sexta-feira, 3 de julho de 2020

Os 10 jogadores com mais jogos pelo Casa Pia na I Divisão

A equipa do Casa Pia que jogou na I Divisão em 1938-39
Fundado a 3 de julho de 1920, o Casa Pia Atlético Clube é a Associação Pós-Escolar da Casa Pia de Lisboa, uma associação de utilidade pública e membro-honorário da Ordem de Benemerência que agrega todos os indivíduos imbuídos do espírito casapiano, designadamente antigos e atuais alunos da Casa Pia de Lisboa.

Ainda assim, a primeira equipa de futebol da Casa Pia de Lisboa remonta ao final do século XIX, pelo que o clube se autointitula fundador do desporto em Portugal. "Os antigos alunos da Casa Pia de Lisboa tinham uma equipa de futebol, que era a Associação do Bem, e que estiveram na origem da implementação do futebol em Portugal, no final do século XIX. Os casapianos estiveram na fundação do Benfica [nomeadamente Cosme Damião] e um dos primeiros presidentes do Sporting [Daniel Queiroz dos Santos] era casapiano. Primeiro fundaram e estiveram entretidos noutros clubes e só depois é que fundaram o Casa Pia Atlético Clube", recordou o presidente Victor Seabra Franco ao DN.


Entre os fundadores do clube, estava o multifacetado Cândido de Oliveira, que foi jogador, treinador, dirigente, árbitro e jornalista, tendo fundado A Bola. Considerada uma das figuras mais importantes do futebol português, capitaneou a seleção nacional no primeiro jogo internacional da sua história, frente a Espanha, a 18 de dezembro de 1921. "A primeira seleção nacional equipou de preto por causa do Casa Pia e tinha vários jogadores do Casa Pia", frisa o presidente do emblema de Pina Manique. Além de Cândido de Oliveira, estavam no onze José Gralha, que ainda hoje é o mais novo de sempre a atuar com as quinas ao peito (16 anos, nove meses e cinco dias); Ribeiro dos Reis, outro fundador de A Bola; António Pinho e Augusto Lopes.

Desportivamente os gansos viveram o seu período de maior fulgor nas décadas de 1920 e 1930, quando competiram no extinto Campeonato de Portugal e participaram uma vez na I Divisão, em 1938-39. Em 14 jornadas, somou dois pontos, fruto de uma vitória sobre o Barreirense (2-1), e não foi além de oitavo e último lugar.

Desde então que o Casa Pia tem estado afastado da ribalta, mas depois de largos anos nos campeonatos nacionais não profissionais e até nas competições distritais, os casapianos têm sido um dos principais clubes do Campeonato de Portugal, conseguindo vencer o título nacional desse escalão e subir à II Liga em 2019, mas regressando ao terceiro escalão um ano depois.

Voltando muito atrás no tempo, 16 futebolistas jogaram pelo Casa Pia na I Divisão em 1938-39, única época passada entre a elite do futebol português. Vale por isso a pena recordar os dez que o fizeram por mais vezes.


10. Duartino (11 jogos)

Médio natural de Almada foi estudar para o Colégio do Casa Pia depois de uma tuberculose lhe levar o pai e representou o clube entre 1935 e 1940. Paralelamente, trabalhou nos Telefones de Lisboa e Porto (TLP).
Em 1938-39 fez parte da equipa que ficou classificada em quarto lugar no Campeonato de Lisboa e que garantiu o acesso à I Divisão nessa época. E aí Duartino Luz teve a oportunidade de disputar 11 jogos no primeiro escalão, incluindo na única vitória nesse campeonato, sobre o Barreirense.
“Eu nunca ganhei nem meio tostão. Naquela altura, não era o dinheiro que nos movia, mas a vontade de praticar uma atividade física, com o gozo da competição, mas de um modo salutar”, recordou ao Correio da Manhã em agosto de 2004. “Havia menos faltas porque todos se respeitavam. Agora, fazem-se entradas por trás, propositadamente para magoar... como se o jogo fosse uma guerra sem regras e o adversário fosse um inimigo a abater. É demais”, acrescentou.


8. Fernando de Sousa (12 jogos)

Guarda-redes proveniente do Belenenses, pelo qual já se tinha estreado na I Divisão, reforçou o Casa Pia precisamente em 1938-39. Ajudou o clube a garantir uma inédita participação no patamar maior do futebol português, disputou 12 jogos e sofreu 42 golos no campeonato.
Na época seguinte continuou a representar os gansos.


8. Sérgio (12 jogos)

Avançado que representou o Casa Pia entre 1935 e 1940, foi decisivo para a obtenção do quarto lugar no Campeonato de Lisboa de 1938-39 que valeu a qualificação para a I Divisão, ao apontar sete golos em dez jogos. No primeiro escalão do futebol português esteve mais apagado, uma vez que atuou em 12 partidas e não marcou qualquer golo.


5. Frazão (13 jogos)

Defesa que surgiu na equipa principal em 1936, contribuiu para a qualificação do Casa Pia para a I Divisão e participou em 13 encontros no campeonato nacional, tendo marcado três golos, apontados a Barreirense (de grande penalidade), Belenenses e FC Porto (também de penálti). Curiosamente, no jogo que falhou os gansos alcançaram a sua única vitória na prova, diante do Barreirense, à 10.ª jornada.
Haveria de continuar mais uma época no clube, rumando depois ao Sporting, clube pelo qual se sagrou duas vezes campeão nacional (1940-41 e 1946-47) na altura dos cinco violinos.


5. Correia (13 jogos)

Médio que representou o clube entre 1934 e 1940, ajudou o Casa Pia a alcançar a inédita qualificação para a I Divisão em 1938-39 e depois disputou 13 jogos no campeonato, tendo apenas falhado o compromisso da 2.ª jornada, em que os gansos saíram goleados no terreno do Belenenses (1-7).


5. Costa Santos (13 jogos)

Avançado que esteve ligado ao clube entre 1935 e 1940, contribuiu para o quarto lugar do Casa Pia no Campeonato de Lisboa e consequente apuramento para o campeonato nacional da I Divisão.
No patamar maior do futebol português disputou 13 jogos – apenas falhou a deslocação ao terreno do Barreirense, na 3.ª jornada - e marcou um golo, na derrota caseira às mãos do Belenenses (2-3).


1. Marques (14 jogos)

Avançado natural de Ferreira do Zêzere, jogou no Casa Pia durante grande parte da década de 1930 e fez parte da equipa que se qualificou para a I Divisão e participou no primeiro escalão em 1938-39.
Nessa campanha, José Marques disputou os 14 jogos da competição e apontou um golo, logo na jornada inaugural, na derrota caseira ante o Académico do Porto.


1. Zeferino (14 jogos)

Médio que representou o clube no final da década de 1930, foi um dos esteios da equipa que obteve o quarto lugar no Campeonato de Lisboa e consequente qualificação para a I Divisão em 1938-39. Zeferino Encarnação também esteve nos 14 jogos da prova, cumprindo os 1260 minutos da competição – até porque na altura não havia substituições.
Na época seguinte continuou no clube, mas depois rumou ao Sporting, tendo vencido um campeonato e uma Taça de Portugal de leão ao peito.


1. Pité (14 jogos)

Defesa que teve duas passagens pelo Casa Pia, primeiro entre 1928 e 1931 e depois entre 1936 e 1941. Pelo meio vestiu a camisola do Vitória de Setúbal, clube pelo qual se estreou na I Divisão.
Em 1938-39 participou na obtenção do quarto lugar no Campeonato de Lisboa e consequente apuramento para o primeiro escalão do futebol português, no qual marcou presença nas 14 jornadas dessa época. Não apontou qualquer golo, mas marcou uma vez na própria baliza, na derrota caseira com o Belenenses (2-3).


1. Ramos Dias (14 jogos)

O melhor marcador do Casa Pia na I Divisão, com seis golos. Ligado ao clube entre 1935 e 1940, foi decisivo para o apuramento dos gansos para a edição de 1938-39 do campeonato português e depois atuou em 14 jogos e marcou seis golos na prova. Além de ter bisado na vitória sobre o Barreirense, marcou um golo ao Belenenses, dois ao Sporting e outro ao Benfica.



















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