Mas o antigo extremo não foi
propriamente mais um brasileiro desconhecido que caiu no Bessa. Entrou no
futebol português pela porta do Benfica,
passou sem grande sucesso por Rio
Ave e FC
Porto e redimiu-se no Alverca
antes de vestir a camisola axadrezada. A aventura de Duda no futebol
português iniciou-se no verão de 1997, quando os encarnados
o recrutaram o modesto Corinthians Alagoano, então recém-coroado campeão
estadual da segunda divisão. “Eu fui campeão estadual e no final nem me
deixaram subir ao carro dos bombeiros, para dar a volta e celebrar com os
adeptos. Disseram-me que eu tinha de ir para o escritório do presidente porque
o Benfica
de Portugal me queria contratar e eu tinha de decidir algumas coisas. Marcaram
a minha viagem logo para segunda-feira. Quando cheguei ao Benfica
fiquei assustado com a pressão da massa adepta. Eu não tinha a noção do que
iria encontrar. Isso foi em 1997 e eu não estava psicologicamente preparado
para jogar num grande clube. Precisava de ter jogado mais anos no Brasil. Não é
fácil sair de um clube pequeno e chegar a uma instituição que te pressiona a
ganhar sempre. Eu tinha 22 ou 23 anos e estava ao lado do Paulo Nunes, do
Gamarra, do João Pinto, do Nuno Gomes, era uma grande equipa”, contou ao Maisfutebol
em outubro de 2020.
No entanto, Duda não chegou a
disputar um jogo oficial pelo Benfica,
apesar de ter estado no banco numa visita ao Desp.
Chaves em novembro de 1997, devido a problemas de adaptação e a uma lesão
grave no joelho. Entretanto transferiu-se para os
japoneses do Kashiwa Reysol e surgiu a possibilidade de voltar a Portugal pela
porta do FC
Porto, em janeiro de 1999, tendo treinado durante algumas semanas às ordens
de Fernando Santos – que o tentou adaptar a lateral direito – antes de ser
emprestado ao Rio
Ave.
Embora a aventura em Vila do
Conde não tivesse corrido espetacularmente bem, voltou às Antas e integrou o
plantel portista
na primeira metade da época 1999-00, tendo disputado três jogos (e marcado um
golo) entre outubro e novembro de 1999. Acabou por desvincular-se e comprometer-se
com o Boavista,
mas para que os azuis
e brancos não pudessem exigir alguns direitos aos axadrezados
passou antes pelo Alverca,
na segunda metade da temporada, e mostrou-se a bom nível: 15 jogos, cinco golos. No verão de 2000 reforçou então o
clube que o haveria de tornar conhecido no futebol português, o Boavista,
sagrando-se campeão nacional logo na época de estreia. “É o clube que está no
meu coração. Foi uma experiência espetacular. Fiz grandes amigos. O Silva,
o Whelliton, muitos compatriotas brasileiros. Tínhamos um grupo muito forte. O
treinador Jaime
Pacheco era muito duro, os nossos treinos tinham a intensidade de jogos.
Era como ele gostava, sempre tudo pesado. Eu adaptei-me bem a isso. Como nunca
fui forte, tive de apostar na minha velocidade. Eu não era como Silva,
a quem eu chamava Tronco. Os defesas batiam nele e o Silva
aguentava. Se batessem em mim, eu passaria uma semana com dores. Tive de
treinar muito, fiz também bastante musculação, e adaptei-me ao que o Jaime
Pacheco queria. Passei a jogar na direita e na esquerda, tínhamos um grupo
fantástico e chamámos a atenção da Europa”, recordou o brasileiro, que na época
do título marcou onze golos em 40 jogos em todas as competições.
Nas temporadas seguintes caiu de
produção. Porém, foi vice-campeão nacional em 2001-02 e semifinalista da Taça
UEFA na época seguinte, despedindo-se do Bessa em 2004 ao fim de 126 jogos e
15 golos.
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