Chaínho subiu a pulso como
jogador: despontou no Casa
Pia na III Divisão, revelou-se na I
Liga ao serviço do Estrela
da Amadora, conquistou títulos no FC
Porto e ainda passou pela Liga
Espanhola e por um dos maiores clubes gregos, o Panathinaikos. Agora, tudo
indica que também vai escalar a montanha como treinador, uma vez que esta época vai estrear-se oficialmente como técnico principal de seniores, no
banco do Abóboda,
equipa que subiu este ano à II Divisão Distrital da AF
Lisboa.
Em entrevista, o antigo médio que
nasceu em Angola
e foi internacional jovem português fala das expetativas da nova temporada e da
nova carreira e passa em revista o seu trajeto como futebolista.
ROMILSON TEIXEIRA - O Chaínho é o novo treinador do Abóboda,
equipa que em 2020-21 vai militar na II Divisão Distrital da AF
Lisboa. O que o levou a aceitar o convite do clube do concelho
de Cascais e como tem estado a correr a preparação da época?
CHAÍNHO - Aceitei o convite sem
problema nenhum! Conheço a pessoa responsável dos seniores, Tasslim Sualehe. A
pré-época tem corrido bem.
O desempenho na Taça Cascais,
em que o Abóboda
venceu dois dos três jogos e empatou o outro, deixa-o confiante?
É sempre bom começar bem. Os bons
resultados trazem confiança.
O Abóboda
conseguiu subir pela primeira vez à II Divisão Distrital pela primeira vez
desde que em 2016 reativou o futebol sénior. O objetivo passa pela permanência
ou é possível sonhar mais alto?
Gosto de pensar no presente. O importante
é fazermos um campeonato positivo, um dia de cada vez.
A equipa sénior do Abóboda
está intimamente ligada ao projeto da Next Level Sports, que prepara e envia
jovens jogadores entre 15 e 23 anos para os Estados Unidos com bolsas
académicas e desportivas. Essa aposta é para continuar? O que difere na
abordagem de um treinador quando além da vertente desportiva se está envolvido
num projeto desta natureza?
É um projeto de sucesso, que vai
continuar naturalmente. Em termos desportivos não muda nada.
Em termos táticos, o que poderemos esperar do Abóboda.
Que princípios quer que a sua equipa aplique em campo?
Uma equipa que gosta de jogar, aguerrida
e sem receio de falhar.
Chaínho durante uma sessão de treino noturna do Abóboda |
Ao longo da sua carreira de futebolista foi orientado em oito
temporadas por Fernando Santos, um treinador conhecido pelo seu pragmatismo.
Também teremos um Chaínho pragmático como treinador? Como se descreve enquanto
treinador?
Ser pragmático ou não depende
sempre do adversário. Tenho obviamente as minhas ideias. Cada treinador tem o
seu modelo. O mais importante é potenciar os jogadores que temos. Como
treinador acredito sempre no trabalho semanal e tenho uma equipa técnica muito
capaz e séria, que são fatores importantes.
Sente da parte dos jogadores algum entusiasmo especial por estarem a
trabalhar às ordens de alguém que como jogador foi internacional sub-21 por
Portugal, campeão nacional e vencedor uma Taça
de Portugal pelo FC
Porto e que jogou na Liga
Espanhola?
Os jogadores têm muito potencial,
o mais importante é que acreditam no processo. Sinceramente não penso nem ligo do
que pensem pelo facto de ter sido jogador, importante é a ligação de equipa.
O que espera deste campeonato? Quais serão as principais dificuldades e
os candidatos aos lugares cimeiros?
Vai ser um campeonato com boas
equipas. todos querem chegar aos objetivos. Irei também aprender muito.
O Chaínho vive a primeira experiência como treinador principal de uma
equipa sénior, depois de ter sido adjunto de Álvaro Magalhães na Naval e no Tondela
e de Domingos
Paciência no Vitória
de Setúbal e de ter orientado os juniores do Casa
Pia. Após uma carreira como futebolista e algum percurso como adjunto na
alta competição, vê-se a seguir a carreira de treinador?
Amo o jogo e o treino. Aprendi
muito como adjunto com dois grandes treinadores. Veremos, com calma e
paciência.
Vários ex-futebolistas, alguns com uma carreira de um nível idêntico à
do Chaínho, como Silas
ou Rúben
Amorim, começaram o trajeto de treinador num nível mais alto. O mercado dos
treinadores vive mais da fé das direções dos clubes do que do mérito? O que considera
ser essencial para treinar ao mais alto nível?
A melhor forma é conhecer jogo, não
ter medo de errar, ouvir bastante, observar e sermos sérios em tudo.
“O penta é uma história que ainda perdura”
Chaínho venceu campeonato, Taça e Supertaça pelo FC Porto |
Recuemos um pouco no tempo e falemos da sua carreira de jogador.
Despontou no Casa
Pia na III Divisão, revelou-se na I
Liga ao serviço do Estrela
da Amadora, conquistou títulos no FC
Porto e ainda passou pela Liga
Espanhola e por um dos maiores clubes gregos, o Panathinaikos. Que balanço
fez deste trajeto?
Foi uma carreira fantástica. Valeram
a pena os sacrifícios. Valeu a pena ouvir e aprender.
Qual foi a sensação de vencer o penta ao serviço do FC
Porto e jogar ao lado de jogadores como Vitor Baía e Jardel? O que de
melhor guarda dessa fase de dragão
ao peito?
Os títulos são os sinónimos de
trabalho e qualidade em todo processo coletivo. Foram anos maravilhosos e
cheios de amizade. O penta é uma história que ainda perdura.
Não ter chegado à seleção nacional de Portugal é a maior mágoa que leva
da carreira? Paulo Sousa, Paulo Bento, Costinha, Vidigal e depois Petit eram
alguns dos principais concorrentes na altura...
Não tenho mágoa nenhuma. Tinha
valor para estar na seleção. Estive várias vezes na lista de convocados. Faz
parte da vida de um profissional.
“Jogar por Angola? Regras não permitiram”
Mais tarde é chamado pela seleção
angolana, tendo até em vista a participação no Mundial 2006, mas a FIFA não
autoriza. Foi um duro golpe não poder jogar pelo país onde nasceu e no qual
viveu até aos seis anos? Como descreve este drama?
Houve essa situação, as regras
não permitiram. O processo foi tranquilo, sabia de antemão que seria difícil. Encaixei
essa matéria muito fácil.
A oportunidade de jogar por Angola
só surgiu nessa altura ou já tinha aparecido mais cedo?
Houve uma abordagem mais cedo.
“Jorge Mendes tem visão, sabedoria e honestidade”
Chaínho jogou na Liga Espanhola com a camisola do Saragoça |
Foi agenciado por Jorge Mendes. Como explica o sucesso e a capacidade
dele para fazer grandes negócios, alguns dos quais envolvendo verbas superiores
aos que seriam expectáveis?
O Jorge é um agente fora de série.
Temos uma ligação de amizade. Ele trabalha para o êxito e tem visão, sabedoria
e honestidade.
Chegou a ser empresário de jogadores, vendeu material desportivo da
Nike e nos últimos anos tem sido comentador desportivo. Como correram essas
experiências?
Adorei essas fases. Foi
gratificante ter feito um pouco de tudo. Felizmente fui habituado a trabalhar
sem receio de nada.
Como vê o estado atual do futebol
angolano? Que jogadores mais aprecia e o que falta a Angola
para aparecer mais vezes em fases finais?
O futebol
angolano tem muito potencial. Há talento, mas neste momento estou um pouco
fora do porquê de não irem mais longe. Espero
ver no futuro próximo a seleção
angolana nos grandes palcos. Há que criar infraestruturas, criar uma base
que será o farol de todos, criar um modelo e formar treinadores e dirigentes. O
jogador Angola
é de um potencial tremendo.
Entrevista realizada por Romilson Teixeira
estava longe do nome e sabia a historia mais ou menos .
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