémio Rugidos de Leão na tradicional Noite Verde da Batalha. “Antes de barcelonista e zaragocista, sou sportinguista. Sin duda, hã?! Sobretudo porque o meu irmão também jogou lá e até foi campeão português”, afirmou, em alusão ao extremo direito Rodolfo Seminário, campeão nacional pelo Sporting em 1965-66. 



  





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