sexta-feira, 15 de setembro de 2023

A minha primeira memória de… um jogo entre FC Porto e Estrela da Amadora

McCarthy protege a bola de Paulo Madeira na Reboleira
Comecei a ver futebol em meados de 2000, mas não me recordo dos dois jogos entre FC Porto e Estrela da Amadora para a I Liga em 2000-01 nem do duelo entre ambas as equipas para a Taça de Portugal na época seguinte. Lembro-me sim do duplo confronto de 2003-04, época em que os dragões conquistaram o segundo título europeu da sua história. No entanto, o conjunto então orientado por José Mourinho não passou na Reboleira.
 
Recém-promovido ao primeiro escalão, os tricolores comandados por João Alves tinham como futebolistas mais conhecidos os ex-benfiquistas Paulo Madeira, Rui Baião e Sabry. Também por lá andava Paulo Fonseca, que dez anos depois se tornou treinador do FC Porto. Já os dragões, à exceção de Capucho e Hélder Postiga, mantiveram a equipa que na época anterior havia conquistado campeonato, Taça UEFA e Taça de Portugal, e ainda acrescentaram Bosingwa (ex-Boavista), o regressado McCarthy (ex-Celta de Vigo) e Ricardo Fernandes (ex-Sporting).
 

O favoritismo era total para os azuis e brancos, que dominaram o encontro embora sem o brilhantismo na temporada anterior, tendo chegado ao golo apenas à passagem da hora de jogo, através de uma tremenda execução de um livre direto por parte de Benni McCarthy.
 
Parecia de tal forma que o mais difícil estava feito que Vítor Baía decidiu… facilitar. O n.º 99 dos dragões falhou o alvo numa reposição da bola em jogo e o avançado brasileiro Júlio César aproveitou para marcar graças a um chapéu de aba larga, aos 71 minutos. E o resultado não sofreu mais alterações.
 
“Ao rebobinar o jogo de ontem na Amadora, José Mourinho e os seus homens têm muitas razões para lamentarem o empate. Antes de mais porque o FC Porto teve o jogo na mão, chegou com inteira justiça à vantagem e, no momento em que aparentemente tudo estava controlado, foi atraiçoado por um golo que teve tanto de estranho como de artístico. Com ele, caiu do céu um Estrela aos trambolhões e nunca mais o FC Porto conseguiu recuperar a tranquilidade de espírito e muito menos a segurança das suas ações. Mas muito mais deve lamentar o FC Porto o sucedido, sobretudo depois de ter conseguido voltar a dar a imagem de uma ‘equipa’, a tal que José Mourinho tem tentado reanimar e que ainda ontem, na Amadora, mereceu uma dedicatória especial das bancadas: ‘Se como equipa continuarmos, mais títulos festejamos’. Os títulos ainda estão muito longe de serem conquistados, mas o que José Mourinho e todos os portistas esperavam ontem ver era um grupo mais sólido e consistente”, escreveu o Record.
 
 
 
O jogo da segunda volta, disputado nas Antas apesar de o Estádio do Dragão já ter sido inaugurado, ficou marcado pela sua ligação ao Caso Apito Dourado, devido à suposta “fruta” alegadamente oferecida ao árbitro Jacinto Paixão. O que é certo é que o jogo não teve grandes casos e o FC Porto ganhou tranquilamente por 2-0 a uma equipa que ocupava o último lugar do campeonato, com apenas onze pontos somados nas 18 primeiras jornadas.
 
Benni McCarthy foi o autor de ambos os golos: o primeiro após um cruzamento de trivela de Deco a partir da esquerda (30’) e o segundo a passe de Maciel ao cair do pano da primeira parte (45+4’).
 
“O FC Porto marcou o terreno para a deslocação a Alvalade com um triunfo tranquilo sobre o Estrela da Amadora. Tendo em conta a sequência de vitórias dos dragões nos jogos em casa, e o facto de o conjunto da Reboleira nunca ter pontuado fora esta época, o sucesso poderia ser uma fria fatalidade estatística. No entanto, a exibição portista acabou por transformar um passeio de estrelas num fator de motivação para o importante duelo de Alvalade. O engodo finalizador de McCarthy fez estragos, mas a noite de nevoeiro foi animada pelo samba de Deco e Carlos Alberto, que fizeram, por via do seu tecnicismo, o contraponto com a raça e acutilância de Maciel e Sérgio Conceição”, podia ler-se no Record.
 








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