sexta-feira, 25 de novembro de 2022

A minha primeira memória de… um jogo entre Benfica e Penafiel

Benfiquista Karadas luta pela bola com um defesa do Penafiel
A minha primeira memória de um jogo entre o Benfica e Penafiel faz-me recuar até à época 2004-05, a edição mais louca do campeonato português que alguma vez vivenciei. À entrada para a 15.ª jornada, a do Benfica-Penafiel da primeira volta, as águias de Giovanni Trapattoni ocupavam o quarto lugar na I Liga – com os mesmos pontos do Sporting, que era 3.º –, a dois pontos do líder Boavista e a um do vice FC Porto, e com dois pontos de vantagem sobre Vitória de Setúbal e Sp. Braga, que se mantinham na perseguição. Tudo em aberto.
 
Já o Penafiel de Luís Castro ocupava o 12.º lugar, com 17 pontos, a oito do Benfica e com cinco de vantagem sobre as primeiras equipas em zona de despromoção, Moreirense e Nacional. Ou seja, não se podia falar de aflição, mas também não se podia falar de um campeonato sem sobressaltos, até porque os durienses haviam trocado de treinador logo no início da época, com Manuel Fernandes a ser sacrificado.
 
Quando as duas equipas se defrontaram na Luz, a uma semana do Natal, o Benfica vinha de uma pesada derrota no Restelo (4-1) que havia de marcar uma mini reviravolta na equipa – Moreira cedeu a titularidade na baliza a Quim, enquanto Zlatko Zahovic saiu da equipa para não mais voltar (pelo menos no campeonato).



 
A exibição encarnada diante dos nortenhos não foi brilhante, mas bastou um golo de Argel – seguida de um beijo do central brasileiro na testa de Trapattoni –, de cabeça, aos 22 minutos, na sequência de um livre apontado por Petit a partir da direita, para garantir o triunfo.
 
“Se o jogo tivesse terminado à meia hora, poderia dizer-se que o Benfica teria conquistado uma vitória tão justa – pela superioridade inquestionável em relação a um opositor que se acampou na defesa – como escassa – tal o caudal ofensivo produzido pela formação encarnada. O golo de Argel, aos 23’, teria garantido os três pontos, e os adeptos, vestidos de Pai Natal, sairiam satisfeitos do Estádio da Luz, porque teriam comprovado que a equipa havia recuperado os índices físicos e psicológicos, qual redenção após vários pecados capitais. Contudo, e mesmo não estando em causa o triunfo dos encarnados no balanço da totalidade do tempo de jogo, os pupilos de Giovanni Trapattoni criaram escassas oportunidades claras de golo, pecaram na finalização e revelaram alguma tremedeira final, perante um Penafiel que não chegou realmente a ser incómodo. Ainda assim, valeu o cabeceamento oportuno do tão criticado e assobiado central brasileiro, que colocou justiça no marcador”, escreveu o jornal O Jogo.
 
 
 
Uma volta depois, o cenário era necessariamente diferente. A três jornadas do fim, o Benfica liderava o campeonato com três pontos de vantagem sobre o Sporting e quatro sobre o FC Porto. Já o Penafiel estava a salvo, dez pontos acima da zona de despromoção quando havia apenas nove pontos em disputa.
 
Descomplexada, a equipa duriense mostrou que a vitória em Alvalade (0-2) não tinha sido fruto do acaso e voltou a bater o pé a um grande, tendo vencido o Benfica por 1-0, com o único golo encontro a ser apontado pelo senegalês Ousmane N’Doye à passagem da hora de jogo, após grande passe de Clayton.
 
“Uma exibição preocupante para quem jogava em Penafiel grande parte dos privilégios na luta pelo título, conduziu o Benfica a uma derrota cujo significado excedeu a simples aritmética dos três pontos perdidos. Num estádio cheio, apoiada por milhares de adeptos entusiastas, empurrada pela motivação geral de uma conquista que nos últimos dez anos nunca esteve tão perto, a equipa encarnada assinou prestação absolutamente desastrosa, assente na dificuldade em perceber como queria levar a água ao moinho e na quebra evidente de algumas das suas unidades mais brilhantes e decisivas. Foi um conjunto amorfo e sem chama aquele que abordou a contenda; foi uma equipa indiferente à desinspiração aquela que veio para o segundo tempo, mesmo trazendo Mantorras; por último, foi um coletivo desconexo, sem cabeça e à espera de qualquer ajuda divina, aquele que reagiu sem nexo ao golo do Penafiel – e quando N’Doye assinou o lance que decidiu a partida, ao contrário do que sucedera em Vila do Conde, por exemplo, desta vez ainda havia meia hora para retificar”, resumiu o Record.
 
 









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