quinta-feira, 8 de agosto de 2019

À espera da estreia. O colega de Ronaldo, o açoriano que volta a casa e o chileno com raça

João Serrão (Vitória), Nené (Santa Clara) e Ramírez (Belenenses)
O campeonato português arranca nesta sexta-feira, depois de quase três meses de pausa. E todos os anos a história repete-se. O mercado de transferências entra em movimento e há jogadores que deixam os clubes rumo a outras paragens e abrem portas a caras novas na I Liga, das mais variadas proveniências. Entre os que são promovidos à equipa principal, os que são transferidos de clube de um patamar inferior para um do primeiro escalão e os que chegam ou regressam a Portugal, há muitas histórias para contar. Em vésperas de mais um arranque de campeonato, o DN conta a história de três jovens que nesta temporada vão poder cumprir o sonho de uma vida: estrearem-se na I Liga.


João Serrão. Dos treinos com CR7 em Turim para o Bonfim

João Serrão ainda não se estreou no futebol sénior, mas já pode gabar-se de ter treinado com Cristiano Ronaldo. O novo central do Vitória de Setúbal, de 19 anos, passou as últimas três temporadas na formação da Juventus, tendo sido chamado algumas vezes pelo treinador Massimiliano Allegri à equipa principal. "Cheguei a falar com o Cristiano Ronaldo quando fui treinar à equipa principal. É uma pessoa espetacular, fora de série. Tudo o que se fala dele a nível positivo é verdadeiro: é o primeiro a chegar, o último a sair, trabalha sempre mais do que os outros mesmo tendo já ganhado cinco Bolas de Ouro e tudo o que havia para ganhar. Apesar da idade, quer sempre evoluir mais. É um monstro, completamente", referiu o defesa ao DN.

João Serrão chega ao Vitória de Setúbal aos 19 anos
Filho e neto de futebolistas, e natural de Matosinhos, João entrou para o futebol através do principal clube da terra. Daí a Turim foi um tirinho. "Comecei a jogar no Leixões, logo em pequenino, até porque a minha família esteve sempre ligada ao futebol. Com 12 anos fui para o FC Porto e estive lá até aos 16. Entretanto quis experimentar outras coisas e mudar um bocadinho, falou-se na possibilidade de ir para o estrangeiro e apareceu a hipótese muito boa de ir para a Juventus. Nem pensei duas vezes e aceitei", contou o reforço sadino, cujo pai, José Serrão, é treinador de guarda-redes do Santa Clara. Ou seja, poderão reencontrar-se na visita dos açorianos ao Bonfim, à 9.ª jornada.

Antes disso poderá realizar-se "um sonho" de João Serrão, a estreia na I Liga. "Será muito bom. É um sonho que tenho, porque é um patamar completamente diferente do que estou habituado, porque só tenho jogado na formação. Acho que seria muito bom a nível individual, para também me mostrar e daqui a dois ou três anos ir para um sítio ainda melhor", frisou o jovem futebolista, que poderá ser opção para o treinador Sandro Mendes já na receção de segunda-feira ao Tondela (20.15), na jornada inaugural.

O central de 1,92 metros está à espera de encontrar um campeonato recheado de "jogadores jovens, em que a técnica muitas vezes sobressai", em contraste com o futebol em Itália, "mais tático". "Aqui dá-se mais oportunidade aos jovens. Tenho aprendido muito", confessa.

O defesa vitoriano apresenta-se como "um central com boa capacidade de passe, inteligente, bom no jogo aéreo, com bom posicionamento e entrega ao jogo até ao apito final".


Nené. Uma longa viagem de regresso aos Açores

A história de Nené, alcunha herdada do pai que também foi futebolista, "parece que é uma obra de Deus", segundo palavras do próprio. É açoriano e vai estrear-se na I Liga ao serviço do principal clube do arquipélago, o Santa Clara. Até aqui, nada de anormal. O curioso foram as voltas e as reviravoltas que a vida e a carreira de Rui Filipe da Cunha Correia, 24 anos, levaram para chegar a este ponto.

"Os meus pais separaram-se quando eu tinha 10 ou 11 anos e fui para Sintra viver com a minha mãe. Aí comecei a jogar pelo Sintrense e ganhei mais gosto pelo futebol. Depois a minha mãe voltou para os Açores e eu decidi ficar em Sintra, na casa dos meus tios, porque estava a gostar da experiência. Aos 13 anos voltei para Graciosa para jogar no Guadalupe e saí de lá com 16 para o Sp. Braga, para onde fui à experiência com o meu pai e acabei por ficar. Desde os meus 16 anos até este verão que estive sempre no continente", contou o médio ao DN, que regressa à região pela porta grande.
Médio açoriano Nené vai estrear-se na I Liga pelo Santa Clara

"Poder regressar aos Açores e logo para a I Liga é um orgulho. Quando soube do interesse do Santa Clara, não hesitei. É um clube dos Açores, estou mais perto da minha família e é muito bom para mim por ser açoriano. Sei que vou ser apoiado por causa disso. Acho que não vou errar na aposta nem o Santa Clara em mim", vaticinou o jogador de 24 anos, que nas duas últimas temporadas representou o Fafe, do Campeonato de Portugal.

Sem memórias das primeiras participações do Santa Clara na I Liga, não tem dúvidas em escolher a sua Graciosa como a "mais bonita" das ilhas dos Açores, em detrimento da do clube onde agora joga, São Miguel. "Ainda não deu para passear e conhecer São Miguel, mas sei que também é muito bonita. Cada ilha tem a sua beleza, todas são diferentes. Acredito que São Miguel é muito bonito, mas vou sempre dizer que a minha ilha é a melhor", disse o futebolista, muito bem-disposto.

Na I Liga, Nené espera "encontrar muitas dificuldades", mas acredita que saberá corresponder às exigências. "Espero encontrar adversários com muito mais qualidade e mais organizados, mas estou a preparar-me muito bem e o nosso treinador [João Henriques] é muito bom a preparar o adversário, por isso vamos estar em forma quando formos lá para dentro", frisou o centrocampista, que poderá estrear-se já neste sábado, na receção do Santa Clara ao Famalicão (16.30 de Lisboa).

Se Nené já sabe o que esperar da I Liga, o que é que a I Liga pode esperar de Nené? "Não vou dizer no que sou bom ou no que sou mau, mas podem esperar um Nené que vai dar sempre tudo dentro de campo para ganhar e tentar acrescentar qualidade. E quando não for possível, pelo menos vou tentar não comprometer. Espero também marcar alguns golos, porque gosto de aparecer na área, rematar de longe e fazer algumas assistências. Também jogo a 6, mas de preferência a 8, a defender e a atacar."


Simón Ramírez. Promessa de "raça chilena" na quarta época em Portugal

Simón Ramírez tinha 17 anos quando se estreou numa I Liga, mas na do país de origem, no Chile, em março de 2016. "Fiz a formação num clube da minha cidade, o Huachipato, de Talcahuano. Antes de chegar à equipa principal tive a oportunidade de jogar o Mundial sub-17 no Chile, em 2015, e depois o selecionador desse escalão [Miguel Ponce] foi para a minha equipa. Foi ele que permitiu a minha estreia na I Liga do Chile. Depois surgiu o interesse do Benfica e fui para Portugal em janeiro de 2017, quando tinha 18 anos", contou o lateral direito, que neste defeso assinou pelo Belenenses SAD naquela que será a sua quarta época no futebol português.

Simón Ramírez prestes a estrear-se na I Liga pelo Belenenses SAD 
O lateral direito de 20 anos já teve no fim de semana a oportunidade de jogar na Taça da Liga, mas poderá estrear-se na I Liga no jogo inaugural do campeonato, nesta sexta-feira, na visita dos azuis ao Portimonense (20.30). "Estrear-me na I Liga portuguesa é um passo muito importante na minha carreira. Sabia que ia chegar algum dia, mas não esperava que fosse tão rápido, porque cheguei ao Belenenses há menos de um mês e já tive a oportunidade de jogar. Estou muito feliz", confessou o defesa, que na época passada atuou na II Liga e na Liga Revelação. Tal como ele, também Edi Semedo e João Monteiro deixaram o Benfica rumo à formação que atua no Jamor.

"Espero encontrar um nível de jogo um pouco melhor, mais dificuldade em comparação às outras competições, muita qualidade e um ritmo que poderá levar-me a dar o melhor de mim e a evoluir daqui para a frente", confia Ramírez, que promete "entrega total dentro e fora do campo, apoiando os companheiros".

"Quero mostrar sempre a minha garra, a raça chilena que me caracteriza e um jogo muito vistoso, rápido, porque sou rápido. Sou um lateral ofensivo: gosto muito de atacar, de passar, de cruzar e de jogar bem com a bola", apresentou-se o chileno, que poderá aproveitar a saída de Diogo Viana para o Sp. Braga para agarrar um lugar na ala direita da equipa de Silas e ajudar o Belenenses SAD a conseguir repetir ou melhorar o nono lugar alcançado no campeonato do ano passado.



















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