sábado, 3 de outubro de 2020

Chaínho promete Abóboda “aguerrido, sem receio de falhar e que gosta de jogar”

Carlos Chaínho sucede a Daniel Simões no banco do Abóboda
Chaínho subiu a pulso como jogador: despontou no Casa Pia na III Divisão, revelou-se na I Liga ao serviço do Estrela da Amadora, conquistou títulos no FC Porto e ainda passou pela Liga Espanhola e por um dos maiores clubes gregos, o Panathinaikos. Agora, tudo indica que também vai escalar a montanha como treinador, uma vez que esta época vai estrear-se oficialmente como técnico principal de seniores, no banco do Abóboda, equipa que subiu este ano à II Divisão Distrital da AF Lisboa.

Em entrevista, o antigo médio que nasceu em Angola e foi internacional jovem português fala das expetativas da nova temporada e da nova carreira e passa em revista o seu trajeto como futebolista.



ROMILSON TEIXEIRA - O Chaínho é o novo treinador do Abóboda, equipa que em 2020-21 vai militar na II Divisão Distrital da AF Lisboa. O que o levou a aceitar o convite do clube do concelho de Cascais e como tem estado a correr a preparação da época?
CHAÍNHO - Aceitei o convite sem problema nenhum! Conheço a pessoa responsável dos seniores, Tasslim Sualehe. A pré-época tem corrido bem.

O desempenho na Taça Cascais, em que o Abóboda venceu dois dos três jogos e empatou o outro, deixa-o confiante?
É sempre bom começar bem. Os bons resultados trazem confiança.

O Abóboda conseguiu subir pela primeira vez à II Divisão Distrital pela primeira vez desde que em 2016 reativou o futebol sénior. O objetivo passa pela permanência ou é possível sonhar mais alto?
Gosto de pensar no presente. O importante é fazermos um campeonato positivo, um dia de cada vez.

A equipa sénior do Abóboda está intimamente ligada ao projeto da Next Level Sports, que prepara e envia jovens jogadores entre 15 e 23 anos para os Estados Unidos com bolsas académicas e desportivas. Essa aposta é para continuar? O que difere na abordagem de um treinador quando além da vertente desportiva se está envolvido num projeto desta natureza?
É um projeto de sucesso, que vai continuar naturalmente. Em termos desportivos não muda nada.

Em termos táticos, o que poderemos esperar do Abóboda. Que princípios quer que a sua equipa aplique em campo?
Uma equipa que gosta de jogar, aguerrida e sem receio de falhar.

Chaínho durante uma sessão de treino noturna do Abóboda
Ao longo da sua carreira de futebolista foi orientado em oito temporadas por Fernando Santos, um treinador conhecido pelo seu pragmatismo. Também teremos um Chaínho pragmático como treinador? Como se descreve enquanto treinador?
Ser pragmático ou não depende sempre do adversário. Tenho obviamente as minhas ideias. Cada treinador tem o seu modelo. O mais importante é potenciar os jogadores que temos. Como treinador acredito sempre no trabalho semanal e tenho uma equipa técnica muito capaz e séria, que são fatores importantes.

Sente da parte dos jogadores algum entusiasmo especial por estarem a trabalhar às ordens de alguém que como jogador foi internacional sub-21 por Portugal, campeão nacional e vencedor uma Taça de Portugal pelo FC Porto e que jogou na Liga Espanhola?
Os jogadores têm muito potencial, o mais importante é que acreditam no processo. Sinceramente não penso nem ligo do que pensem pelo facto de ter sido jogador, importante é a ligação de equipa.

O que espera deste campeonato? Quais serão as principais dificuldades e os candidatos aos lugares cimeiros?
Vai ser um campeonato com boas equipas. todos querem chegar aos objetivos. Irei também aprender muito.

O Chaínho vive a primeira experiência como treinador principal de uma equipa sénior, depois de ter sido adjunto de Álvaro Magalhães na Naval e no Tondela e de Domingos Paciência no Vitória de Setúbal e de ter orientado os juniores do Casa Pia. Após uma carreira como futebolista e algum percurso como adjunto na alta competição, vê-se a seguir a carreira de treinador?
Amo o jogo e o treino. Aprendi muito como adjunto com dois grandes treinadores. Veremos, com calma e paciência.

Vários ex-futebolistas, alguns com uma carreira de um nível idêntico à do Chaínho, como Silas ou Rúben Amorim, começaram o trajeto de treinador num nível mais alto. O mercado dos treinadores vive mais da fé das direções dos clubes do que do mérito? O que considera ser essencial para treinar ao mais alto nível?
A melhor forma é conhecer jogo, não ter medo de errar, ouvir bastante, observar e sermos sérios em tudo.

“O penta é uma história que ainda perdura”

Chaínho venceu campeonato, Taça e Supertaça pelo FC Porto
Recuemos um pouco no tempo e falemos da sua carreira de jogador. Despontou no Casa Pia na III Divisão, revelou-se na I Liga ao serviço do Estrela da Amadora, conquistou títulos no FC Porto e ainda passou pela Liga Espanhola e por um dos maiores clubes gregos, o Panathinaikos. Que balanço fez deste trajeto?
Foi uma carreira fantástica. Valeram a pena os sacrifícios. Valeu a pena ouvir e aprender.

Qual foi a sensação de vencer o penta ao serviço do FC Porto e jogar ao lado de jogadores como Vitor Baía e Jardel? O que de melhor guarda dessa fase de dragão ao peito?
Os títulos são os sinónimos de trabalho e qualidade em todo processo coletivo. Foram anos maravilhosos e cheios de amizade. O penta é uma história que ainda perdura.

Não ter chegado à seleção nacional de Portugal é a maior mágoa que leva da carreira? Paulo Sousa, Paulo Bento, Costinha, Vidigal e depois Petit eram alguns dos principais concorrentes na altura...
Não tenho mágoa nenhuma. Tinha valor para estar na seleção. Estive várias vezes na lista de convocados. Faz parte da vida de um profissional.

“Jogar por Angola? Regras não permitiram”

Mais tarde é chamado pela seleção angolana, tendo até em vista a participação no Mundial 2006, mas a FIFA não autoriza. Foi um duro golpe não poder jogar pelo país onde nasceu e no qual viveu até aos seis anos? Como descreve este drama?
Houve essa situação, as regras não permitiram. O processo foi tranquilo, sabia de antemão que seria difícil. Encaixei essa matéria muito fácil.

A oportunidade de jogar por Angola só surgiu nessa altura ou já tinha aparecido mais cedo?
Houve uma abordagem mais cedo.

“Jorge Mendes tem visão, sabedoria e honestidade”

Chaínho jogou na Liga Espanhola com a camisola do Saragoça
Foi agenciado por Jorge Mendes. Como explica o sucesso e a capacidade dele para fazer grandes negócios, alguns dos quais envolvendo verbas superiores aos que seriam expectáveis?
O Jorge é um agente fora de série. Temos uma ligação de amizade. Ele trabalha para o êxito e tem visão, sabedoria e honestidade.

Chegou a ser empresário de jogadores, vendeu material desportivo da Nike e nos últimos anos tem sido comentador desportivo. Como correram essas experiências?
Adorei essas fases. Foi gratificante ter feito um pouco de tudo. Felizmente fui habituado a trabalhar sem receio de nada.

Como vê o estado atual do futebol angolano? Que jogadores mais aprecia e o que falta a Angola para aparecer mais vezes em fases finais?
O futebol angolano tem muito potencial. Há talento, mas neste momento estou um pouco fora do porquê de não irem mais longe.  Espero ver no futuro próximo a seleção angolana nos grandes palcos. Há que criar infraestruturas, criar uma base que será o farol de todos, criar um modelo e formar treinadores e dirigentes. O jogador Angola é de um potencial tremendo.


Entrevista realizada por Romilson Teixeira


















2 comentários:

  1. estava longe do nome e sabia a historia mais ou menos .

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