quinta-feira, 31 de outubro de 2024

O escocês que orientou o pior FC Porto de sempre. Quem se lembra de Tommy Docherty?

Tommy Docherty orientou o FC Porto entre 1970 e 1971
Desde que nasci, em 1992, que o FC Porto nunca terminou uma época abaixo do terceiro lugar na I Divisão. Mas antes disso os dragões viveram o seu “Vietname”, um período negro de 19 anos sem qualquer título nacional, entre 1959 e 1978. O ponto mais baixo dessa seca foi a temporada 1969-70, marcada por um horrendo 9.º lugar, a pior classificação de sempre não só dos azuis e brancos, mas de qualquer um dos chamados três grandes.

Um dos treinadores que o FC Porto teve nessa época foi Tommy Docherty, um escocês que tinha feito uma carreira de jogador respeitável em clubes como Celtic, Preston North End, Arsenal e Chelsea e que havia marcado presença nos Mundiais de 1954 e 1958.
 
Como treinador começou por comandar o Chelsea, guiando os blues à subida ao primeiro escalão inglês em 1962-63 e à conquista da Taça da Liga em 1964-65, construindo uma equipa onde pontificavam nomes como Terry Venables, Bobby Tambling, Peter Bonetti e Barry Bridges e que ficou conhecida como os “Docherty's Diamonds”. O terceiro lugar alcançado na Division One em 1964-65 foi também a melhor classificação dos londrinos na liga desde que foram campeões em 1954-55.
 
Após deixar Stamford Bridge, tornou-se treinador Rotherham United, com a missão de levar o clube ao patamar maior do futebol inglês. Porém, acabou foi por descer ao terceiro escalão. “Prometi que tirava o Rotherham da Segunda Divisão e tirei: meti-o na Terceira. O velho presidente disse: ‘Doc, és um homem de palavra!’”, afirmou após a despromoção ter ficado consumada.
 
Notícia da contratação de Tommy Docherty pelo FC Porto
Depois de curtas passagens por Queens Park Rangers e Aston Villa, tornou-se treinador do FC Porto em fevereiro de 1970. E as coisas não poderiam ter corrido pior. Em dez jogos, venceu apenas um, empatou três e perdeu seis. Foi eliminado da Taça de Portugal pelo Tirsense, então na II Divisão Nacional, e deixou a equipa mais perto da zona de despromoção do que da zona de acesso às competições europeias.
 
Talvez não se tenha focado o suficiente no comando dos portistas, uma vez que ia com frequência aos estúdios da antiga Emissora Nacional, perto da Torre dos Clérigos, fazer comentários para a BBC.
 
Apesar dos pobres resultados, ficou mais um ano nas Antas e, ao lado de António Teixeira, guiou o FC Porto a um bem melhor 3.º lugar na I Divisão.
 
No regresso à Grã-Bretanha ajudou a Escócia a qualificar-se para o Mundial 1974, ficou na história por ter despromovido o Manchester United à Second Division em 1974, embora se tivesse redimido ao subir os red devils no ano seguinte e ganhar a Taça de Inglaterra em 1976-77. De Old Trafford foi despedido não devido aos meus resultados, mas por se ter tornado público uma relação extraconjugal com a mulher do fisioterapeuta do clube.
 
Apesar de ter terminado a carreira com uma percentagem de vitórias de cerca de 40 por cento, manteve-se sempre fiel ao seu estilo: não era muito dado a questões táticas, mas gostava de dar longas palestras, sempre bem-humoradas.
 
Terminou a carreira em 1987-88, nas divisões secundárias de Inglaterra, e viria a falecer no último dia de 2020, aos 92 anos. 



 
 
 
 

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