quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

O alinhamento cósmico que falta a um Sp. Braga com tiques de campeão

Sp. Braga conquistou a Taça da Liga no sábado
Foi nas épocas 2009-10 e 2010-11 que o Sp. Braga teve os seus momentos de maior notoriedade nacional e internacional, tendo sido vice-campeão e lutado pelo título até à última jornada na primeira e finalista da Liga Europa na segunda, com Domingos Paciência ao leme. Daí para cá, o melhor que os arsenalistas conseguiram no campeonato foi três terceiros lugares (2011-12, 2019-20 e 2022-23) e nas provas europeias mais duas presenças na fase de grupos da Liga dos Campeões (2012-13 e 2023-24) e duas caminhadas até aos quartos de final da Liga Europa (2015-16 e 2021-22).
 
No entanto, o projeto braguista está mais consolidado do que nunca, com academia, uma formação que tem dado muitos jogadores não só à equipa principal como às seleções nacionais e capacidade financeira e força negocial para reter os principais talentos, vender caro e comprar também mais caro. Este já não é o Sp. Braga que, a lutar pelo título, vendeu João Pereira ao Sporting no mercado de inverno por míseros três milhões de euros ou que era obrigado a reinventar meia equipa a cada verão. E este também não é o Sp. Braga que se reforçava a rapar o tacho, com um misto de sobras dos grandes e dos melhores do campeonato que os grandes não queriam – agora também recruta nos principais países futebolísticos, em clubes grandes, e que está cada vez mais perto de superar a fasquia dos dez milhões de euros num só jogador.
 
Quem imaginava, em 2010 e 2011, que o Sp. Braga contratasse por oito milhões, ao Barcelona, um dos mais promissores avançados espanhóis, agora já internacional A (Abel Ruiz)? Quem imaginava a reimportação, aos 28 anos, de um jogador internacional A como Bruma, que já protagonizou três transferências acima dos dez milhões de euros? Quem imaginava a retenção, durante tanto tempo, de talentos como Al Musrati e Ricardo Horta?
 
A força deste Sp. Braga tem-se feito sentir sobretudo nas taças, com cinco troféus nos últimos onze anos, quatro nos últimos oito e três nos últimos quatro. De 2020 para cá, ganhou mais do que o Benfica, que apenas arrecadou um campeonato e uma Supertaça, e somente venceu menos um troféu do que o Sporting, que neste período venceu um campeonato, duas Taças da Liga e uma Supertaça.
 
O que falta, então, para a conquista do tão ambicionado título nacional? É verdade que os minhotos não têm uma marca tão valiosa como os três grandes, o que se repercute em receitas como direitos televisivos, e que não têm uma folha salarial nem a mesma capacidade de investimento em contratações de jogadores que Benfica, Sporting ou FC Porto, mas, aqui e ali, vão mostrando indicadores dignos de um campeão.
 
Nestes últimos anos, o Sp. Braga conseguiu por duas vezes concluir o campeonato com uma média superior a dois golos por jogo (75 golos em 2022-23 e 74 em 2017-18), o que é bastante assinalável e melhor do que o Sporting campeão em 2020-21 (65), o FC Porto campeão em 2019-20 (74) e o Benfica campeão em 2016-17 (72). Defensivamente, os bracarenses também conseguiram recentemente baixar dos 30 golos sofridos em 2014-15 (28) e 2017-18 (29), o que foi melhor, por exemplo, do que o Benfica campeão em 2018-19 (31).
 
Pontualmente, o Sp. Braga já teve épocas de particular grande fulgor nos jogos com as equipas inferiores, tendo conquistado, por exemplo, 73 pontos em 84 possíveis diante desses adversários em 2022-23. E também teve temporadas em que obteve resultados bastante satisfatórios nos seis jogos diante dos grandes, tendo arrecadado 12 pontos em 18 possíveis em 2019-20. Mas ainda não houve uma época em que os arsenalistas conseguissem conciliar as duas valências. 73 mais 12 já dariam uns muito interessantes 85 pontos, com os quais o Sporting foi campeão em 2020-21 e o Benfica em 2014-15 e que superariam o FC Porto campeão em 2019-20 e o Benfica campeão em 2016-17 (ambos com 82).
 
Falta, por isso, ao Sp. Braga, uma espécie de alinhamento cósmico no qual possam coincidir as suas melhores versões a atacar, a defender, frente aos mais fracos, frente aos mais fortes e que, por outro lado, versões menos pujantes dos chamados três grandes. 



 




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