O “guarda-redes suicida”. Quem se lembra de Américo?
Américo defendeu a baliza portista em 257 ocasiões
Se não fosse Vítor Baía, provavelmente
seria considerado de forma consensual o melhor guarda-redes de sempre do FC
Porto. A forma destemida como defendia a baliza valeu-lhe a alcunha de “guarda-redes
suicida”.
Natural de Santa Maria de Lamas,
concelho de Santa Maria da Feira, e portista
desde sempre, Américo entrou no FC
Porto pela porta da equipa de juniores em 1951-52 e cedo se destacou, tendo
feito a estreia pela equipa principal em dezembro de 1952, curiosamente o ano
de inauguração do Estádio das Antas. Depois de duas épocas sem jogar,
um longo empréstimo ao Boavista
e o cumprimento do serviço militar, voltou ao FC
Porto em 1958-59, sob o comando técnico de Bella Guttmann, para disputar um
jogo na I
Divisão, o que fez dele campeão nacional. E esse não foi um título
qualquer, pois foi o do campeonato marcado pelo Caso Calabote na última jornada
e também o último título dos portistas
antes de um prolongado jejum de 19 anos, que só haveria de terminar em 1978. Curiosamente,
Américo foi o último dos campeões nacionais dessa época a morrer, a 22 de
setembro de 2023, aos 90 anos.
Em 1961-62 tornou-se titular
indiscutível na baliza azul
e branca, estatuto que haveria de reter até pendurar as luvas, em 1969,
devido a uma grave lesão num joelho. “Estive de 1949 a 1970 no clube. Só saí um
ano e meio para ir à tropa. Em Castelo Branco e Abrantes. Mas mesmo aí o FC
Porto deu-me um saco com uns calções, umas luvas, uma camisola e um par de
chuteiras, para ir treinando. Pagou-me sempre o salário. E estive emprestado ao
Boavista
uns anitos”, recordou ao Maisfutebol
em dezembro de 2017. Num período não muito próspero
para os dragões,
só conseguiu juntar a Taça
de Portugal de 1967-68 ao título nacional de 1958-59, mas nem por isso
deixou de ver a sua qualidade reconhecida: foi distinguido com a primeira
edição do prémio Baliza de Ouro, destinado ao melhor guarda-redes nacional, em
1964; somou 15 internacionalizações pela seleção nacional A, entre 1964 e 1968;
e fez parte da equipa
dos magriços que participou no Mundial 1966, embora não tivesse chegado a
jogar no torneio disputado em solo inglês. “Olho para trás e sei que era bom.
Era corajoso, mergulhava aos pés dos avançados, metia a cabeça onde eles metiam
as botas. Fui um dos melhores da minha geração, se calhar o melhor”, afirmou.
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