sexta-feira, 15 de março de 2024

O campeão pelo Boavista que passou incógnito no Benfica e no FC Porto. Quem se lembra de Duda?

Duda representou o Boavista entre 2000 e 2004
Um dos heróis do inédito título do Boavista, conquistado em 2000-01. Com dez golos, Duda foi o segundo melhor marcador da equipa no campeonato, apenas atrás do pistoleiro Elpídio Silva, sendo que um desses remates certeiros deu a vitória caseira sobre o Benfica no jogo que marcou a estreia de José Mourinho como treinador principal.
 
Mas o antigo extremo não foi propriamente mais um brasileiro desconhecido que caiu no Bessa. Entrou no futebol português pela porta do Benfica, passou sem grande sucesso por Rio Ave e  FC Porto e redimiu-se no Alverca antes de vestir a camisola axadrezada.
 
A aventura de Duda no futebol português iniciou-se no verão de 1997, quando os encarnados o recrutaram o modesto Corinthians Alagoano, então recém-coroado campeão estadual da segunda divisão. “Eu fui campeão estadual e no final nem me deixaram subir ao carro dos bombeiros, para dar a volta e celebrar com os adeptos. Disseram-me que eu tinha de ir para o escritório do presidente porque o Benfica de Portugal me queria contratar e eu tinha de decidir algumas coisas. Marcaram a minha viagem logo para segunda-feira. Quando cheguei ao Benfica fiquei assustado com a pressão da massa adepta. Eu não tinha a noção do que iria encontrar. Isso foi em 1997 e eu não estava psicologicamente preparado para jogar num grande clube. Precisava de ter jogado mais anos no Brasil. Não é fácil sair de um clube pequeno e chegar a uma instituição que te pressiona a ganhar sempre. Eu tinha 22 ou 23 anos e estava ao lado do Paulo Nunes, do Gamarra, do João Pinto, do Nuno Gomes, era uma grande equipa”, contou ao Maisfutebol em outubro de 2020.
 
 
No entanto, Duda não chegou a disputar um jogo oficial pelo Benfica, apesar de ter estado no banco numa visita ao Desp. Chaves em novembro de 1997, devido a problemas de adaptação e a uma lesão grave no joelho.
 
Entretanto transferiu-se para os japoneses do Kashiwa Reysol e surgiu a possibilidade de voltar a Portugal pela porta do FC Porto, em janeiro de 1999, tendo treinado durante algumas semanas às ordens de Fernando Santos – que o tentou adaptar a lateral direito – antes de ser emprestado ao Rio Ave.
 
 
Embora a aventura em Vila do Conde não tivesse corrido espetacularmente bem, voltou às Antas e integrou o plantel portista na primeira metade da época 1999-00, tendo disputado três jogos (e marcado um golo) entre outubro e novembro de 1999. Acabou por desvincular-se e comprometer-se com o Boavista, mas para que os azuis e brancos não pudessem exigir alguns direitos aos axadrezados passou antes pelo Alverca, na segunda metade da temporada, e mostrou-se a bom nível: 15 jogos, cinco golos.
 
No verão de 2000 reforçou então o clube que o haveria de tornar conhecido no futebol português, o Boavista, sagrando-se campeão nacional logo na época de estreia. “É o clube que está no meu coração. Foi uma experiência espetacular. Fiz grandes amigos. O Silva, o Whelliton, muitos compatriotas brasileiros. Tínhamos um grupo muito forte. O treinador Jaime Pacheco era muito duro, os nossos treinos tinham a intensidade de jogos. Era como ele gostava, sempre tudo pesado. Eu adaptei-me bem a isso. Como nunca fui forte, tive de apostar na minha velocidade. Eu não era como Silva, a quem eu chamava Tronco. Os defesas batiam nele e o Silva aguentava. Se batessem em mim, eu passaria uma semana com dores. Tive de treinar muito, fiz também bastante musculação, e adaptei-me ao que o Jaime Pacheco queria. Passei a jogar na direita e na esquerda, tínhamos um grupo fantástico e chamámos a atenção da Europa”, recordou o brasileiro, que na época do título marcou onze golos em 40 jogos em todas as competições.
 
 
Nas temporadas seguintes caiu de produção. Porém, foi vice-campeão nacional em 2001-02 e semifinalista da Taça UEFA na época seguinte, despedindo-se do Bessa em 2004 ao fim de 126 jogos e 15 golos.







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