Por detrás daqueles óculos fundo
de garrafa estava um homem com uma inteligência admirável, que preferia pressionar
em vez de impressionar, cultivando a semente do clima de crispação no qual o
futebol português mergulhou. Frases como “roubo de igreja” e “quando o FC
Porto passa a ponte da Arrábida já está a perder” foram celebrizadas por
este treinador falecido em janeiro de 1985. Nem a figura do selecionador
nacional ficava imune às tiradas de Pedroto. Em outubro de 1979, chamou palhaço
ao então técnico da equipa das quinas, Mário Wilson, por ter marcado um jogo
amigável para Vigo poucos dias antes de um AC
Milan-FC
Porto da Taça
dos Campeões Europeus, e proibiu os jogadores portistas
de irem à seleção. Passado uns dias, corrigiu a afirmação: “Peço desculpa.
Nunca foi minha intenção ofender os palhaços.”
Com opiniões firmes, Pedroto era
contra a presença de mais do que um brasileiro na equipa. “Duda é o meu
brasileiro. Um brasileiro é bom, dois já são uma escola de samba, três
brasileiros juntos são uma multidão em Copacabana”, afirmou, algures durante a
sua segunda e de três passagens pelos azuis
e brancos, entre 1976 e 1980.
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