Pablo Aimar colocou o Benfica em vantagem na Luz |
Ainda não era nascido quando o PSV
Eindhoven bateu o Benfica
no desempate por grandes penalidades na final da Taça
dos Campeões Europeus em 1988 e muito menos quando os holandeses
eliminaram as águias
nos quartos de final da Taça das Taças em 1975. Por outro lado, o futebol ainda
não tinha entrado verdadeiramente na minha vida quando as duas equipas mediram
forças por duas vezes na fase de grupos da Liga
dos Campeões em 1998-99.
Assim sendo, a minha primeira
memória de um jogo entre Benfica
e PSV
remonta a abril de 2011, quando os dois conjuntos de digladiaram nos quartos de
final da Liga
Europa. Na altura, a formação
de Eindhoven não era propriamente um bicho-papão, mas tinha (e tem) um nome
e uma história que impõe sempre algum respeito, mesmo para uma turma orientada
por Jorge
Jesus que, no ano e meio anterior, tinha conseguido a nível europeu golear
os ingleses do Everton e os alemães do Hertha Berlim na Luz e vencer em
deslocações teoricamente bastante complicadas nas casas de Everton, Marselha e Estugarda.
O que é certo é que o Benfica,
que três dias antes tinha perdido em casa para o FC
Porto e permitido que os dragões festejassem a conquista do título nacional
em pleno Estádio da Luz, dizimou em Lisboa o PSV
com uma goleada por 4-1 que teve nota artística e que até terá pecado por
escassa.
O resultado da primeira-mão
começou a ser construído aos 37 minutos por Pablo Aimar, que no coração da área
disparou de pé esquerdo para o fundo das redes após um bom trabalho de Fábio
Coentrão no lado esquerdo. À beira
do intervalo Salvio fez o 2-0, de calcanhar, novamente na sequência de uma boa
incursão de Coentrão
pelo corredor lateral. Já no segundo tempo, Salvio desenvencilhou-se de dois
adversários no interior de uma autêntica cabine telefónica antes de fazer o
terceiro (51’).
Já na reta final do encontro, Zakaria
Labyad (que viria a jogar no Sporting
um ano e meio depois) aproveitou uma defesa incompleta de Roberto para reduzir
para os holandeses
(80’), mas Saviola fechou a goleada e deu mais tranquilidade para o encontro da
segunda-mão através de um remate à meia volta após bom trabalho de Maxi Pereira
na direita.
Uma vitória por 4-1 e um conforto
de três golos de vantagem antes da visita a Eindhoven foi um belíssimo
resultado para o Benfica,
tendo em conta que do outro lado estava uma equipa recheada de jogadores
internacionais como o guarda-redes sueco Andreas Isaksson, o central holandês Wilfred
Bouma, o central mexicano Maza Rodríguez, o central sérvio Jagos Vukovic, o
lateral direito búlgaro Stanislav Manolev, o lateral esquerdo holandês Erik
Pieters, o médio defensivo canadiano Atiba Hutchinson, os médios holandeses Otman Bakkal e Orlando Engelaar, o extremo
holandês Jeremain Lens, o extremo húngaro Balazs Dzsudzsák e o ponta de lança
sueco Marcus Berg.
“Pressionando bem à frente,
cortando linhas de passe e nublando ideias, o Benfica
dos primeiros minutos da eliminatória com o PSV
fez crer que boa fatia do apuramento para as meias-finais da Liga
Europa ficaria já resolvida na Luz. Aconteceu, é verdade, conforme se pode
espremer e deduzir do 4-1 final, mas o esbanjamento na finalização e alguma
intermitência em momentos de decisão e definição do último passe ainda semearam
incerteza no relvado. A bofetada de futebol e de golos no adversário holandês
que em 1988 lhe roubou uma Taça
dos Campeões Europeus podia e devia ter sido mais forte, mais vincada, com
todos os dedos, tantos os desequilíbrios gerados no último terço, entontecendo
uma organização defensiva que se foi afundando com o correr do tempo. Não foi
uma chapadona, mas foi uma bela chapada. O grau de violência teria sido maior
se Roberto tivesse segurado a bola que aos 80’ ressaltou para o recém-entrado
Labyad. Foi o lance do 3-1, mas Maxi Pereira, qual vingador da honra do
guardião espanhol, encheu o peito, abriu as asas e, ao cair do pano de uma
partida em que bloqueou quase sempre o temível (e tão procurado) Dzsudzsák,
voou no flanco, persistiu, ganhou a bola e serviu a conclusão de Saviola. E o Benfica
foi isto, em termos de atitude e determinação, mas faltou-lhe um Cardozo que
ligasse combatividade e eficácia – no remate e no passe –, e Saviola também
andou demasiadas vezes entre o oito e o oitenta”, resumiu o jornal O Jogo.
No jogo de Eindhoven, porém, o PSV
chegou a sonhar com a reviravolta na eliminatória, uma vez que aos 25 minutos
já se encontrava a vencer por 2-0, ou seja, a apenas um golo do apuramento
(caso não sofresse mais). Na sequência de um ataque rápido conduzido por Lens
pela direita, Dzsudzsák inaugurou o marcador (17’). Depois foi a vez do próprio
Lens faturar, na recarga a um remate defendido por Roberto.
Quando a passagem do Benfica
para as meias-finais parecia tremida, emergiu o capitão Luisão, que aproveitou
uma saída do guarda-redes Isaksson da baliza do PSV
para rematar de forma acrobática para o fundo das redes, no último lance da
primeira parte. No segundo tempo, Cardozo empatou o jogo na conversão de uma
grande penalidade a castigar falta sobre César Peixoto.
“O Benfica
confirmou ontem a passagem às meias-finais da Liga
Europa ao empatar 2-2 em Eindhoven, com o PSV.
É o regresso dos encarnados a esta fase de uma prova europeia, 17 anos depois
de terem sido afastados da final da Taça das Taças pelos italianos do Parma.
Só que a noite de ontem foi tudo menos tranquila... por culpa própria, pois,
durante a primeira parte, a equipa de Jorge
Jesus cometeu demasiados erros, que levaram o adversário a acreditar na
reviravolta depois de chegar ao 2-0. Com o abismo à vista, valeu um golo em
cima do intervalo para acalmar uma equipa que, afinal, sempre mostrou ser
superior na eliminatória”, sintetizou o jornal O Jogo.
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