O velocista do Sporting de Peseiro. Quem se lembra de Douala?
Douala marcou dez golos em 65 jogos pelo Sporting
O par preferencial de Liedson na
época (2004-05) em que o Sporting
de José Peseiro esteve pertíssimo de conquistar o campeonato e a Taça
UEFA, Roudolphe
Douala ficou na memória dos adeptos leoninos e dos seguidores do futebol
português em geral pela velocidade que patenteava.
“Era mesmo muito rápido. Também
sabia jogar à bola, mas ao ver vídeos antigos digo: ‘fogo, era mesmo rápido!’
Os treinadores diziam-me: ‘corre Douala,
corre!’ Era mesmo o mais rápido”, recordou o antigo avançado camaronês ao Diário
de Notícias em dezembro de 2017. Nascido na cidade camaronesa de…
Douala, cresceu em Saint-Étienne, em França, e foi lá que começou a dar os
primeiros toques na bola e para onde voltou quando pendurou as botas. Formado no Saint-Étienne,
tinha 20 anos quando brilhou num torneio disputado na Suíça ao serviço da
equipa B do emblema
gaulês, no verão de 1998. Nas bancadas estava… Jaime
Pacheco. “Estava a disputar um torneio na Suíça pelas camadas jovens do Saint-Étienne
e o Boavista
também estava lá. Fui eleito o melhor jogador do torneio e contrataram-me. O Jaime
Pacheco gostou de mim”, contou.
Nas duas primeiras épocas no
Bessa totalizou 46 jogos e seis golos, tendo bisado na estreia e atuado na Liga
dos Campeões, mas nunca se afirmou como um titular indiscutível, o que
levou os axadrezados
a emprestarem-no ao Desportivo
das Aves em 2000-01, temporada em que o campeão nacional foi o… Boavista.
“Era muito novo e tinha peso a mais. Ainda não tinha a experiência necessária e
fui emprestado ao Desportivo
das Aves nesse ano. Gostava de ter sido campeão”, lamentou o antigo jogador
africano, impotente para impedir a despromoção dos avenses
à II
Liga: “Descemos, mas tínhamos um plantel espetacular.”
Seguiu-se um novo empréstimo, ao Gil
Vicente, tendo feito uma “boa época” em Barcelos às ordens de Luís
Campos e Vítor Oliveira, ainda no velhinho Estádio Adelino Ribeiro Novo, antes
de realizar as duas melhores temporadas da carreira ao serviço da União
de Leiria, também por empréstimo dos boavisteiros,
entre 2002 e 2004. Nesses dois anos somou 21 remates certeiros em 81 jogos,
disputou a final da Taça
de Portugal em 2002-03 e competiu na Taça
UEFA na época seguinte.
O salto para um emblema com maiores
ambições tornou-se inevitável. E foi o Sporting
que o recebeu no verão de 2004. A primeira época em Alvalade
foi de bom nível, tendo sido titular em grande parte dos encontros (27 dos 36
que disputou) e apontado oito golos e sete assistências. Na caminhada até à
final da Taça
UEFA, na qual surpreendentemente começou no banco, marcou e assistiu na vitória
no terreno dos ingleses do Middlesbrough
(3-2), nos oitavos de final, e faturou na receção ao AZ
Alkmaar (2-1), nas meias.
Valorizado, deixou impressionados
os responsáveis do Middlesbrough,
equipa então bastante cimentada na liga
inglesa. O Boro
acenou com oito milhões de euros ao Sporting,
mas o jogador quis ficar. “Recusei porque estava muito bem em Lisboa, já
casado. Se tivesse saído nessa altura, poderia ter voltado anos mais tarde,
como o Rochemback. Iriam pagar-me muito bem, mas não pensei em dinheiro. Só em
bola. Se pudesse voltar atrás, teria ido”, revelou, acreditando que a sua
carreira poderia ter tido um desfecho diferente, devido ao que vivenciou no
início da temporada seguinte. “Acabámos por ser eliminados na
pré-eliminatória da Liga
dos Campeões pela Udinese,
Camarões
não se apurou para o Mundial 2006, José
Peseiro saiu e o novo treinador [Paulo
Bento] pôs a jogar os jogadores dele. Se tivéssemos passado a Udinese,
teria ficado tudo na mesma. Peseiro
tinha o plantel que queria e ganhou os primeiros jogos, mas num mês tudo mudou
e começámos a perder constantemente e a entrar em crise. Quando há crise, os
jogadores só estão a 50 por cento e os adeptos queriam muito a saída do
treinador”, lembrou, puxando a cassete atrás.
Um ano depois, e apesar de ter
perdido protagonismo no plantel
leonino, voltou a estar perto do Middlesbrough,
mas Steve McClaren saiu do comando técnico da equipa e o negócio não aconteceu.
Acabou por rumar a Inglaterra,
mas para o Portsmouth,
clube pelo qual foi pouco feliz. Outra decisão da qual se arrepende: “Não devia
ter saído de Portugal.” A partir daí viveu a curva
descendente da carreira, tendo ainda representado Saint-Étienne,
os gregos do Asteras Tripolis, os ingleses do Plymouth Argyle e os belgas do
Lierse antes de pendurar as botas. Pela seleção
camaronesa somou 16 internacionalizações e um golo, tendo participado no
CAN 2006.
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