Simão Sabrosa vigiado de perto pelos defesas holandeses |
Tenho uma vaga ideia de o Benfica
ter defrontado o Feyenoord num jogo de pré-época em Guimarães em agosto de 2001
e bem presente um Benfica-Ajax
em janeiro de 2003 num encontro particular, mas que servia para fazer regressar
as “grandes noites europeias” ao velhinho Estádio da Luz a poucos meses de o
reduto encarnado
ser demolido, numa altura em que as águias
levavam quase dois anos e meio sem participarem nas provas da UEFA.
No entanto, se nos cingirmos apenas
a encontros oficiais, a minha primeira memória de um jogo entre o Benfica
e uma equipa holandesa remonta a 21 de outubro de 2004, em partida da 1.ª
jornada da fase de grupos da Taça
UEFA. Na ocasião, o adversário foi o Heerenveen, em pleno novo Estádio da
Luz.
Nessa altura, eu tinha o
Heerenveen em muito boa conta, muito por culpa da inédita participação na Liga
dos Campeões em 2000-01, da presença cada vez mais regular nas competições
europeias e das competições honrosas na Liga
Holandesa, como o 2.º lugar em 1999-00 e a 4.ª posição em 2001-02 e
2003-04. Não menos importante, no plantel pontificavam jogadores internacionais
ou futuros internacionais como o guarda-redes belga Brian Vandenbussche, o
defesa central sueco Petter Hansson, o lateral esquerdo polaco Tomasz Rzasa, o
lateral direito finlandês Hannu Haarala, o médio finlandês Mika Väyrynen, o
médio defensivo polaco Arkadiusz Radomski, o médio defensivo norueguês Daniel
Hestad, o médio holandês Arnold Bruggink, os avançados holandeses Uğur Yıldırım,
Victor Sikora e Klaas-Jan Huntelaar, o avançado grego Georgios Samaras e o
avançado sueco Stefan Selaković.
Já o Benfica
de Giovanni Trapattoni, que continuava líder da I
Liga (com os mesmos pontos do Marítimo) apesar da derrota caseira frente ao
FC
Porto no fim de semana que antecedeu a receção aos holandeses, tinha no
capitão Simão Sabrosa a principal figura.
No entanto, o autor do golo
inaugural foi um herói inesperado, o lateral esquerdo francês Manuel dos
Santos, que fez um chapéu perfeito de pé esquerdo a Vandenbussche aos 13
minutos, naquele que foi o seu único golo de águia
ao peito. Aos 31’, um golaço de Nuno Gomes, servido por Zahovic, fez o 2-0 para
o Benfica.
Os encarnados
pareciam encaminhar-se para uma vitória folgada, mas viveram um pesadelo no
início do segundo tempo, com Yıldırım a reduzir através de um remate colocado
que não deu qualquer hipótese a Moreira (49’) e Huntelaar a empatar o encontro
através da conversão de uma grande penalidade (52’).
No entanto, as águias
resolveram o assunto já nos últimos 20 minutos. O avançado internacional
norueguês Karadas, após excelente combinação com Nuno Gomes, fez o 3-2 (73’). Já
o avançado português, isolado por Simão, fez o quarto golo benfiquista
– e o seu 100.º pelo clube – e sentenciou o resultado (77’). Infelizmente, não estão
disponíveis vídeos do jogo na Internet.
“O Benfica
somou ontem três pontos na primeira jornada da fase de grupos da nova Taça
UEFA, frente aos holandeses do Heerenveen, e deu um passo importante no
sentido do apuramento para 1/16 final. Mas, depois do jogo de ontem e se a
velha fórmula da Taça
UEFA fosse ainda a vigente, ninguém teria saído da Luz convencido do
apuramento. Afinal, bastariam dois golos aos holandeses, e eles até têm equipa
para bater um certo Benfica
que, em determinados períodos do jogo de ontem, se passeou pelo relvado. A
história do jogo resume-se praticamente aos golos, que pontuaram a descontinuidade
do futebol. Nuno Gomes marcou dois, um com classe, o outro em esforço; Karadas
deu a chicotada na equipa e no jogo, e Dos Santos decidiu autopresentear-se com
uma surpresa – de um cruzamento saiu-lhe um golo. Os holandeses, que vinham de
uma inesperada vitória obtida na Arena de Amesterdão, frente ao Ajax,
conseguida com uma reviravolta no marcador, ameaçaram uma repetição, depois do
empate consumado em apenas sete minutos. Mas as evidências apontaram noutro
sentido: o adormecimento do Benfica
à sombra da vantagem de dois golos ofereceu-lhes uma hipótese de ouro. Mas só
isso”, escreveu o Record
no dia seguinte.
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