quarta-feira, 2 de outubro de 2019

A minha primeira memória de... um jogo entre Benfica e equipas russas

Manuel Fernandes protege a bola de Gusev no jogo de Krasnodar
A minha primeira memória de um jogo entre o Benfica e uma equipa russa remonta a fevereiro de 2005, quando os encarnados defrontaram o CSKA Moscovo nos 16 avos de final da Taça UEFA. Na altura, a formação do leste europeu tinha sido repescada na Liga dos Campeões por culpa do FC Porto, que integrava o mesmo grupo mas seguiu para os oitavos de final da Champions.


Não sendo um peixe graúdo no futebol europeu, o CSKA tinha mostrado na prova milionária que era um osso duro de roer. As águias, por sua vez, chegavam à fase eliminar da competição depois de afastar os eslovacos do Dukla na primeira ronda e de ter terminado a fase de grupos em segundo lugar, atrás dos alemães do Estugarda e à frente dos holandeses do Heerenveen, dos croatas do Dínamo Zagreb e dos belgas do Beveren.




O jogo da 1.ª mão foi disputado em Krasnodar, casa emprestada dos moscovitas, numa noite fria. Recordo-me perfeitamente de o CSKA ter vencido de forma meritória por 2-0, o que praticamente decidiu a eliminatória.

O defesa Vasili Berezutskiy inaugurou o marcador logo aos 11 minutos, desviando subtilmente ao segundo poste a bola cruzada pelo brasileiro Daniel Carvalho num livre apontado no lado direito. O segundo golo foi da autoria do avançado brasileiro Vagner Love, que recebeu um passe do bósnio Rahimic à entrada da área antes de atirar de pé esquerdo para o fundo das redes da baliza de Quim (60').

“Se havia mais equilíbrio onde é que ele esteve?”, titulou o Record na crónica do jogo, em alusão ao ganho de equilíbrio proclamado pelo treinador benfiquista Giovanni Trapattoni com a contratação de Nuno Assis em janeiro. “O Benfica perdeu em Krasnodar com o CSKA Moscovo e comprometeu seriamente as suas aspirações de continuar na Taça UEFA. Trapattoni enunciara na véspera dois objetivos para o jogo com os russos e nenhum deles foi cumprido. Não só a equipa portuguesa foi derrotada como não mostrou capacidade para marcar. Um fiasco”, podia ler-se no texto.



Se o resultado de primeira-mão dava pouca esperança e interesse ao jogo, algo comprovado pela fraca assistência na Luz, o golo do defesa Sergei Ignashevich aos 50 minutos sentenciou de uma vez por todas a eliminatória. De nada valeu o remate certeiro do norueguês Azar Karadas para o Benfica (64'), porque a equipa portuguesa estava obrigada a marcar mais três golos em cerca de meia hora. Missão impossível – pelo menos assim o foi naquela noite.

“O público deu por perdida a eliminatória e, simplesmente, não compareceu na Luz. A equipa do Benfica fez o mesmo. Com dois golos de desvantagem trazidos da Rússia, jogou apenas para cumprir calendário e defraudou quem ousou pensar que seria esta a primeira vez que viraria uma ronda europeia com tal diferença no marcador”, escreveu o Record no dia seguinte.


Depois dessa eliminatória, o CSKA prosseguiu a sua caminhada vitoriosa na Taça UEFA, que culminou com a conquista do troféu em Alvalade, diante do anfitrião Sporting. Já o Benfica concentrou-se nas competições domésticas, sagrando-se campeão nacional 11 anos depois e finalista vencido da Taça de Portugal.


















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