O Benfica recebeu hoje, e venceu, o Twente por 3-1, carimbando o passa porte para a Fase de Grupos da Liga dos Campeões.
Os encarnados apresentaram-se com o seguinte onze: Artur; Maxi Pereira, Luisão, Garay e Emerson; Javi García e Witsel; Gaitán, Aimar e Nolito; Cardozo.
O Benfica entrou bem no jogo, criando diversas oportunidades, sobretudo nos primeiros 15 minutos em que houve cerca de cinco remates, que com mais ou menos perigo, levavam a direcção da baliza de Mihaylov.
De resto as águias foram bastante perigosas na primeira parte, aproveitando o espaço que os holandeses davam, já que os comandados de Co Andriaanse jogavam com as linhas muito avançadas no terreno, e por isso foram várias as situações em que o Benfica teve contra-ataques em que praticamente os seus atacantes estavam em igualdade numérica com os defensores do Twente.
A equipa encarnada jogou mesmo muito bem no primeiro tempo, apresentando uma coesão defensiva que poucas hipóteses davam ao vice-campeão da Holanda, muito por culpa de Jorge Jesus ter colocado Witsel em campo em vez de Saviola, o que fez com que Javi Garcia pudesse estar mais perto dos centrais, e mesmo quando o espanhol avançava no terreno, o belga apresentava-se mais recuado para fazer as dobras.
No ataque, só faltavam mesmo os golos, e diga-se de passagem que o Benfica teve oportunidades mais que suficientes para ir para o intervalo com o apuramento para a fase de grupos da Liga dos Campeões praticamente garantido.
Já os primeiros 45 minutos do Twente não foram do meu agrado, facilitando muito na defesa, correndo sérios riscos, e ao mesmo tempo não justificavam esses riscos com oportunidades de golo criadas pelo ataque, tanto que o único remate que fez no primeiro tempo, e diga-se de passagem que levou algum perigo, foi de fora da área por intermédio de Bryan Ruiz, à passagem dos 34’. Posso mesmo dizer que não tenho dúvidas de que o costa-riquenho é mesmo o melhor jogador desta equipa.
De resto, a equipa holandesa parece não ter muita qualidade, falhando muitos passes e sendo inconsequente no ataque.
Na segunda parte, o Benfica praticamente entrou a ganhar. Na sequência de um livre a meio do meio-campo do Twente, Luisão amortece a bola de cabeça para um remate acrobático de Witsel, colocando o resultado em 1-0.
Aí, gerou-se um clima de tranquilidade e confiança entre os encarnados, e aos 58’ apareceu o 2-0, através de Luisão, a responder de cabeça ao primeiro poste a um canto de Aimar.
Cerca de sete minutos depois, após um excelente passe de Cardozo, Witsel aparece isolado e com toda a calma faz o 3-0, se dúvidas havia, o apuramento para a Liga dos Campeões ficou aqui carimbado.
A partir daí, o Benfica foi diminuindo a intensidade de jogo, e por isso os homens vindos do país das tulipas estiveram mais próximo da área encarnada, acabando mesmo por marcar, numa jogada que envolveu os dois melhores elementos de campo do Twente, Ola John a fazer um cruzamento milimétrico para a cabeça de Bryan Ruiz, estavam decorridos 84 minutos, tempo insuficiente para tentar dar a volta aos acontecimentos.
Fazendo uma análise de como o Benfica se apresentou, confesso que era esta a constituição de equipa que eu esperava, ainda que não me admirasse se visse Saviola no lugar de Cardozo, de forma a garantir mais posse de bola, mais mobilidade e contra-atacar com mais rapidez e consequente maior eficácia.
No entanto, percebe-se a intenção de Jorge Jesus e isso viu-se no jogo, pois a equipa jogou como se o resultado estivesse 0-0 e não 2-2, e depois, pela frente não estava nenhum colosso europeu como o Arsenal (cito esta equipa porque o Benfica apresentou a formação que eu pensava que iria apresentar neste jogo com os ingleses para a Eusébio Cup), as águias podiam muito bem dominar o jogo, ser mais forte e não precisar da mobilidade de Saviola, e foi isso que se assistiu.
Em relação aos sectores, devo dizer que a defesa esteve muito bem, penso que está encontrado o quarteto defensivo, e que Garay e Emerson são duas boas aquisições, exemplo de jogadores que não precisaram de período de adaptação, basicamente chegaram, viram e venceram. Emerson pode não fazer esquecer Coentrão, mas é um jogador que raramente falha nas suas tarefas.
O meio-campo esteve sempre muito dinâmico, sobretudo até aos 3-0, com Witsel a ser mais um exemplo de jogador que chegou, viu e venceu. Basicamente quem é bom é sempre bom, a linguagem do futebol é universal, e ficou aqui provado.
No entanto, e incluindo aqui também o ataque, o Benfica acusou demasiado a sede de querer marcar golos, em termos colectivos até ao 1-0, mas em termos individuais, destaco Nolito e Cardozo, que foram dos mais desesperados para colocar a bola dentro da baliza. O primeiro talvez por querer bater o recorde de Eusébio, o segundo por querer reconciliar-se com os adeptos.
Posso mesmo dizer que pecou por escassa esta vitória do Benfica.
Em relação ao Twente, sinceramente não compreendo. Milhões de jovens davam tudo para estar ali a lutar por uma vaga na Liga dos Campeões, e por muito bem que tivesse jogado a formação portuguesa, o vice-campeão da Holanda apresentou sempre grande passividade, uma grande falta de querer e motivação, e até mesmo de alguma incoerência na abordagem do jogo. Como é possível a linha defensiva estar tão subida quando o ataque estava inconsequente, e apesar do perigo que o Benfica ía causando na primeira parte, continuar subida e os jogadores parecerem despreocupados com isso?
Como é possível o líder isolado do campeonato da Holanda (país que ainda esta semana subiu ao 1º lugar no Ranking da FIFA) apresentar tão poucos argumentos? Como é possível falhar tantos passes, revelar tão pouca ambição e ficar dependente dos lances individuais do seu melhor jogador (leia-se Bryan Ruiz), e depois também de Ola John?
Nunca mostraram muita vontade em dar a volta aos acontecimentos, nem sequer qualidade para isso, e podem-se dar por felizes por não sair da Luz com uma derrota histórica, e devem alguma dessa felicidade ao extraordinário guarda-redes que têm.
Dados estes acontecimentos, o Benfica está qualificado para a Fase de Grupos da Liga dos Campeões, e terá de esperar pelo sorteio de 6ª feira para saber quais as três equipas que lhe saem na rifa.
Amanhã, em princípio, as análises futebolísticas deverão estar de regresso para fazer o rescaldo do Sporting – Nordsjaelland.