A minha primeira memória de… um jogo entre FC Porto e Estrela da Amadora
McCarthy protege a bola de Paulo Madeira na Reboleira
Comecei a ver futebol em meados
de 2000, mas não me recordo dos dois jogos entre FC
Porto e Estrela
da Amadora para a I
Liga em 2000-01 nem do duelo entre ambas as equipas para a Taça
de Portugal na época seguinte. Lembro-me sim do duplo confronto de 2003-04,
época em que os dragões
conquistaram o segundo título europeu da sua história. No entanto, o conjunto
então orientado por José
Mourinho não passou na Reboleira.
Recém-promovido ao primeiro
escalão, os tricolores
comandados por João Alves tinham como futebolistas mais conhecidos os ex-benfiquistas
Paulo Madeira, Rui Baião e Sabry. Também por lá andava Paulo Fonseca, que dez
anos depois se tornou treinador do FC
Porto. Já os dragões,
à exceção de Capucho e Hélder Postiga, mantiveram a equipa que na época
anterior havia conquistado campeonato, Taça
UEFA e Taça
de Portugal, e ainda acrescentaram Bosingwa (ex-Boavista),
o regressado McCarthy (ex-Celta
de Vigo) e Ricardo Fernandes (ex-Sporting).
O favoritismo era total para os azuis
e brancos, que dominaram o encontro embora sem o brilhantismo na temporada
anterior, tendo chegado ao golo apenas à passagem da hora de jogo, através de
uma tremenda execução de um livre direto por parte de Benni McCarthy. Parecia de tal forma que o mais
difícil estava feito que Vítor Baía decidiu… facilitar. O n.º 99 dos dragões
falhou o alvo numa reposição da bola em jogo e o avançado brasileiro Júlio
César aproveitou para marcar graças a um chapéu de aba larga, aos 71 minutos. E
o resultado não sofreu mais alterações. “Ao rebobinar o jogo de ontem na
Amadora, José
Mourinho e os seus homens têm muitas razões para lamentarem o empate. Antes
de mais porque o FC
Porto teve o jogo na mão, chegou com inteira justiça à vantagem e, no
momento em que aparentemente tudo estava controlado, foi atraiçoado por um golo
que teve tanto de estranho como de artístico. Com ele, caiu do céu um Estrela
aos trambolhões e nunca mais o FC
Porto conseguiu recuperar a tranquilidade de espírito e muito menos a
segurança das suas ações. Mas muito mais deve lamentar o FC
Porto o sucedido, sobretudo depois de ter conseguido voltar a dar a imagem
de uma ‘equipa’, a tal que José
Mourinho tem tentado reanimar e que ainda ontem, na Amadora, mereceu uma
dedicatória especial das bancadas: ‘Se como equipa continuarmos, mais títulos
festejamos’. Os títulos ainda estão muito longe de serem conquistados, mas o
que José
Mourinho e todos os portistas
esperavam ontem ver era um grupo mais sólido e consistente”, escreveu o Record.
O jogo da segunda volta,
disputado nas Antas apesar de o Estádio do Dragão já ter sido inaugurado, ficou
marcado pela sua ligação ao Caso Apito Dourado, devido à suposta “fruta” alegadamente
oferecida ao árbitro Jacinto Paixão. O que é certo é que o jogo não teve
grandes casos e o FC
Porto ganhou tranquilamente por 2-0 a uma equipa que ocupava o último lugar
do campeonato, com apenas onze pontos somados nas 18 primeiras jornadas. Benni McCarthy foi o autor de
ambos os golos: o primeiro após um cruzamento de trivela de Deco a partir da
esquerda (30’) e o segundo a passe de Maciel
ao cair do pano da primeira parte (45+4’). “O FC
Porto marcou o terreno para a deslocação a Alvalade
com um triunfo tranquilo sobre o Estrela
da Amadora. Tendo em conta a sequência de vitórias dos dragões
nos jogos em casa, e o facto de o conjunto da Reboleira nunca ter pontuado fora
esta época, o sucesso poderia ser uma fria fatalidade estatística. No entanto,
a exibição portista acabou por transformar um passeio de estrelas num fator de
motivação para o importante duelo de Alvalade. O engodo finalizador de McCarthy
fez estragos, mas a noite de nevoeiro foi animada pelo samba de Deco e Carlos
Alberto, que fizeram, por via do seu tecnicismo, o contraponto com a raça e
acutilância de Maciel
e Sérgio
Conceição”, podia ler-se no Record.
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