quinta-feira, 3 de outubro de 2019

A minha primeira memória de... um jogo entre Sporting e equipas austríacas

Tinga marcou o golo que deu vantagem ao Sporting em Alvalade
A minha primeira (e última até à data da redação deste trabalho...) memória de um jogo entre o Sporting e uma equipa austríaco remonta a setembro de 2004, quando os leões procuravam entrar na primeira edição da fase de grupos da então denominada Taça UEFA.


O adversário da ocasião era o Rapid Viena e, na altura, lembro-me de ter estranhado o histórico pouco favorável aos verde e brancos em confrontos com emblemas da Áustria, um país que futebolisticamente não me parecia ter grande expressão. Mas era verdade: o Sporting tinha perdido em quatro das cinco deslocações a solo austríaco, em 1968 com o Rapid Viena na Taça Intertoto (0-3), em 1987-88 com o FC Swarovski Tirol na Taça das Taças (2-4), em 1993-94 com o Casino Salzburgo na Taça UEFA (0-4) e em 1995-96 com o Rapid Viena na Taça das Taças (0-4). Salvou-se um empate no terreno do LASK Linz na Taça das Cidades com Feiras em 1969-70 (2-2).

Se o histórico era pouco otimista, a derrota em Setúbal para o campeonato quatro dias antes ainda contribuiu mais para esse pessimismo. E a paupérrima primeira parte da primeira-mão ainda mais, perante um Rapid orientado pelo antigo selecionador austríaco Josef Hickersberger e que tinha como principais figuras o guarda-redes Jürgen Macho (ex-Chelsea), o defesa Martin Hiden (ex-Leeds), o médio ofensivo Andreas Ivanschitz (futuro jogador de Panathinaikos, Mainz e Levante) e o lateral György Garics (futuro jogador de Nápoles, Atalanta e Bolonha).

Ao intervalo, o treinador José Peseiro promoveu uma dupla substituição, trocando Pedro Barbosa e Mauricio Pinilla por Danny e Douala. O Sporting melhorou ligeiramente e chegou ao golo à passagem da hora de jogo, por Tinga, que aproveitou uma bola perdida na pequena área austríaca para rematar para o fundo das redes. Logo a seguir, Anderson Polga viu o segundo cartão amarelo e o treinador leonino viu-se obrigado a retirar de campo o... recém-entrado Danny.

Mesmo a jogar com dez, a formação portuguesa teve capacidade para chegar ao segundo golo, por intermédio de Liedson (85'), que cabeceou certeiro na sequência de um grande trabalho na esquerda por parte do camaronês Douala, sentenciando uma vitória por duas bolas a zero em Alvalade.

“O Sporting ganhou, mas continua sem convencer. E os 2-0 ante o Rapid estão longe de ser o garante da passagem à segunda eliminatória da Taça UEFA. Aliás, é bom que os leões não se esqueçam, em Viena, do que aconteceu frente ao mesmo clube em 2 de Novembro de 95. Em Alvalade, o desfecho foi igual ao de ontem, mas, no Prater, o Rapid chegou ao mesmo resultado e depois, no prolongamento, dobrou-o. Os vienenses, então, eram mais fortes, mas os leões não ficavam nada atrás dos que dispõe Peseiro – antes pelo contrário”, escreveu o Record no início da crónica do jogo.


Na segunda-mão, no frio de Viena, José Peseiro apostou na consistência defensiva e arrancou um empate a zero. Nem a expulsão de Hugo, aos 86 minutos, fez tremer o leão, que prosseguiu a sua campanha até à final da Taça UEFA, disputada no Estádio José Alvalade, e que culminou numa derrota às mãos do CSKA Moscovo (1-3).

“Se o futebol é um jogo com forma e conteúdo; que leva em conta resultado e estética; que tem princípio e fim, ninguém pode levar a mal ao Sporting de José Peseiro a opção pragmática de chegar a Viena e dar prioridade a muitos factores que, normalmente, não fazem parte do guião distribuído pelos seus jogadores. A acrescentar ao passado recente cheio de desilusões (duas derrotas na SuperLiga), dúvidas (serão capazes de dar a volta?) e incompreensões (melhoria em Vilado Conde, não totalmente reconhecida), o Sporting chegava a Viena suportando o peso de uma das tradições mais complicadas da história recente: as derrotas impensáveis com o Casino Salzburgo e com este mesmo Rapid”, podia ler-se na crónica do Record.

“Não há contestação quanto ao apuramento do Sporting. Este surge como lógico na sequência da óbvia diferença de categoria das duas equipas. E foi consciente disso que a equipa de Peseiro entrou no Gerhard Hanappi: serena, segura, tranquila; disposta a dominar o jogo, a ter a posse bola e a jogar longe da sua área. Como o técnico dos leões queria”, escreveu o Maisfutebol.
































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