sexta-feira, 3 de junho de 2022

A minha primeira memória de… um jogo entre França e Dinamarca

Zidane com ligadura na perna no jogo diante da Dinamarca
Falar da minha primeira memória de um jogo entre França e Dinamarca é falar também do primeiro Mundial que segui, o de 2002, e da queda de uma equipa que poucos dias antes eu julgava ser invencível.
 
Vamos por partes. Comecei a ver futebol em 2000 e fui logo brindado pela conquista do título europeu por parte de França, que com maior ou menor dificuldade eliminou Espanha e Portugal nos quartos e nas meias-finais e bateu a Itália na final. Zinédine Zidane era a figura máxima de uma geração de ouro do futebol gaulês, que tinha um elevado número de jogadores nos maiores clubes do mundo. Fabien Barthez, Marcel Desailly, Lilian Thuram, Bixente Lizarazu, Emmanuel Petit, Patrick Vieira, Thierry Henry e David Trezeguet eram naquela altura, aos meus olhos e não só, jogadores de top mundial.
 
E nos dois anos que se seguiram, confirmei essa ideia. Para se ter uma noção, França chegou ao Mundial 2002, disputado na Coreia do Sul e no Japão, com um Zidane em grande forma, acabadinho de marcar um golaço que valeu ao Real Madrid a conquista da Liga dos Campeões; e com os melhores marcadores dos campeonatos de Inglaterra (Henry), Itália (Trezeguet) e França (Djibril Cissé). Claude Makélélé também tinha acabado de se sagrar campeão europeu pelos merengues, enquanto Willy Sagnol e Bixente Lizarazu o tinham sido na época anterior ao serviço do Bayern Munique. Também em 2001-02, Patrick Vieira, Sylvain Wiltord e Henry tinham sido campeões de Inglaterra com a camisola do Arsenal e Lilian Thuram e David Trezeguet de Itália ao serviço da Juventus, enquanto Philippe Christanval (Barcelona) e Fabien Barthez e Mikaël Silvestre (ambos Manchester United) haviam chegado às meias-finais da Champions. Resumindo: França era a grande favorita a vencer o Campeonato do Mundo.
 
 
À entrada para a última jornada da fase de grupos, França tinha apenas um ponto, mas ainda podia sonhar com o apuramento, caso batesse a Dinamarca por dois golos de diferença. Os nórdicos lideravam o grupo, com os mesmos quatro pontos que o Senegal, fruto de um triunfo por 2-1 sobre o Uruguai e de um empate a um golo frente à seleção africana, e só necessitavam de um empate para seguir em frente.
 
Sem Peter Schmeichel nem os manos Laudrup, expoentes máximos da geração anterior, os dinamarqueses tinham como principal figura Jon Dahl Tomasson, estrela de um Feyenoord que tinha acabado de vencer a Taça UEFA. No entanto, havia mais jogadores em equipas de muito bom nível ou em equipas médias de ligas de topo, como Martin Laursen e Thomas Helveg (ambos AC Milan), Jan Heintze, Dennis Rommedahl e Kasper Bøgelund (todos PSV), Thomas Gravesen (Everton), Ebbe Sand (Schalke 04), Jesper Grønkjær (Chelsea), Martin Jørgensen (Udinese), Niclas Jensen (Manchester City), Peter Løvenkrands (Rangers), Thomas Sørensen (Sunderland), Stig Tøfting (Bolton) e Claus Jensen (Charlton).


Mesmo com Zidane em campo, ainda que limitado, França voltou a desiludir. Aos 22 minutos, Rommedahl apareceu sozinho ao segundo poste para finalizar certeiro na sequência de um cruzamento de Tøfting a partir da direita. A meio do segundo tempo, Tomasson fez o 2-0, a rematar para o fundo das redes de Barthez na resposta a um cruzamento de Grønkjær do lado esquerdo (67’).
 
“Nem Zidane salvou o campeão e a França voltou para casa sem honra nem glória depois de mais uma derrota, contra a Dinamarca. Mais, os gauleses saíram deste Mundial como os piores defensores de um título em toda a história da prova. O único campeão em exercício que disse adeus na primeira fase sem sequer marcar um golo. A seleção de Roger Lemerre, a fabulosa geração de Zidane, Djorkaeff, Desailly, Barthez, Petit, ou, mais recentemente, Henry e Trezeguet, que tinha entrado para a história do futebol ao tornar-se a primeira equipa a conseguir juntar um título europeu a um outro mundial, de forma consecutiva, inscreve agora também o seu nome nas páginas mais negras dos Mundiais. Antes desta prova, só a Itália, em 1950, e o Brasil, em 1966, tinham deixado cair na primeira fase o título de campeão” resumiu o Diário de Notícias.
 
 




 
 





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