Tendo eu nascido em 1992, as
minhas primeiras memórias de jogos entre Sporting
e Portimonense
só podiam ser relativas à da época 2010-11, quando os algarvios
regressaram à I Liga após duas décadas de ausência. Desde 1990 até então, ambos
as formações só se tinham defrontado em partidas de caráter particular.
Aquando do primeiro duelo da
temporada, a 5 de dezembro de 2010, o Sporting
estava já a 13 pontos do líder FC
Porto (de Villas Boas), apesar de estarem decorridas apenas 12 jornadas, e
lidava com bastantes dificuldades para entrar no pódio. Cinco vitórias, quatro
empates, três derrotas e um saldo de 14-12 em golos era a bagagem que os leões
levavam para o Algarve.
Paulo Sérgio, curiosamente atual treinador dos alvinegros,
era o homem do leme em Alvalade.
Já o Portimonense
ainda não tinha Rodiney Sampaio como administrador da SAD. Tinha subido à I
Liga, mas em anos anteriores tinha sentido dificuldades em manter-se na II
Liga. E, por motivos de obras, estava obrigado a jogar no Estádio Algarve,
em Loulé, ainda que a temporada já tivesse arrancado há quase quatro meses. No
comando técnico estava Litos, curiosamente uma antiga figura do Sporting,
que procurava tirar os alvinegros
na penúltima posição da tabela classificativa.
Quanto ao jogo em si, os verde
e brancos tiveram a felicidade de marcar golos em momentos cruciais e
arrancaram uma vitória por 3-1.
Hélder Postiga, que estava a
viver uma das melhores temporadas da carreira e até tinha regressado à seleção,
inaugurou o marcador aos 22 minutos, na sequência de um conjunto de ressaltos
após um livre direto de Maniche.
Cerca de um quarto de hora
depois, o ex-sportinguista
Pedro Silva – que ano e meio antes tinha protagonizado um momento inesquecível
naquele estádio ao atirar para a bancada a medalha de finalista vencido da Taça
da Liga – apontou um livre lateral que serviu de assistência para o golo do
empate, apontado por Pires,
que aos 29 anos se estreava assim a marcar na I Liga.
Porém, ainda antes do intervalo
Maniche devolveu a vantagem ao Sporting
através de um bom remate à entrada da área a cruzamento de Liedson e André
Santos fez o 1-3 com um remate colocadíssimo no seguimento de um cruzamento
atrasado de Hélder Postiga.
“Não foi um Sporting
arrasador ou sufocante aquele que se apresentou ontem frente ao Portimonense,
foi antes um leão
que assumiu o seu estatuto de favorito na partida e que, com uma exibição sem grandes
rasgos, soube capitalizar os pontos por ter percebido e explorado a preceito as
fraquezas de um adversário demasiado permissivo na defesa e pouco esclarecido
sobre a zona intermédia. Bastou depois apresentar as credenciais da eficácia e
um Postiga em noite sim para carimbar o terceiro triunfo consecutivo fora de Alvalade
e ascender ao terceiro lugar da classificação, embora em igualdade com o Guimarães.
E, progressivamente, a formação leonina vai subindo na tabela, tendo ontem igualado
um pódio que lhe fugia desde a 3.ª jornada, a 30 de agosto, e que apenas teve
exemplo semelhante na 5.ª ronda da... temporada passada”, escreveu o jornal O Jogo.
Quando os dois conjuntos se defrontaram
na segunda volta, a 30 de abril, o cenário era semelhante. A três jornadas do
fim, o Sporting
procurava reentrar no pódio, partindo para essa ronda a dois pontos do Sp.
Braga. Já o Portimonense,
a seis pontos da zona de salvação, aparentava estar condenado ao regresso à II
Liga.
Tal como primeiro encontro dessa
época, os leões
– já sem Liedson, que tinha voltado ao Brasil – voltaram a construir uma
vantagem de dois golos na primeira parte. Na sequência de um canto curto,
Matías Fernández executou um cruzamento milimétrico que encontrou a cabeça de
Hélder Postiga, que inaugurou assim o marcador aos 20 minutos. E novamente no
final da primeira parte, em mais um momento crucial, Yannick
Djaló serviu João Pereira para o 2-0. Pelo meio, o Portimonense,
então já orientado por Carlos Azenha, ameaçou a baliza de Rui
Patrício com alguns contra-ataques venenosos.
No segundo tempo, os verde
e brancos amoleceram. Curiosamente, foi um minuto após a melhor
oportunidade de que dispuseram na etapa complementar, um remate ao poste de
Jaime Valdés, que viram os algarvios
reduzir a desvantagem, por intermédio de Pires
(68’).
Até ao apito final, André Santos
(acumulação de amarelos) e João Pereira (vermelho direto) foram expulsos e
deixaram o Sporting,
então comandado por José
Couceiro, reduzido a nove unidades nos derradeiros instantes da partida.
“Chegou a ser notícia durante a
primeira parte: o bom futebol voltara à casa do leão.
Pesem a eventual confirmação da sexta vitória leonina em casa, o pódio provisório
nesta Liga e a Europa à mercê perante um Portimonense
cada vez mais com a corda da despromoção a apertar-lhe o pescoço, Alvalade
tornou a tirar bilhete para uma montanha-russa de emoções no segundo tempo, após
uns primeiros 45’ de bom futebol, de parte a parte. O mel salgou quando os
anfitriões perderam a fleuma nos últimos 20 minutos. Motivos para deixar a calma
cair pela relva: o estoicismo coroado com a redução do marcador por parte dos algarvios;
uma gestão que pareceu prematura do resultado; as expulsões justas de André
Santos e João Pereira e um protagonismo exacerbado de Duarte Gomes (já marcado pela
cena que ali motivara noutro tempo com o ex-técnico de guarda-redes leonino
Ricardo Peres). Tudo acabou em bem para o lado verde
e branco, mas uma noite que parecia fadada para a reconciliação entre
adeptos e equipa – não deixou de o ser...– e para um aumento da qualidade dos espetáculos
caseiros terminou num acesso quase geral de fúria”, frisou o jornal O Jogo no dia seguinte.
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