sábado, 10 de setembro de 2022

A minha primeira memória de... um jogo entre FC Porto e Desp. Chaves

Portista Leandro Lima procura fugir a Carlos Pinto
Não tive o privilégio de acompanhar as passagens do Desp. Chaves pela I Liga durante as décadas de 1980 e 1990, uma vez que apenas comecei a seguir futebol em 2000, precisamente um ano após a descida dos flavienses à II Liga. Curiosamente, a minha primeira memória de um encontro entre a formação azul e grená e um dos três grandes do futebol português, neste caso o FC Porto, até é referente a uma época em que os transmontanos competiam na II Divisão B, o terceiro escalão do futebol português.

Na noite fria de 7 de dezembro de 2007, o Desp. Chaves orientado por António Borges, dono de um dos bigodes mais míticos do futebol português, recebeu os dragões de Jesualdo Ferreira em partida da 4.ª eliminatória da Taça de Portugal. Esse jogo, se não me falha a memória, nem sequer teve direito a transmissão televisiva, algo que hoje em dia seria impensável. No onze flaviense o nome mais sonante era o de Luís Vouzela, médio que se notabilizou pela União de Leiria entre 1996 e 2002, mas o guarda-redes Rui Rego haveria de chegar à I Liga com a camisola do Beira-Mar. E havia ainda o central Abadito, que tinha jogado no primeiro escalão ao serviço do Estoril, e o médio Carlos Pinto, que poucos anos depois virou treinador.

Mesmo com apenas dois habituais titulares (Fucile e Pedro Emanuel), aos quais se haveriam de juntar outros dois (os argentinos Lucho González e Lisandro López), os portistas saíram de Trás-os-Montes com um triunfo por 2-0. Ainda assim, a primeira parte sem golos fez com que os adeptos azuis e brancos se lembrassem de duas eliminações diante de equipas de divisões secundárias nesse mesmo ano, às mãos de Atlético na Taça de Portugal 2006-07 e do Fátima na Taça da Liga 2007-08.

No segundo tempo Hélder Postiga inaugurou o marcador aos 53 minutos, a passe do polaco Przemyslaw Kazmierczak, e fez o seu segundo golo nessa temporada, semanas antes de ser emprestado aos gregos do Panathinaikos. O brasileiro Adriano fez o 0-2 ao cair do pano (90+2'), após assistência de Lucho.

“Afinal, é bem possível que um FC Porto repleto de reforços seja mesmo capaz de ganhar jogos. Havia duas boas razões para duvidar – Atlético e Fátima – , mas ontem bastaram dois golos, ambos na segunda parte, para se acreditar que os portistas têm um plano B capaz de resultar. Dois habituais titulares na equipa que começou o jogo, quatro em campo ao cabo de 90 minutos, foram insuficientes para validar a ideia de que, desta feita, o FC Porto fora mais precavido para a Taça de Portugal. (...) Na prática, só a defesa foi reforçada com dois dos jogadores mais utilizados no campeonato, o resto eram suplentes e reforços. Desta feita, mais do que abrilhantar a sua exibição, o FC Porto tratou de não deixar que o adversário se empolgasse. De início até foi preciso correr atrás do Desp. Chaves, depois bastou impor a superioridade que lhe era atribuída no papel. Os flavienses não foram perigosos, os portistas não precisando de ser brilhantes foram empurrando o adversário para o destino de perder com os bicampeões nacionais. Acreditando no princípio que a Taça de Portugal é uma excelente oportunidade para os menos utilizados, Jesualdo Ferreira contou desta feita com jogadores que estiveram bem no capítulo individual, sendo exemplo disso Mariano González. E isso pode ser suficiente nos momentos em que é difícil obter o máximo do coletivo”, sintetizou o jornal O Jogo.



Dois anos e meio depois, já com o Desp. Chaves na II Liga (mas com despromoção anunciada à II Divisão B), os dois conjuntos voltaram a defrontar-se na Taça de Portugal, mas desta feita na final, com os dragões a levar novamente a melhor (2-1).









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