Tinga marcou o golo que deu vantagem ao Sporting em Alvalade |
A minha primeira (e
última até à data da redação deste trabalho...) memória de um
jogo entre o Sporting e uma equipa austríaco remonta a setembro de
2004, quando os leões procuravam entrar na primeira edição da fase
de grupos da então denominada Taça UEFA.
O adversário da ocasião
era o Rapid Viena e, na altura, lembro-me de ter estranhado o
histórico pouco favorável aos verde e brancos em confrontos com
emblemas da Áustria, um país que futebolisticamente não me parecia
ter grande expressão. Mas era verdade: o Sporting tinha perdido em
quatro das cinco deslocações a solo austríaco, em 1968 com o Rapid
Viena na Taça Intertoto (0-3), em 1987-88 com o FC Swarovski Tirol
na Taça das Taças (2-4), em 1993-94 com o Casino Salzburgo na Taça UEFA (0-4) e em 1995-96 com o Rapid Viena na Taça das Taças (0-4).
Salvou-se um empate no terreno do LASK Linz na Taça das Cidades com
Feiras em 1969-70 (2-2).
Se o histórico era pouco
otimista, a derrota em Setúbal para o campeonato quatro dias antes
ainda contribuiu mais para esse pessimismo. E a paupérrima primeira
parte da primeira-mão ainda mais, perante um Rapid orientado pelo
antigo selecionador austríaco Josef Hickersberger e que tinha como
principais figuras o guarda-redes Jürgen Macho (ex-Chelsea), o
defesa Martin Hiden (ex-Leeds), o médio ofensivo Andreas Ivanschitz
(futuro jogador de Panathinaikos, Mainz e Levante) e o lateral György
Garics (futuro jogador de Nápoles, Atalanta e Bolonha).
Ao intervalo, o treinador
José
Peseiro promoveu uma dupla substituição, trocando Pedro Barbosa
e Mauricio Pinilla por Danny e Douala.
O Sporting melhorou ligeiramente e chegou ao golo à passagem da hora
de jogo, por Tinga, que aproveitou uma bola perdida na pequena área
austríaca para rematar para o fundo das redes. Logo a seguir,
Anderson Polga viu o segundo cartão amarelo e o treinador leonino
viu-se obrigado a retirar de campo o... recém-entrado Danny.
Mesmo a jogar com dez, a
formação portuguesa teve capacidade para chegar ao segundo golo,
por intermédio de Liedson (85'), que cabeceou certeiro na sequência
de um grande trabalho na esquerda por parte do camaronês
Douala, sentenciando uma vitória por duas bolas a zero em
Alvalade.
“O Sporting ganhou, mas
continua sem convencer. E os 2-0 ante o Rapid estão longe de ser o
garante da passagem à segunda eliminatória da Taça UEFA. Aliás, é
bom que os leões não se esqueçam, em Viena, do que aconteceu
frente ao mesmo clube em 2 de Novembro de 95. Em Alvalade, o desfecho
foi igual ao de ontem, mas, no Prater, o Rapid chegou ao mesmo
resultado e depois, no prolongamento, dobrou-o. Os vienenses, então,
eram mais fortes, mas os leões não ficavam nada atrás dos que
dispõe Peseiro
– antes pelo contrário”, escreveu
o Record no início da crónica do jogo.
Na segunda-mão, no frio
de Viena, José
Peseiro apostou na consistência defensiva e arrancou um empate a
zero. Nem a expulsão de Hugo, aos 86 minutos, fez tremer o leão,
que prosseguiu a sua campanha até à final da Taça UEFA, disputada
no Estádio José Alvalade, e que culminou numa derrota às mãos do
CSKA Moscovo (1-3).
“Se o futebol é um
jogo com forma e conteúdo; que leva em conta resultado e estética;
que tem princípio e fim, ninguém pode levar a mal ao Sporting
de José Peseiro a opção pragmática de chegar a Viena e dar
prioridade a muitos factores que, normalmente, não fazem parte do
guião distribuído pelos seus jogadores. A acrescentar ao passado
recente cheio de desilusões (duas derrotas na SuperLiga), dúvidas
(serão capazes de dar a volta?) e incompreensões (melhoria em Vilado Conde, não totalmente reconhecida), o Sporting chegava a Viena
suportando o peso de uma das tradições mais complicadas da história
recente: as derrotas impensáveis com o Casino Salzburgo e com este
mesmo Rapid”, podia ler-se na crónica
do Record.
“Não há contestação
quanto ao apuramento do Sporting. Este surge como lógico na
sequência da óbvia diferença de categoria das duas equipas. E foi
consciente disso que a equipa de Peseiro
entrou no Gerhard Hanappi: serena, segura, tranquila; disposta a
dominar o jogo, a ter a posse bola e a jogar longe da sua área. Como
o técnico dos leões queria”, escreveu o Maisfutebol.
lembro me desses jogos !
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