O rebelde esquerdista (em campo e na política) que marcou em duas finais de Mundiais. Quem se lembra de Paul Breitner?
Breitner venceu o Mundial 1974 pela Alemanha
Considerado um dos melhores laterais
de todos os tempos e um dos melhores jogadores do seu tempo, o alemão Paul
Breitner está na história do futebol sobretudo por ser um dos cinco jogadores
que marcaram em duas finais de Campeonatos do Mundo, a par de Pelé,
Vavá, Zinédine
Zidane e Kylian Mbappé. Também foi eleito para a melhor equipa de sempre
dos Mundiais e um dos 125 melhores futebolistas vivos aquando do 100.º
aniversário da FIFA, em 2004.
Além de talento, exibia uma farta
cabeleira e uma barba desordenada e descuidada. No entanto, tinha as ideias bem
arrumadas. Tanto assim foi que acabou a carreira aos 31 anos, em 1983, apenas
porque estava cansado do negócio em que o futebol se estava a tornar. Era também um revolucionário, um
ativista político e em matéria de assuntos sociais, numa altura em que a
Alemanha ainda estava dividida pelo Muro de Berlim. Fez parte dos protestos de
1968, caracterizados pelo crescimento da extrema-esquerda, sentimentos antiguerra
e reivindicação de direitos humanos e cívicos. Afirmava ser um socialista,
gostava de falar de doutrinas políticas e chegou a ser apelidado de maoísta,
até porque se deixou fotografar com O Livro Vermelho, de Mao Tsé-Tung,
durante um treino. Também no que concerne ao futebol
revelava ter uma boca demasiado grande. Após a conquista do título mundial de
1974, para o qual contribuiu com três golos, incluindo um na final diante dos Países
Baixos (2-1), chamou senil ao selecionador e burros aos companheiros de
equipa. Por isso, esteve afastado da mannschaft
entre 1975 e 1981, mas voltou a tempo de disputar o Mundial 1982 e de marcar o
golo de honra da Alemanha
na final desse torneio disputado em Espanha, frente a Itália
(1-3). “Apenas meti o dedo em feridas que de outra forma seriam varridas para
debaixo do tapete”, justificou.
Devido a esse hiato de seis anos,
apenas somou 48 internacionalizações pela seleção
da República Federal da Alemanha, pela qual também ganhou o Euro
1972. Mas compensou essa ausência com desempenhos fantásticos ao serviço do
Bayern
Munique e do Real
Madrid. Pelos bávaros
conquistou uma Taça
dos Campeões Europeus, cinco Bundesligas e duas Taças da Alemanha; e pelos merengues
venceu dois campeonatos espanhóis e uma Taça do Rei. Não fez carreira de treinador,
mas em 1998 foi nomeado selecionador da Alemanha
e… despedido 17 horas depois. Nem um dia durou no cargo. Acabou por se dedicar ao
comentário, trabalhando como comentador televisivo e colunista de jornais. No
final da década de 1990 soltou uma pérola quando falava das dificuldades que
Dedé e Evanílson estavam a encontrar para se afirmarem no Borussia
Dortmund: “Não se deve acreditar que são brasileiros porque vêm do Brasil.” Talvez tenha sido por este tipo
de confusão de conceitos que os dirigentes da Federação Alemã tivessem demorado
menos de 24 horas para se arrependerem da decisão de o nomear selecionador.
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