Portista Leandro Lima procura fugir a Carlos Pinto |
Não tive o privilégio
de acompanhar as passagens do Desp.
Chaves pela I
Liga durante as décadas de 1980 e 1990, uma vez que apenas
comecei a seguir futebol em 2000, precisamente um ano após a descida
dos flavienses
à II
Liga. Curiosamente, a minha primeira memória de um encontro
entre a formação
azul e grená e um dos três grandes do futebol português, neste
caso o FC
Porto, até é referente a uma época em que os transmontanos
competiam na II Divisão B, o terceiro escalão do futebol português.
Na noite fria de 7 de
dezembro de 2007, o Desp.
Chaves orientado por António Borges, dono de um dos bigodes mais
míticos do futebol português, recebeu os dragões
de Jesualdo Ferreira em partida da 4.ª eliminatória da Taça
de Portugal. Esse jogo, se não me falha a memória, nem sequer
teve direito a transmissão televisiva, algo que hoje em dia seria
impensável. No onze flaviense o nome mais sonante era o de Luís
Vouzela, médio que se notabilizou pela União
de Leiria entre 1996 e 2002, mas o guarda-redes Rui Rego haveria
de chegar à I
Liga com a camisola do Beira-Mar.
E havia ainda o central Abadito, que tinha jogado no primeiro escalão
ao serviço do Estoril,
e o médio Carlos Pinto, que poucos anos depois virou treinador.
Mesmo com apenas dois
habituais titulares (Fucile e Pedro Emanuel), aos quais se haveriam
de juntar outros dois (os argentinos Lucho
González e Lisandro López), os portistas
saíram de Trás-os-Montes com um triunfo por 2-0. Ainda assim, a
primeira parte sem golos fez com que os adeptos azuis
e brancos se lembrassem de duas eliminações diante de equipas
de divisões secundárias nesse mesmo ano, às mãos de Atlético
na Taça
de Portugal 2006-07 e do Fátima
na Taça
da Liga 2007-08.
No segundo tempo Hélder
Postiga inaugurou o marcador aos 53 minutos, a passe do polaco
Przemyslaw Kazmierczak, e fez o seu segundo golo nessa temporada,
semanas antes de ser emprestado aos gregos do Panathinaikos. O
brasileiro Adriano fez o 0-2 ao cair do pano (90+2'), após
assistência de Lucho.
“Afinal, é bem
possível que um FC
Porto repleto de reforços seja mesmo capaz de ganhar jogos.
Havia duas boas razões para duvidar – Atlético
e Fátima
– , mas ontem bastaram dois golos, ambos na segunda parte, para se
acreditar que os portistas
têm um plano B capaz de resultar. Dois habituais titulares na equipa
que começou o jogo, quatro em campo ao cabo de 90 minutos, foram
insuficientes para validar a ideia de que, desta feita, o FC
Porto fora mais precavido para a Taça
de Portugal. (...) Na prática, só a defesa foi reforçada com
dois dos jogadores mais utilizados no campeonato, o resto eram
suplentes e reforços. Desta feita, mais do que abrilhantar a sua
exibição, o FC
Porto tratou de não deixar que o adversário se empolgasse. De
início até foi preciso correr atrás do Desp.
Chaves, depois bastou impor a superioridade que lhe era atribuída
no papel. Os flavienses não foram perigosos, os portistas
não precisando de ser brilhantes foram empurrando o adversário para
o destino de perder com os bicampeões nacionais. Acreditando no
princípio que a Taça
de Portugal é uma excelente oportunidade para os menos
utilizados, Jesualdo Ferreira contou desta feita com jogadores que
estiveram bem no capítulo individual, sendo exemplo disso Mariano
González. E isso pode ser suficiente nos momentos em que é difícil
obter o máximo do coletivo”, sintetizou o jornal O Jogo.
Dois anos e meio depois,
já com o Desp.
Chaves na II
Liga (mas com despromoção anunciada à II Divisão B), os dois
conjuntos voltaram a defrontar-se na Taça
de Portugal, mas desta feita na final, com os dragões
a levar novamente a melhor (2-1).
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