Inglaterra e Croácia defrontaram-se no Estádio da Luz |
A minha primeira memória de um
jogo entre Inglaterra e Croácia remete-me para esse extraordinário evento que foi
o Euro 2004. Mesmo não indo ao estádio ver jogos, era impossível passar ao lado
do que ia acontecendo em todos os grupos da competição, mesmo os que não
incluíam Portugal.
Ao cabo de duas jornadas, França
liderava o Grupo B com quatro pontos. A seguir vinha Inglaterra, com três. No
entanto, Croácia e Suíça, ambas com um, não estavam ainda fora da corrida por
uma vaga nos quartos de final.
No Estádio da Luz, ingleses e
croatas protagonizaram um grande espetáculo, com os britânicos a vencer por
4-2.
Com nomes como Igor Tudor (Juventus),
Dario Simic (AC
Milan), Robert Kovac (Bayern Munique), Dado Prso (Mónaco),
Ivica Olic (CSKA
Moscovo) e Tomo Sokota (Benfica)
como algumas das suas principais figuras, a seleção então orientada por Otto
Barić colocou-se em vantagem logo aos cinco minutos, por Niko Kovac.
No entanto, pela frente estava
uma grande Inglaterra, composta por jogadores importantes de grandes clubes
como Manchester United (os irmãos Gary e Phil Neville e Paul Scholes), Arsenal
(Ashley Cole e Sol Campbell), Chelsea
(John Terry e Frank Lampard) e Liverpool (Steven Gerrard e Michael Owen). Havia
ainda David Beckham (Real Madrid), Owen Hargreaves (Bayern Munique) e um dos
jovens mais promissores do futebol mundial, Wayne Rooney (Everton).
Foram precisamente alguns destes
craques que construíram a reviravolta dos three
lions. O pequenino Scholes aproveitou uma bola perdida na área croata para
cabecear para o fundo das redes aos 40 minutos. E pouco depois serviu Rooney,
que deu pela primeira vez vantagem à seleção comandada por Sven-Göran Eriksson
através de um disparo de fora da área (45+1’).
No segundo tempo, Rooney tabelou
com Scholes, isolou-se perante Butina e fez o 3-1 aos 68 minutos. Tudor, de
cabeça, devolveu a esperança aos croatas na sequência de um livre lateral (73’).
No entanto, Lampard, que começava nessa altura a afirmar-se como um dos
melhores médios do futebol mundial, sentenciou o resultado (79’).
“Brrrr... Rooooney! O miúdo de 18
anos converteu-se numa figura de culto para os ingleses e numa das grandes atrações
deste Euro 2004. Num jogo de seis (!) golos, a Croácia sobreviveu durante
quarenta minutos, mas quase sempre a tremer”, resumiu o jornal O Jogo.
No entanto, tenho bem vivo na
memória outro Inglaterra-Croácia. Na qualificação para o Euro 2008, a Croácia
estava já qualificada à partida para a última jornada, ao passo que Inglaterra
necessitava apenas de empatar em casa com os croatas para carimbar o
apuramento. No entanto, o impensável aconteceu: a seleção orientada por Slaven
Bilic venceu em Wembley
por 3-2.
Nessa noite de 21 de novembro de
2007, Niko Kranjcar (8 minutos) e Ivica Olić (14’) colocaram os croatas a
vencer por 2-0 ainda bastante cedo. Lampard (56, g.p.) e Peter Crouch (65’)
marcaram os golos que deixaram o encontro empatado, mas Mladen Petric fez o
golo (77’) que deixou os britânicos fora do Campeonato da Europa pela primeira
vez desde 1984.
“De nada valeu à Inglaterra o incentivo
do príncipe William no início do decisivo encontro com a Croácia. Pela quarta
vez desde que em 1960 se disputou a primeira edição do Campeonato da Europa, os
ingleses não vão marcar presença na fase final da prova. Para encontrar a última
vez que tal tinha sucedido é preciso recuar até 1976, quando a Checoslováquia
surpreendeu o Velho Continente ao arrecadar o troféu. A seleção dos três leões
até teve o apuramento nas mãos, depois de ter começado francamente mal o jogo,
ao sofrer dois golos no primeiro quarto-de-hora, mas foi incapaz de segurar os croatas
e o empate que precisavam até ao final. Petric, com um remate cruzado, aos 77’,
transformou a noite do estreante Carson – rendeu Robinson na baliza – num
pesadelo e sentenciou o Grupo E, bem como o futuro de Steve McClaren no cargo
de selecionador inglês”, resumiu O Jogo.
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