terça-feira, 17 de agosto de 2021

A minha primeira memória de um jogo entre... Benfica e PSV

Pablo Aimar colocou o Benfica em vantagem na Luz
Ainda não era nascido quando o PSV Eindhoven bateu o Benfica no desempate por grandes penalidades na final da Taça dos Campeões Europeus em 1988 e muito menos quando os holandeses eliminaram as águias nos quartos de final da Taça das Taças em 1975. Por outro lado, o futebol ainda não tinha entrado verdadeiramente na minha vida quando as duas equipas mediram forças por duas vezes na fase de grupos da Liga dos Campeões em 1998-99.
 
Assim sendo, a minha primeira memória de um jogo entre Benfica e PSV remonta a abril de 2011, quando os dois conjuntos de digladiaram nos quartos de final da Liga Europa. Na altura, a formação de Eindhoven não era propriamente um bicho-papão, mas tinha (e tem) um nome e uma história que impõe sempre algum respeito, mesmo para uma turma orientada por Jorge Jesus que, no ano e meio anterior, tinha conseguido a nível europeu golear os ingleses do Everton e os alemães do Hertha Berlim na Luz e vencer em deslocações teoricamente bastante complicadas nas casas de Everton, Marselha e Estugarda.
 
O que é certo é que o Benfica, que três dias antes tinha perdido em casa para o FC Porto e permitido que os dragões festejassem a conquista do título nacional em pleno Estádio da Luz, dizimou em Lisboa o PSV com uma goleada por 4-1 que teve nota artística e que até terá pecado por escassa.


O resultado da primeira-mão começou a ser construído aos 37 minutos por Pablo Aimar, que no coração da área disparou de pé esquerdo para o fundo das redes após um bom trabalho de Fábio Coentrão no lado esquerdo.  À beira do intervalo Salvio fez o 2-0, de calcanhar, novamente na sequência de uma boa incursão de Coentrão pelo corredor lateral. Já no segundo tempo, Salvio desenvencilhou-se de dois adversários no interior de uma autêntica cabine telefónica antes de fazer o terceiro (51’).
 
Já na reta final do encontro, Zakaria Labyad (que viria a jogar no Sporting um ano e meio depois) aproveitou uma defesa incompleta de Roberto para reduzir para os holandeses (80’), mas Saviola fechou a goleada e deu mais tranquilidade para o encontro da segunda-mão através de um remate à meia volta após bom trabalho de Maxi Pereira na direita.
 
Uma vitória por 4-1 e um conforto de três golos de vantagem antes da visita a Eindhoven foi um belíssimo resultado para o Benfica, tendo em conta que do outro lado estava uma equipa recheada de jogadores internacionais como o guarda-redes sueco Andreas Isaksson, o central holandês Wilfred Bouma, o central mexicano Maza Rodríguez, o central sérvio Jagos Vukovic, o lateral direito búlgaro Stanislav Manolev, o lateral esquerdo holandês Erik Pieters, o médio defensivo canadiano Atiba Hutchinson, os médios holandeses  Otman Bakkal e Orlando Engelaar, o extremo holandês Jeremain Lens, o extremo húngaro Balazs Dzsudzsák e o ponta de lança sueco Marcus Berg.
 
“Pressionando bem à frente, cortando linhas de passe e nublando ideias, o Benfica dos primeiros minutos da eliminatória com o PSV fez crer que boa fatia do apuramento para as meias-finais da Liga Europa ficaria já resolvida na Luz. Aconteceu, é verdade, conforme se pode espremer e deduzir do 4-1 final, mas o esbanjamento na finalização e alguma intermitência em momentos de decisão e definição do último passe ainda semearam incerteza no relvado. A bofetada de futebol e de golos no adversário holandês que em 1988 lhe roubou uma Taça dos Campeões Europeus podia e devia ter sido mais forte, mais vincada, com todos os dedos, tantos os desequilíbrios gerados no último terço, entontecendo uma organização defensiva que se foi afundando com o correr do tempo. Não foi uma chapadona, mas foi uma bela chapada. O grau de violência teria sido maior se Roberto tivesse segurado a bola que aos 80’ ressaltou para o recém-entrado Labyad. Foi o lance do 3-1, mas Maxi Pereira, qual vingador da honra do guardião espanhol, encheu o peito, abriu as asas e, ao cair do pano de uma partida em que bloqueou quase sempre o temível (e tão procurado) Dzsudzsák, voou no flanco, persistiu, ganhou a bola e serviu a conclusão de Saviola. E o Benfica foi isto, em termos de atitude e determinação, mas faltou-lhe um Cardozo que ligasse combatividade e eficácia – no remate e no passe –, e Saviola também andou demasiadas vezes entre o oito e o oitenta”, resumiu o jornal O Jogo.



No jogo de Eindhoven, porém, o PSV chegou a sonhar com a reviravolta na eliminatória, uma vez que aos 25 minutos já se encontrava a vencer por 2-0, ou seja, a apenas um golo do apuramento (caso não sofresse mais). Na sequência de um ataque rápido conduzido por Lens pela direita, Dzsudzsák inaugurou o marcador (17’). Depois foi a vez do próprio Lens faturar, na recarga a um remate defendido por Roberto.
 
Quando a passagem do Benfica para as meias-finais parecia tremida, emergiu o capitão Luisão, que aproveitou uma saída do guarda-redes Isaksson da baliza do PSV para rematar de forma acrobática para o fundo das redes, no último lance da primeira parte. No segundo tempo, Cardozo empatou o jogo na conversão de uma grande penalidade a castigar falta sobre César Peixoto.
 
“O Benfica confirmou ontem a passagem às meias-finais da Liga Europa ao empatar 2-2 em Eindhoven, com o PSV. É o regresso dos encarnados a esta fase de uma prova europeia, 17 anos depois de terem sido afastados da final da Taça das Taças pelos italianos do Parma. Só que a noite de ontem foi tudo menos tranquila... por culpa própria, pois, durante a primeira parte, a equipa de Jorge Jesus cometeu demasiados erros, que levaram o adversário a acreditar na reviravolta depois de chegar ao 2-0. Com o abismo à vista, valeu um golo em cima do intervalo para acalmar uma equipa que, afinal, sempre mostrou ser superior na eliminatória”, sintetizou o jornal O Jogo.
 















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