Giuseppe Meazza é partilhado por Inter e AC Milan |
O Giuseppe Meazza é um dos
estádios mais míticos da Europa. Pela antiguidade (inaugurado em 1926), lotação
(80 mil pessoas) e arquitetura, mas também por ter recebido quatro finais da Taça/Liga
dos Campeões Europeus (1965, 1970, 2001 e 2016) e por ser a casa partilhada
de dois colossos do futebol italiano e europeu, AC
Milan e Inter
de Milão.
27 de maio de 1965 – Final da Taça
dos Campeões Europeus
Os nerazzurri sagraram-se bicampeões europeus graças a um golo solitário do extremo brasileiro Jair, aos 43 minutos, num lance em que o guarda-redes benfiquista Costa Pereira viu a bola passar-lhe por entre as pernas. “Sem sorte e sem guardião é impossível vencer”, escreveu o Record, na edição de 29 de maio de 1965.
Esta foi a segunda vez que uma equipa jogou no seu estádio na final da Taça/Liga dos Campeões – depois do Real Madrid em 1957 – e a última em que uma equipa ganhou o título europeu na própria casa.
13 de dezembro de 1972 – 2.ª
mão dos oitavos de final da Taça
UEFA
Nas linhas acima foi referido que
apenas uma equipa portuguesa não saiu derrotada pelo Inter
em San Siro. O Vitória
de Setúbal não foi essa equipa, mas foi a primeira formação lusa a eliminar
os nerazzurri
nas competições europeias.Com o conforto de um triunfo por 2-0 no Bonfim, graças a golos de Duda (13 minutos) e Graziano Bini na própria baliza (83’), os sadinos orientados por José Maria Pedroto conseguiram apurar-se para os quartos de final da Taça UEFA devido a uma derrota de apenas 0-1 em Milão. Roberto Boninsegna apontou, de grande penalidade, o único golo do encontro, que se revelou insuficiente para que o conjunto italiano, onde pontificavam nomes como Giacinto Facchetti e Sandro Mazzola, seguisse em frente. O jogo de San Siro foi disputado sob intenso nevoeiro.
24 de abril de 1991 – 2.ª mão das
meias-finais da Taça
UEFA
O Sporting
já não era campeão há nove anos, mas estava a protagonizar uma das melhores
campanhas europeias da sua história e entrou no Estádio Giuseppe Meazza, depois
de um empate a zero em Alvalade,
a sonhar na segunda presença em finais das provas da UEFA – a primeira foi em
1964-64, quando conquistou a Taça das Taças.Comandados por Marinho Peres e com Krasimir Balakov no apoio aos avançados Jorge Cadete e Fernando Gomes, os leões viram o sonho ser-lhes desfeito por dois alemães. Lothar Matthäus abriu o ativo, na execução de uma grande penalidade aos 15 minutos, ao passo que Jürgen Klinsmann fez o 2-0 aos 35. Os nerazzurri eram orientados por Giovanni Trapattoni e viriam a conquistar o Taça UEFA nessa época, ao bater a AS Roma na final.
2 de outubro de 1991 – 2.ª mão
da 1.ª eliminatória da Taça
UEFA
Em outubro de 1991 o Boavista
fez o que mais nenhuma equipa portuguesa conseguiu – sair de uma visita ao Inter
com pelo menos um empate. E, no caso dos axadrezados,
a igualdade a zero registada no Giuseppe Meazza valeu mesmo o apuramento para a
eliminatória seguinte. Foi resistir, resistir e resistir. “Levámos um massacre
nessa noite”, assumiu o lateral esquerdo Fernando Mendes ao Maisfutebol.Na primeira-mão, no Bessa, a turma boavisteira orientada por Manuel José havia vencido por 2-1, com golos de Marlon Brandão (37 minutos) e Pedro Barny (35’) contra um de Davide Fontolan para os nerazzurri, que tinham o estatuto de detentor do troféu e continuavam a contar nas suas fileiras com os alemães Andreas Brehme. Lothar Matthäus e Jürgen Klinsmann.
19 de novembro de 1996 – 1.ª
mão dos oitavos de final da Taça
UEFA
Se o Inter
poderá ter subestimado o valor do Boavista
em 1991, cinco anos depois não brincou em serviço e resolveu a eliminatória
logo na primeira-mão, no Giuseppe Meazza. A equipa de Roy Hodgson foi para
intervalo a ganhar por 3-0 à de Mário Reis e fechou as contas com um 5-1. Ciriaco
Sforza (6 e 58 minutos), Nelo na própria baliza (13’) e Maurizio Ganz (22’ e 65’)
marcaram para os nerazzurri,
que tinham ainda jogadores como Javier Zanetti, Aaron Winter e Iván Zamorano,
enquanto Jimmy Hasselbaink apontou o golo solitário dos axadrezados
(61’).No jogo do Bessa, o conjunto italiano voltou a impor-se, tendo vencido por 2-0, graças a golos de Youri Djorkaeff (12’, de grande penalidade) e Paul Ince (66’).
28 de agosto de 2002 – 3.ª
pré-eliminatória de acesso à fase de grupos da Liga
dos Campeões
Pela primeira vez na história, o
campeão português foi obrigado a disputar uma pré-eliminatória para aceder à
fase de grupos da Liga
dos Campeões. E era difícil o sorteio ter sido menos simpático para com o Sporting,
que foi colocado no caminho do Inter.Na primeira-mão, em Alvalade, os leões de Laszlo Bölöni deram uma grande réplica e estiveram por várias vezes perto de marcar, mas sentiram a falta dos dois principais craques da equipa, João Vieira Pinto (castigado após soco no árbitro do Portugal-Coreia do Sul do Mundial 2002) e Mário Jardel (não se apresentou para fazer a pré-época). Essa partida ficou ainda marcada pela estreia oficial de Cristiano Ronaldo na equipa principal dos verde e brancos.
No jogo do Giuseppe Meazza, um Inter comandado por Héctor Cúper e com um plantel recheado de craques como Francesco Toldo, Javier Zanetti, Christian Vieri, Álvaro Recoba, Fabio Cannavaro e Sérgio Conceição impôs a lei do mais forte, vencendo por 2-0 - curiosamente o mesmo resultado registado onze anos e meio antes, nas meias-finais da Taça UEFA. Luigi Di Biagio (31 minutos) e Recoba (44’) foram os autores dos golos, obtidos ainda na primeira parte.
25 de março de 2004 – 2.ª mão dos
oitavos de final da Taça
UEFA
Depois de dois anos sem
participar nas competições europeias, o Benfica
de José Antonio Camacho viu a Lazio
negar-lhe o sonho de voltar à Liga
dos Campeões, mas conseguiu chegar aos oitavos de final da Taça
UEFA, etapa em que encontrou pela frente o Inter,
que era orientado por Alberto Zaccheroni.Na primeira-mão, na Luz, registou-se um empate a zero, o que deixou tudo em aberto para o encontro do Giuseppe Meazza. As águias até estiveram a vencer, graças a um golo de Nuno Gomes aos 36 minutos, e foram para intervalo em vantagem na eliminatória, apesar de Obafemi Martins já ter empatado para os nerazzurri (45+1’). No segundo tempo o conjunto italiano marcou por mais três vezes, por intermédio de Álvaro Recoba (60’), Christian Vieri (64’) e Martins (70’) e colocou-se numa situação vantajosa, mas os encarnados deram grande réplica e mantiveram as aspirações vivas até ao apito final, devido aos golos de Nuno Gomes (67’) e Tiago (77’).
“Marcar três golos em San Siro e ser eliminado! Aconteceu ao Benfica, numa noite frenética, com uma segunda parte alucinante face ao número de tentos obtidos (cinco) em reduzido espaço de tempo (entre os 60 e os 76'). A turma da Luz podia ter feito história, em especial se olharmos ao modo como se desenrolou a primeira metade, período em que o Inter passou por situações de total desnorte, tal a forma como o Benfica se organizou e logrou assumir as rédeas da partida. A entrada de Recoba, porém, tudo modificou”, escreveu o Record, referindo-se ao talentoso atacante uruguaio que assinou um golo e duas assistências no encontro.
15 de março de 2005 – 2.ª mão
dos oitavos de final da Taça
UEFA
Pela primeira vez na história, Inter
e FC
Porto, que na altura eram ambos campeões europeus por duas vezes, mediram
forças em jogos oficiais. Na primeira-mão dos oitavos de final, no Dragão,
os portistas
conseguiram deixar a eliminatória em aberto, apesar de um 1-1 desfavorável, que
colocava o conjunto
italiano em vantagem devido à regra dos golos fora. Martins (outra vez
ele!) inaugurou o marcador aos 24 minutos, mas a igualdade foi reposta à
passagem por hora de jogo, por Ricardo Costa.No Giuseppe Meazza, o FC Porto, que era campeão europeu em título, estava obrigado a vencer ou pelo menos a empatar a dois ou mais golos, algo que nenhuma equipa portuguesa conseguiu no mítico palco milanês, mas desde cedo o endiabrado Adriano mostrou que não estava para aí virado. Conhecido por o “Imperador”, o avançado brasileiro apontou um hat trick (6, 63 e 87 minutos), ao passo que Jorge Costa reduziu para os dragões (69’).
“O Inter de Milão justificou, sem dúvida, a passagem aos quartos-de-final da Liga dos Campeões. Para essa situação muito contribuiu a ação de Adriano – um predestinado. A equipa italiana marcou pontos de qualidade quando o brasileiro respondeu à chamada, e respondeu sempre nos momentos certos e com a precisão de um relógio suíço. Adriano fez os golos (todos com o pé esquerdo) que liquidaram o campeão europeu. Foi muito jogo para um homem só... restou ao campeão europeu a consolação de ter andado nalguns momentos de cabeça erguida”, pode ler-se na crónica do Record.
1 de novembro de 2005 – 4.ª
jornada da fase de grupos da Liga
dos Campeões
Inter
e FC
Porto voltaram a defrontar-se mais de meio ano depois, desta feita para a
fase de grupos da Champions. À entrada para visita ao Giuseppe Meazza, numa
partida da 4.ª jornada que decorreu à porta fechada, os dragões
somavam apenas três pontos – obtidos precisamente numa vitória sobre os nerazzurri
no Dragão
(2-0), depois de derrotas às mãos de Rangers
(2-3) e Artmedia Bratislava (2-3). Já o conjunto
italiano, comandado por Roberto Mancini, levava seis pontos, fruto de
triunfos sobre Artmedia (1-0) e Rangers (1-0). Estava, por isso, tudo em
aberto.O FC Porto até começou melhor, colocando-se em vantagem logo aos 15 minutos, através de um golo fantástico de Hugo Almeida na execução de um livre direto. O 1-0 havia de perdurar até ao último quarto de hora da segunda parte, fase do jogo em que o recém-entrado avançado argentino Julio Cruz bisou (74’, de grande penalidade, e 82’).
“É uma expressão estafada, mas que serve: Adriaanse entregou o ouro ao bandido. O treinador do FC Porto, que tanto defende o futebol de ataque, teve um ataque de medo, quis defender a vantagem mínima com três centrais e o Inter – longe de ser uma equipa em estado de graça – aproveitou a deixa para ir lá à frente marcar 2 golos, mais fruto do contexto que propriamente resultado de movimentos coordenados. San Siro não foi ontem o inferno que tem fama de ser – o público ficou de fora, só 300 convidados dos dois clubes se fizeram ouvir num estádio onde cabem 86 mil pessoas – e foi neste cenário estranho e asséptico que o jogo se desenrolou. Sem estímulos da bancada, acabaria por vir do banco a chave para uma partida que o FC Porto fechou demasiado cedo”, escreveu o Record.
22 de novembro de 2006 – 5.ª
jornada da fase de grupos da Liga
dos Campeões
Pela quinta temporada
consecutiva, o Inter
colocou-se no caminho de uma equipa portuguesa.Na jornada inaugural da fase de grupos, o Sporting de Paulo Bento bateu o Inter por 1-0, graças a um grande golo de Marco Caneira, na estreia do novo Estádio José Alvalade na Liga dos Campeões, no regresso dos leões à prova após seis anos de ausência. Curiosamente, as duas equipas tinham empatado a zero, no mesmo palco, um mês antes, no jogo de apresentação dos verde e brancos.
O Inter de Roberto Mancini, que tinha um plantel recheado de estrelas como Júlio César, Maicon, Javier Zanetti, Marco Materazzi, Patrick Vieira, Zlatan Ibrahimovic, Estebán Cambiasso, Luís Figo, Adriano, Hernán Crespo e Dejan Stankovic, entre outros, até perdeu o encontro seguinte, na receção ao Bayern Munique (0-2), colocando-se numa posição difícil para conseguir o apuramento.
No entanto, os nerazzurri venceram o Spartak Moscovo nos dois jogos que se seguiram e entraram para a partida diante do Sporting no Giuseppe Meazza com mais dois pontos que a formação leonina, que havia empatado na Rússia (1-1) e em Munique (0-0) e perdido em Alvalade diante do Bayern (0-1).
Uma vitória em Milão dava à equipa de Mancini o apuramento para os oitavos de final e foi mesmo isso que aconteceu. Hernán Crespo, aos 36 minutos, apontou o golo solitário do encontro. No banco, um dos mais efusivos nos festejos do golo do avançado argentino foi Luís Figo, jogador formado no Sporting e sportinguista assumido.
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